2024-02-24

Recordando o livro “Portugal e o Futuro”


A propósito de um livro publicado recentemente sobre o impacto que teve em Portugal o livro do General António Spínola “Portugal e o Futuro” vi agora na net que foi publicado no dia 22/Fev/1974.

Na altura eu estava mobilizado em Bissau e o livro "O Portugal e o Futuro" estava à venda em todo esse nosso Estado Unitário Pluricontinental, com excepção das possessões ultramarinas, reduzindo-se assim a sua venda à então chamada Metrópole.

Deu-se a circunstância de eu ter vindo à Metrópole numas curtas férias, talvez de uns 10 dias em que por coincidência se deu o golpe das Caldas, parece-me que em 16/Mar/1974. Antes da viagem tinham-me encomendado o livro pelo que transportei 6 exemplares do referido livro, para militares então na Guiné.

As propostas do livro, uma espécie de Federação em que as “Províncias Ultramarinas” passariam a Estados dessa Federação, eram praticamente impossíveis de aceitar por movimentos independentistas que já estavam na fase da luta armada.

Na altura gostei de ler o livro mas aprecio o resumo feito por Raul Rego como citado pelo embaixador Seixas da Costa neste post muito equilibrado: "O que Vossa Excelência disse não é novo. O que é novo é isso ter sido dito por Vossa Excelência".

Quando cheguei a Bissau em Outubro/1973 já o Governador e Comando Chefe era o General Betencourt Rodrigues mas eram frequentes as referências ao seu antecessor nos cargos, o General António Spínola.

Revi agora alguns pormenores do que se passou na Guiné no blogue de Duran Clemente “O MIRANTE AL MIRANTE (2)” blogue que encontrei googlando (Fabião por uma Guiné melhor num Portugal renovado).

Verifiquei agora coincidência entre a minha memória duma correcção do “balde de água fria” que tive quando o graduado em Brigadeiro Carlos Fabião pronunciou a frase “por uma Guiné melhor num Portugal renovado”, ao chegar ao aeroporto de Bissau em 7/Mai/1974 para substituir o General Betencourt Rodrigues, uma frase considerada “Spinolista” e que foi corrigida na manhã do dia seguinte para “por uma Guiné melhor e um Portugal renovado” representando uma vitória do grupo de oficiais do MFA na Guiné sobre a posição do novo Portugal em relação a essa colónia africana.

Passadas talvez umas semanas foi-me atribuída uma missão importante mas de uma simplicidade infantil, que consistia em transportar mensagens entre o Governador da Guiné e o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde), no percurso entre o agora Palácio Presidencial (11°51'50.36"N, 15°35'5.61"W) por trás do monumento na foto

 e o Agrupamento de Transmissões distante uns 2km e mostrado na foto seguinte
 


onde se vêem, ao fundo contra as nuvens, as finas torres metálicas suportando os fios das antenas construídas para interceptar as redes de rádio militares do PAIGC e que passaram a servir também para transmitir e receber estas mensagens entre o Governador e o Comando do referido partido.


2024-02-22

Evolução Tecnológica


Fiz um melhoramento no meu PC fixo, notava há algum tempo dificuldade na resposta do GoogleMaps na situação de “StreetView” e excesso de tempo necessário, quer no arranque do computador, quer no arranque de várias aplicações.

A minha experiência profissioanl com equipamentos de outras eras, que agora se diz ironicamente movidos a vapor, fez-me desenvolver técnicas de aproveitamento do tempo de espera, tais como ler revistas e jornais em atraso, ir à janela, fazer um chá, etc, que me levam a prolongar o tempo de vida dos equipamentoa informáticos, na senda da sustentabilidade.

Por exemplo o meu PC actual que comprei em 2014 por 500€,
HP 110-250ep intel(R) Core(TM) i3-3240T CPU @ 2.90GHz com 4GB, um disco duro de 1 TB e um leitor gravador de DVDs

 


está a fazer 10 anos de idade e só agora melhorei o hardware, mudando o disco duro para um SSD (Solid State Drive) de 1 TB e dupliquei a memória de 4 para 8GB. O PC viera com Windows 8.1 e foi actualizado em tempos para o Windows 10, sendo actualizado automaticamente pela Microsoft.

Como durante muito tempo tive que trabalhar, primeiro com impressoras a 300 Baud (para não falar dos cartões perfurados),  depois com monitores monocromáticos semigráficos de 20 e tal linhas por 80 colunas, depois com monitores gráficos polícromos CGA depois VGA de proporção 4:3 e agora finalmente com um monitor polícromo de 16:10 (1680x1050px) de 22 polegadas de diagonal, onde por fim posso ver comodamente duas páginas A4 lado a lado, tenho antipatia por usar o telemóvel para navegar na internet e de uma forma geral para tarefas que posso realizar no PC.

Como tenho uma vida bastante sedentária uso o meu portátil com grande moderação e nunca senti necessidade de um tablet, precisamente pela pequenez do monitor.

Depois desta actualização o PC passou a ser mais rápido e continuará provavelmente operacional até que a Microsoft deixe de suportar o Windows 10.


2024-02-15

Terramotos

 

Recebi hoje num email este anúncio de uma conferência na Ordem dos Engenheiros sobre "Reforço sísmico de alvenarias com isolamento térmico acoplado"

 


uma espécie de "dois em um", uma vez que se vai tornar o edifício mais resistente aos sismos aproveita-se a oportunidade para também o tornar mais resistente às variações da temperatura.

A propósito da referência no anúncio "2024 IGUALDADE DE GÉNERO NA ENGENHARIA"  lembrei-me dum post de 2017 intitulado "Colocados por género no IST no ano lectivo 2017-18", a situação não se deve ter alterado muito desde então.

Entretanto, era de manhã e ainda não estava a 100%, reenquadrei a imagem para ficar apenas com o prédio

 


apercebi-me que o prédio, bastante danificado mas em pé, estava rodeado por um mar de entulho, significando que era o único ou dos poucos sobreviventes de um conjunto de prédios vizinhos. Ao isolá-lo já pensava em googlar a imagem, tendo facilmente chegado a outra imagem do mesmo prédio

 


que constava da " Missão Portuguesa de Reconhecimento de Danos dos Sismos na Turquia de 6 de Fevereiro de 2023".

Tinha memória de ter ocorrido um terramoto muito grave na Turquia (e Síria) há relativamente pouco tempo, foi há pouco mais de um ano e existe uma entrada na Wikipédia "Sismos da Turquia e Síria de 2023" sobre esse evento terrível, em que perderam a vida cerca de 60 000 pessoas, com 120 000 feridos, cabedo à Turquia 50 000 mortos e 107 000 feridos.

Em Portugal não temos tido recentemente catástrofes naturais desta dimensão, no último terramoto que afectou o Sul de Portugal em 28/Fev/1969, com magnitude de 7,8, houve uma morte causada directamente pelo terramoto e mais 11 mortes de forma indirecta,  o fenómeno acordou-me do meu sono profundo com a cama aos saltos e um ruído duma potência que eu nunca ouvira. No Algarve, em que o  sismo foi mais forte, algumas casas antigas sem estrutura de cimento armado ruíram, mas foram casos isolados.

Desde então considero que os prédios de Lisboa estavam bem construídos e que com o susto os que foram construídos a seguir deverão ter ficado ainda melhores.

 Por enquanto por cá só temos tido os terramotos políticos, provocados pelo Ministério Público, seguidos de algumas réplicas presidenciais.


2024-02-05

Casacos de Guerrilheiros Hutis

 

Fui surpreendido por esta foto de alegados guerrilheiros Hutis, que vi no Morning Briefing do jornal New York Times de 5/Fev/2024 

 


com a legenda: "Houthi tribesmen near Sana, Yemen. Khaled Abdullah/Reuters"

 Percebo pouco de armas, o cano metálico seguro por um dos Hutis talvez seja um lançador de mísseis terra-ar e os canos apontados ao céu talvez sejam metralhadoras anti-aéreas, estão a usar um veículo produzido pela Toyota, tudo isto me parece normal num território há tanto tempo em guerra mais ou menos civil mas o que me surpreendeu mesmo foi o uso de casacos de corte clássico neste tipo de actividades.

De uma forma geral este tipo de roupa prende um pouco os movimentos, sendo práticas apenas pelo grande número de bolsos que possuem. Há muitos anos estes casacos tinham apenas uma racha central mas depois passaram a ter duas rachas laterais como os casacos da imagem. Os banqueiros costumam preferir a antracite, estes casacos a certa altura erem chamados "de fantasia" ou "de fim-de-semana", com uns quadriculados que quebravam a monotonia.

Actualmente este tipo de actividades no Ocidente requerem uma farda, normalmente mais funcional ou algo mais parecido com um fato-de-treino.

Serão yuppies que mudaram de ramo e usam agora o "Friday Casual Wear" neste tipo de actividades?

Ou a versão árabe do Bernard Henri-Lévi?