2023-09-28

Quadro de N.C.Wyeth



Li no New York Times a história dum quadro a óleo comprado há 6 anos por 4 dólares numa loja de “velharias” e que foi vendido num leilão por 191 000 dólares!

Eu bem sei que o valor transaccional de um objecto não é intrínseco ao objecto mas exclusivamente determinado pelo encontro das vontades do vendedor e do comprador, vontades essas que dependem duma mistura de percepções e emoções subjectivas de parte a parte, mas este caso em que o mesmo objecto é transaccionado por 4 dolares e passados 6 anos por 191 000 dólares é um caso tão notável que mereceu referência na imprensa americana e internacional.

Fico a pensar como os valores de medições de grandezas físicas tais como comprimentos, velocidades, massas ou pesos, ou os valores de transações de compra e venda podem ter incertezas tão diferentes.

Em tempos referi que o entusiasmo de alguns economistas pelos mercados os levam a comparar o valor estimado por um especialista do peso duma vaca à venda num mercado com a média das estimativas de vários agentes desse mercado que nessa comparação são ungidos com a característica de “meros agentes de mercado não especialistas”. Dá-se o caso que uma balança devidamente aprovada por uma instituição credenciada fornece um valor para o peso da vaca melhor do que qualquer especialista ou conjunto de agentes do mercado, embora o  valor a que a vaca é transaccionada dependa exclusivamente do encontro de vontades de comprador e vendedor que, normalmente consideram entre muitos outros factores o valor do peso da vaca indicado pela  balança.

Este caso acaba por ser melhor explicado pela Bíblia, na parábola do filho pródigo. O quadro estava há anos em parte incerta como o filho pródigo que se ausentara da casa paterna. Quando finalmente o quadro foi encontrado o seu valor aumentou enormemente em relação a outros quadros do mesmo pintor que tinham estado em locais conhecidos.

Passando a mostrar um detalhe do quadro em questão

 



e a relatar o que encontrei no artigo da CBS News, fio da meada explicativa desta história.

Faço notar que se trata de uma de quatro ilustrações pintadas a óleo por Newell Convers Wyeth (1822-1945) para uma edição de 1939 dum romance famoso de Helen Hunt Jackson (1830-1885), intitulado Ramona, publicado pela primeira vez em 1884. Das quatro ilustrações da edição de 1939 apenas uma estava em sítio conhecido, depois desta descoberta falta ainda conhecer o paradeiro de outras duas.
A cena representa um momento de tensão entre Ramona, uma orfã de ascendência mista escocesa e nativa (“índia”), e a irmã da sua mãe adoptiva, a Señora Moreno, uma proprietária de terras mexicanas conquistadas ao México pelos EUA na sequência da guerra de invasão que os EUA levaram a cabo de 1846 a 1848.

Durante a migração sazonal dum grupo de trabalhadores nativos para a tosquia de ovelhas a Ramona apaixona-se por um elemento desse grupo e contra a oposição da senhora Moreno sai de casa para se casar com o nativo. Passa por muitas dificuldades, têm um filho, o nativo enlouquece e morre, ela regressa e passado algum tempo casa-se com o filho da senhora Moreno, entretanto falecida, têm mais dois filhos e ficam aparentemente felizes para sempre.

O romance teve tanto sucesso que alguns turistas que passaram a visitar sítios referidos no livro consideravam que as personagens livro tinham existido e habitado aqueles sítios.

Passo a mostrar a composição completa do quadro que me agrada

 


Entretanto o pintor N.C.Wyeth teve entre outros filhos o pintor Andrew Newell Wyeth (1917-2009) e avô de James Wyeth (1946- ).

O quadro mais famoso de Andrew Wyeth será talvez o “Christina’s World”  um quadro usando Têmpera, de 1948 no MOMA em Nova Iorque, representando a sua vizinha Cristina Olson, com doença degenerativa nas pernas,  numa rara saída da sua casa ao fundo no Maine.

 

Em tempos eu guardara uma obra da holandesa (neerlandesa) Ellen Kooi, uma fotógrafa e artista  que se inspirara no quadro de Andrew Wyeth para produzir esta imagem

 


 provavelmente com bastante bastante Photoshop no horizonte, para introduzir o que parecem fantasmas de linhas de transporte de energia em muito alta tensão, aerogeradores, torres de telecomunicações, etc, talvez mostrando que as alegadamente idílicas paisagens de casas isoladas no campo já não estão tão isoladas.

Agora achei curioso este reencontro inesperado.



2023-09-24

Imagem -1 x Função - 0

 

Fomos hoje dar uma volta no Parque das Nações, parei o carro no Rossio do Levante e fomos a pé à beira-rio até à foz do rio Trancão. Costumava fazer este caminho antes da Jornada Mundial da Juventude e constatei que o percurso tem agora muitos mais utilizadores e que adoptaram um caminho de terra batida em vez do anterior passadiço cuja manutenção devia ser bastante dispendiosa.

Fiquei impressionado com o número de bicicletas e com o excesso de velocidade com que circulavam muitas delas, considerando que estavam a partilhar uma via com os peões. Não são só os automóveis que andam por vezes com excesso de velocidade, o mesmo também acontece com as bicicletas e as trotinetas, fenómeno que não tem merecido ainda a atenção das autoridades do trânsito.

Em frente do "Skatepark Expo" (interrogo-me como se dirá isto em inglês, talvez "Expo Skatepark") com coordenadas 38.787415168249446, -9.092358641653366 encontra-se este caixote de cimento em que funcionaram sanitários, ricamente decorado com figuras que não apreciei

 


Mas o que verdadeiramente me chocou foi a indisponibilidade dos sanitários, que embora não fossem mantidos num grande nível tinham uma qualidade mínima que assegurava uma função necessária neste local durante muitos anos.

Há aqui um problema de prioridades, no meu caso daria prioridade à função do edifício em vez de à decoração.

 

2023-09-15

Palmeiras revisitadas

 

Há literalmente meia-dúzia de anos publiquei  num post esta imagem de palmeiras

 


do Hotel Alvor, em contra-luz, tirada em 2017-08-11 20:28 (ao fim da tarde) por um iPhone 4S.

No princípio de Agosto de manhã, em 2023-08-10 11:47, fotografei o mesmo conjunto de palmeiras usando um iPhone SE (2nd generation), em que mostro palmeiras e seu contexto

 

e depois um detalhe da mesma foto


Estas palmeiras são mantidas livres de palmas mortas, resultado duma jardinagem frequente que lhes dá um aspecto que aprecio.

 


2023-09-11

Transição de Agosto para Setembro


Quando vi as primeiras chuvas da transição habitual de Agosto para Setembro neste ano pensei que o clima afinal não estava tão diferente pois esta transição era um clássico, durante dois ou três dias caía uma chuvinha ou mesmo um aguaceiro de vez em quando, parecia que o Verão tinha acabado, mas logo a seguir aparecia o verdadeiro “Bom tempo”, uma atmosfera transparente pois a chuva arrastara para o chão as partículas em suspensão, fazia calor sem exageros na temperatura máxima do dia e as noites eram frescas.

Este ano, depois de 5 ondas de calor durante o Verão, a transição para Setembro com um tempo quase sempre nublado e períodos (curtos) de chuva já se arrasta há mais de uma semana em vez dos 2 ou 3 dias habituais.
 

Ontem em Portimão choveu na hora do almoço, como se constata na imagem seguinte

 



 e melhor ainda nos pingos água que caem da parte azul do toldo no detalhe da mesma foto

 


Entretanto achei curiosos os padrões repetitivos que a luz revelava ao atravessar o toldo
 

 


e da mesma foto com mais detalhe

 

As pessoas que tiveram que se ir embora do Algarve no passado fim-de-semana de 2 e 3/Setembro não perderam grande coisa, se bem que estes padrões geométricos no toldo sejam interessantes.

 

 

2023-09-07

Inumeracia - 4 (MCCL - DCXL = ?)


Noutro dia fui a um supermercado comprar comida já confeccionada, o que à falta de uma expressão consagrada em português se costuma chamar "Takeaway".

Disse então à empregada que queria um quilo e duzentos e cinquenta gramas de um determinado prato ao que ela respondeu:
- qual é a embalagem que quer levar?
ao que respondi:
- uma em que caiba a quantidade que pedi;
começando ela então a encher uma embalagem com a comida seleccionada tendo depois pesado a mesma e dizendo:
- tem 640g, quer mais ou esta chega?

ao que eu, constatando a inumeracia acentuada da empregada respondi:
- quero outra igual a essa.

A segunda embalagem pesava 772g, dando assim um total de 1412g, levei um pouco mais do que o "especificado".


Fiquei a pensar que se a funcionária tivesse vindo numa máquina do tempo do império romano teria tido dificuldade em avaliar a diferença entre MCCL gramas e DCXL gramas, a aritmética nesse tempo requeria um ábaco, agora, para muita gente, é preciso uma calculadora mas para esta funcionária nem com uma calculadora se safava.


Nota: Colocando a palavra "Inumeracia" na caixa de busca no canto superior esquerdo deste blogue aparecerão os posts (incluindo este) que contêm essa palavra, ou então usando o URL: https://imagenscomtexto.blogspot.com/search?q=inumeracia 


Melancolia

 

Num passeio solitário até ao fim do molhe da Praia da Rocha sentei-me encostado à torre do farol a ouvir e ver o mar-de-fora que chegava do Sul, sem vento forte a acompanhar.

Achei interessante esta composição com o mar tranquilo a nível macro, com uma esteira prateada do Sol sobre o mar no fim da tarde e com ondas contidas e frequentes que marulhavam nas pedras do fim do molhe, com um céu animado por nuvens e um barco à vela sobre o horizonte para humanizar o conjunto

Depois de fotografar surpreendeu-me que o telemóvel tivesse conseguido integrar tão bem a esteira de luz sem afectar o resto da fotografia e lembrei-me que recentemente pensara em usar o HDR (High Dynamic Range) no telemóvel sem conseguir descobrir como se acedia a essa técnica que referi neste post de 29/Maio/2020 sobre umas fotos tiradas uns dias antes.

Na sequência de busca sobre como voltar a usar o HDR constatei que no modelo iPhone SE que tenho desde Jan/2021 a opção "Smart HDR" é seleccionada por omissão, fazendo corresponder a fotografia melhor à nossa percepção, nomeadamente nas paisagens em que o céu contribui para grandes diferenças de luminosidade e mais ainda em esteiras de reflexos do Sol sobre o mar.

Diziam que usavam "Inteligência Artificial" para apurar se seria necessário usar a técnica de HDR e deixei a opção por omissão activa pois pareceu-me uma boa ideia facilitar o trabalho do fotógrafo amador como eu que não tem prática suficiente para usar de forma simples e eficaz as ferramentas disponíveis para ultrapassar as dificuldades colocadas por estes cenários com grandes diferenças de luminosidade.

Julgo aliás não ter fotografado algumas situações em que presumi, constato que erradamente,  que iriam ficar mal.

Mas voltando às imagens, o barco afinal não estava assim tão longe e passado poucos minutos já se podia ver com mais pormenor, tinha o nome de "Mar-me_quero", ainda não visível nesta foto

Entretanto deixei-me ficar mais algum tempo, contemplando o vai-e-vem da água do mar, moderadamente agitada por ondas contidas e frequentes



2023-09-02

Contrastes

 

Não vou aqui perorar sobre as idiosincrasias da moda mas apenas referir um contraste que me chamou a atenção numa piscina algarvia 

Trata-se do contraste entre o comprimento dos calções do banhista, que chegava a arregaçá-los antes de cada mergulho, e a exiguidade da peça de baixo do bikini da banhista.

Noutras ocasiões tenho observado situações inversas em que o homem está menos tapado do que a mulher, como quando os calções ficam acima do joelho e a mulher usa fato-de-banho, ou noutro exemplo fora de praia na imagem seguinte

 


que mostrei neste post de 2010 sobre uma visita a Xangai em que disse:

«Fiquei algo surpreendido com o "top" do homem mais jovem do grupo, com alças e um decote alargado, em forte contraste com o atabafamento da indumentária das mulheres, fazendo uma quase simetria com o que é mais habitual no Ocidente em que as mulheres usam frequentemente vestuário mais fresco do que os homens. »