2023-07-11

Arbusto na areia revisitado, mais um pouco de nostalgia

 

Voltei a fotografar este arbusto que já mostrei aqui, nesta foto de 15/Set/2015

 


porque reparei que tinham cortado os ramos mais baixos deste arbusto como se constata nesta foto de 1/Jul/2023 



Nesta foto, além do arbusto majestoso, aparecem duas das poucas vivendas que não foram demolidas para dar lugar a prédios de 4 a 10 andares, numa urbanização feita ao sabor das influências e do tráfico de favores no município de Portimão.

Na vivenda do lado esquerdo da foto, que teve um aumento de construção importante na segunda metade do século XX, vivia a família de Lopo Tavares e Dª Mercedes, esta última da família Feu em que uma parte estava envolvida na indústria das conservas de Portimão, cuja fábrica Feu Hermanos é actualmente um museu municipal interessante dessa indústria em Portimão. A casa foi herdada pelo filho Lopo Tavares (às vezes referido como Lopinho para distinguir do pai) no final do século XX e não me lembro de ver aquelas portadas das janelas alguma vez abertas até há pouco tempo (talvez menos de um ano) em que, com o falecimento  do "Lopinho" Tavares os herdeiros voltaram a abrir as portadas das janelas!

No topo direito da foto, à frente de prédios, aparece uma vivenda dos tempos da Art Déco de que falarei mais adiante neste post.

Dado o estado de triste degradação do jardim municipal sobre a arriba entre a vivenda do lado esquerdo e a fortaleza de Stª Catarina suponho que o corte dos ramos mais baixos se terá devido a intervenção de alguém da casa de Lopo Tavares.

As principais diferenças entre arbustos e árvores são a altura, com uma fronteira por volta dos 3 ou 4 metros, ficando os arbustos abaixo dessa fronteira e as árvores adultas acima, e a existência de vários caules a sair do solo nos arbustos e de um caule único no caso das árvores.

As opiniões dividem-se sobre a supressão dos ramos mais baixos, sobretudo no caso das árvores. Há quem diga que podar ramos vivos prejudica sempre a árvore, outros que referem que os ramos mais baixos acabam por morrer mais cedo, dado o menor acesso à energia solar por estarem na sombra dos ramos mais altos, pelo que podá-los apenas apressa o que iria acontecer em breve.

As vantagens na poda dos ramos mais baixos consistem num maior acesso à luz na vizinhança da árvore, em desimpedir vistas eventualmente interessantes, num aumento da área de sombra disponível para os seres humanos e num aumento da segurança dado que a árvore não se presta a ocultar pessoas mal intencionadas. Neste  caso talvez sirva para evitar a acumulação de lixo que poderia originar odores desagradáveis.

Mostro a seguir um enquadramento de uma parte da imagem anterior

 


 e outro contendo só o arbusto

 


Regresso entretanto à casa no topo direito da imagens anteriores, compondo volumes paralelipipédicos com cilindrícos, de paredes brancas e estores verde escuro, casa da Dª Alice Fernandes, mãe do Nuno Nazareth Fernandes, engenheiro mecânico que segundo a Wikipédia foi "compositor, letrista, cartoonista, fotógrafo, poeta e guionista português" e que se tornou figura pública ao compor a música de 3 canções vencedoras dos festivais  RTP da canção nos anos de 1967, 1969 e 1971. Na consulta da entrada da Wikipédia deste compositor descobri que o avô materno de Nuno Nazareth Fernandes, Joaquim Agostinho Fernandes foi um empresário de grande sucesso e coleccionador de Arte. Entretanto a casa foi vendida e dividida em vários apartamentos que são comercializados na net como parte da "Vila Mirante, Praia da Rocha".

Em 21/Ago/2017 fotografei algumas das vivendas ainda existentes na Praia da Rocha e na altura tirei esta foto da Vila Mirante:


Hoje apeteceu-me substituir os prédios atrás da moradia por céu azul monocromático R=71, G=104, B=173, ligeiramante mais claro do que uma amostra da foto original, devia ser assim que a vivenda aparecia quando foi construída.




4 comentários:

Anónimo disse...

Impecável reconstituição histórica.
Zé Pontes

João Brisson disse...

A vivenda da família Tavares, principalmente o jardim, tem ultimamente estado ser objeto de uma intervenção.
O jardim recebeu uma nova vedação junto à descida para a praia e a cancela para essa descida foi substituída por um pórtico com porta alta.

Quanto ao jardim público, da responsabilidade da EMARP, isto é, da câmara, à excepção de alguns desbastes de arbustos que impediam os caminhos, não tem qualquer manutenção.
No entanto, o estado não é tão deplorável como o de outros jardins da cidade, aparentemente votados ao abandono.
Isto para não falar de arruamentos da cidade e lugares do concelho onde as ervas, algumas de altura já considerável, tomaram conta do empedrado dos passeios.

Maria Teresa Assis Pontes disse...

Preciosas informações e fotografias
T.Pontes

J Ricardo disse...

Gostei deste post. 1 - Sobre a poda de árvores e arbustos há muito que penso que é um vício de muita gente e de muitas entidades; nunca compreendi porque é que se vê tantos meios aplicados na poda de árvores nas vilas e cidades, muitas vezes deixando essas árvores num estado deplorável. É aquilo a que chamo a lamentável ‘jardinagem da poda’….2 - Sobre a vivenda Art Déco achei interessante a ‘reconstituição’ da foto com o céu azul, retirando os prédios que agora lá se encontram atrás. De alguma maneira foi também uma ação de poda, mas esta virtuosa pois nos permite regressar ao passado e ver a casa mais próxima daquilo que o seu criador idealizou. Podemos retomar aquilo que tempo levou? Às vezes sim. De forma mais geral, Marcel Proust ensinou-nos que sim. Quem tiver a paciência de ler os 7 volumes de ‘À la Recherche du Temps Perdu’ vai compreender isso e muitas coisas mais… O conselho geral é ‘aproveitem sempre bem o vosso tempo’. 3 - Boas férias ao JJ e a todos os que seguem este seu interessante blogue.