A avenida Tomás Cabreira na Praia da Rocha, a única que existia nos anos 60 do século passado, tem-se transformado ao longo deste longo tempo, as vivendas transformaram-se quase todas em prédios de apartamentos, os edifícios de vários andares sofreram metamorfoses quase tão grandes como as das borboletas ou foram mesmo arrasados e substituídos como as vivendas.
O mobiliário urbano da avenida foi sendo alterado com bastante frequência, por exemplo houve uma altura em que os candeeiros de iluminação pública que deveriam durar duas ou três décadas eram substituídos cada dois ou três anos, achei quase natural que, em Portugal, o município de Portimão tivesse em 2019 a maior dívida por habitante.
Ao frenesi da substituição do mobiliário urbano não resistiram as árvores, julgo que choupos, que davam alguma sombra aos passeios da avenida Tomás Cabreira, que foram substituídas por uns rebentos “na mais tenra infância” de espinheitro-da-Virgínia (Gleditsia triacanthos), espécie tão bem sucedida noutras paragens de Portugal..
Como consequência, desde antes de 2012, mais de dez anos, que esta parte do passeio desta avenida deixou de ter sombras e as árvores que se vêem na imagem ao lado são já uma segunda tentativa de plantar árvores nesta secção porque as primeiras morreram todas.
É evidente que não foram estas árvores nem os constantes rearranjos do piso e do mobiliário urbano desta avenida que arrastaram a Câmara Municipal de Portimão para a posição destacada da dívida por habitante mais elevada de Portugal, mas será uma ponta do icebergue, da volatilidade excessiva das decisões camarárias e da falta de acompanhamento das consequências e de correcção das decisões tomadas.
Mas deixo este tema de dívidas excessivas de algumas autarquias para os governantes, especialistas na matéria e Procuradoria Geral da República, concentrando-me no que se pode ainda aproveitar do que existe.
Começo por outra foto tirada no mesmo local com um enquadramento ligeiramente diferente
foto de que vou aproveitar várias partes, como por exemplo as ervas “possivelmente daninhas”, que se dão tão bem no canteiro da árvore mais próxima
mostrando que nalguns casos decoram os canteiros como se tivessem sido plantadas por um jardineiro. Constato que o canteiro da segunda árvore apenas tem ervas com poucas flores, apoiando a conjectura que as flores do primeiro canteiro são espontâneas.
Mostro depois em pormenor a árvore do primeiro canteiro, estas folhas amarelas são as primeiras do ano, com um verde tão claro que as deixa amarelas. Com o passar dos dias chegarão ao verde
Olhando para o outro lado da rua, a mais afastada por alguns metros do mar mas também um pouco protegida pela parede da casa que fará abrandar o vento, vêem-se outras árvores da mesma espécie, ligeiramente menos raquíticas do que as do lado de cá mas que, ao fim de mais de 10 anos, tão pouco conseguem dar uma sombra decente
Achei que neste enquadramento o amarelo das árvores dava um contraste agradável, vendo-se ao fundo a Vila Lido, construída em 1944 e sendo das pouquíssimas sobreviventes da transformação urbanística da Praia da Rocha desde o último quartel do século XX.
Para finalizar um enquadramento ligeiramente diferente deste que acabo de mostrar
2 comentários:
Um "Portimonense" preocupado e muito bem! É pena que não tenhas o registo das árvores que foram substituídas, porque a razão terá sido: a) que estariam com doenças, fungos, etc., b) que as suas ra´zes já estivessem a causar danos nos passeios, Vidé A. da Igreja em Lisboa...
A.Rocha Lobo
A questão é como a câmara mais endividada do país continua a fazer obras que dão nas vistas, deixando ao abandono partes da cidade.
A última “beneficiação”, a custo desconhecido, foi substituir muitos dos candeeiros junto a passadeiras por candeeiros de postes zebrados, pouco estéticos (no mínimo), de LEDs (a parte boa) com uma luz branca a piscar à noite.
Quanto às árvores do blog, e mais uma vez, é a falta de manutenção. A rega automática foi instalada com as árvores mas nunca foi usada. As árvores no passeio junto à vila Lido têm beneficiado da água da rega do relvado da mesma vila, água essa que não chega ao outro lado da avenida. O resultado ficou claro no fim de julho passado quando uma dessas árvores, bastante raquitica com pouco mais de 1,5 m, caiu. Tenho fotos disto que, infelizmente, não posso fazer upload para este comentário.
Não final: a vila Lido é de 1949, ano muito feliz para o engenheiro que a construiu.
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