Para quem não tem que analisar os milhares de informações que foram registadas milisegundo a milisegundo nos sistemas de controlo em tempo real dos sistemas ibéricos de electricidade onde ocorreu o apagão de 28/Abril/2025 deixo aqui uma imagem que poderá ajudar a fazer alguma meditação, no sentido de esvaziar a mente de conjecturas inúteis, enquanto não é concluído o trabalho de análise dos acontecimentos que tiveram como consequência o referido apagão
Trata-se duma fotografia da praia de Alvor em 20Abr2025 com 3 dos 4 elementos clássicos, a Terra, a Água e o Ar, apenas faltando o Fogo que é dispensável para meditação. Foi uma Páscoa bastante nublada com aguaceiros esporádicos que parecem presentes em parte da paisagem. A linha do horizonte tão bem definida ajudará a acalmar o espírito.
Como alternativa ou mesmo complemento recomendo:
- um artigo do jornalista Miguel Prado intitulado "O apagão, a importação e o carvão: vamos trocar umas ideias sobre o assunto?" dirigida ao público em geral
- um texto mais para especialistas de ex-director do CECOEL Juan Temboury Molina intitulado "La necesaria inteligibilidad de un gran incidente" justificando a conveniência de esperar pelo relatório resultado da análise técnica do incidente
4 comentários:
Também sugeria a leitura de um artigo que apresenta algumas considerações a um nível mais comum da linguagem que foi publicado no Observador
https://observador.pt/especiais/como-um-choque-de-frequencia-em-espanha-apagou-a-producao-contaminou-a-rede-eletrica-e-deitou-tudo-abaixo-em-5-minutos-dez-perguntas/
Que o colega Mira Amaral me perdoe se isto ler, mas a tese da nuvem que escureceu a península ibérica (Negócios da Semana, SIC) é, em meu entender, parte da questão mas um bocado rebuscada, ainda que apropriada a este tempo de Páscoa em que, segundo o evangelista, "pelas 3 horas da tarde as trevas cobriram toda a terra"
Não obstante, é muito importante analisar como as renováveis afectam a inércia da rede
Temos agora a oportunidade de um case study surgindo de uma configuração nova da rede eléctrica onde as renováveis dominam
Outra constatação que verifiquei esta semana foi a ignorância generalizada (culpa nossa talvez) de que há mais do que um tipo de turbina e que o arranque depende desse tipo, aqui estando um argumento forte para as barragens que os pseudo-ecologistas contestam
Já agora, recordo o "apagão" num verão dos anos 70 em que o velho Carregado fez um verdadeiro black start em que os diesel de arranque pegaram à manivela
O anterior comentário é meu, esqueci acionar a conta Google, as minhas desculpas
1 - Gosto da foto, as cores e o ambiente que transmite são muito bonitos.
2 - Agora, sobre o resto, ie, o apagão, concordo com o JJ em que é preciso esperar pelo resultado das análises das REE e REN e, a nível mais completo e independente, da ENTSOE, para ter uma opinião sólida sobre o que se passou nas duas coisas que correram mal no setor elétrico de Portugal e Espanha, a saber, 1) o apagão em si e 2) a demorada reposição de serviço. É por isso que é preciso ter calma e saber guardar a altura necessária para tirar conclusões. Saber com certeza e pormenor o que passou e tirar conclusões e lições para o futuro vai de morar semanas, a quantidade de informação a 'digerir' é enorme. Ora esta postura é incompatível com os tempos mediáticos de hoje, em que tudo tem de aparecer na hora seguinte e onde uma semana é uma eternidade.
Ora o que se viu foi não só a impaciência proverbial da Comunicação Social mas também se viu uma série de líderes de opinião (ou pretendentes a) que pouco percebem da matéria, debitando apressadamente conclusões e 'remédios' ditados pelas suas áreas de interesse ou ideologias ambientais ou técnicas. Há para todos os gostos; ele é o retorno do carvão, ele é o fim da transição, ele é o passar ao extremo de só haver ERs, ele é uma independência energética total, ele é nada de trocas com Espanha etc, etc, etc. Até a beleza de um dia sem eletricidade foi cantada por jornalistas poetas, certamente saudosos de um Mundo mais simples e bucólico!
Uma boa parte disto integrado num ambiente eleiçoeiro malsão que muitos cultivam.
Com muito honrosas exceções, mente-se e inventa-se de mais na política nacional e a vergonha já acabou há muito tempo...
Vamos ter calma e aguardar o que a REN, a REE, a ENTSOE e outras entidades independentes terão a dizer depois do estudo detalhado que já está certamente em curso.
Até lá, 'chill out' e, sobretudo, tenha-se abertura para receber as conclusões sem manipulações de interesses políticos e outros e para aceitar e implementar as alterações e melhorias no sistema elétrico que essas conclusões indicarão.
Uma coisa é certa; gerir e garantir a segurança de um sistema elétrico com alta penetração de produção distribuída intermitente envolvendo n+1 empresas, é bem mais difícil que antigamente com apenas umas poucas dezenas de centrais clássicas pertencendo a uma mesma empresa ou a empresas muito próximas (no sentido de manterem grande capacidade de cooperação entre elas e entre as respetivas equipas).
Eu continuo a ter toda a confiança em que essas maiores dificuldades técnicas e de gestão serão superadas pelo Setor Elétrico.
Entretanto, muita praia e visões calmas do mar Algarvio ajudam a manter o 'mindset' necessário a estes tempos mais conturbados...
Uma das maiores falhas do apagão do dia 28 foi a informação, coordenada (?) pelo Governo, indispensável para transmitir aquilo que se sabia e tranquilizar a população. É o que acontece quando os políticos tomam conta dum assunto que não dominam, nem têm que dominar, e julgam que dominam.
A pouco e pouco, nos dias seguintes, fui reunindo alguma informação dispersa: uma entrevisa do Jorge Liça e algumas intervenções de especialistas, que me pemitiram ter uma ideia aproximada do que se tinha pssado.
A origem do incidente estava localizada na rede espanhola e ainda sem confirmação oficial, resultante duma instabilidade numa rede em que as renováveis, em especial a fotovoltaica tinham uma elevada percentagem na produção.
As proteções das nossas interlifgaçõe com a Espanha devem logo ter atuado, por termos passado duma elevada importação, para um apoio impossível à rede espanhola, deixando-nos em rede isolada, obrigdos a repor o serviço com os nossos meios. Parece ter havido aqui um problema, porque os grupos auxiliares do Cstalo de Bode nãoi conseguiram arrancar, para tornar possivel a entrada em funci onamento da central. Só esta, e a central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro estão equipadas para ter esta autonomia. Parece que o problema só foi resolvido com um gerador, transportado de fora.
Este deve ter sido a caua do atraso inicial da reposição do serviço, porque tudo resto se passou com a maior normalidade.
Este foi o relato simples, e sem grandes pormenores tácnicos, que me permitiu perceber, mais ou menos, o que se tinha passado.
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