2019-02-27

O poder naval da China


Depois da chegada da marinha chinesa a Madagascar no início do século XV numa armada de dimensão nunca vista, comandada pelo almirante Zheng He, no regresso à China, em face dos quase nulos proveitos da expedição e à sua enorme despesa, o imperador decidiu desmantelar a  armada e concentrar-se exclusivamente no território chinês.

Aprendi isto, com mais algum pormenor, no interessantíssimo livro de Daniel J.Boorstin, publicado em inglês em 1983 com o título “The Discoverers” que a Gradiva traduziu ingenuamente como “Os Descobridores” na sua 1ª edição em português no ano de 1987, não imaginando as críticas que surgiriam em Portugal no ano 2018 às palavras “Descobertas” e “Descobrimentos”, a propósito da eventual criação dum museu em Portugal focado nesses temas.

Costuma existir alguma tensão entre concentrar esforços para melhorar directamente a sociedade em que nascemos ou ir buscar essas melhorias noutras paragens, ficando por lá nas emigrações definitivas ou regressando eventualmente com novas ideias e novas riquezas.

No caso da China, a opção por concentrar esforços no século XV na frente “interna” (uso aspas pois esta frente interna seria equivalente a toda a Europa) abandonando o comércio marítimo parece-me razoável, dada a grande dimensão da sociedade chinesa nessa época e correspondente auto suficiência.

Por volta de 1500 viveriam na China 100 milhões de pessoas enquanto a Europa (do Atlântico aos Urais) dessa época teria 90 milhões de habitantes.

A China fez o “outsourcing” dos contactos com o exterior por via marítima aos Portugueses entretanto estabelecidos em Macau mas perdeu as revoluções científica, industrial e militar que entretanto se desenrolaram na Europa culminando na vergonhosa guerra do ópio, em 1840, onde os narcotraficantes ingleses castigaram as autoridades chinesas pela destruição que tinham feito dos armazéns de ópio onde os ingleses guardavam esta mercadoria para venda aos viciados chineses.

Era o tempo da “política da canhoneira”em que o Reino Unido e outras potências ocidentais faziam prevalecer os seus interesses através do envio de navios armados com canhões para ameaçar e eventualmente bombardear o território do país ameaçado. Segundo Boorstin os portugueses, possuidores de barcos com armamento superior quando chegaram à Índia, trataram de afundar boa parte dos navios que aí se dedicavam ao comércio, dando assim origem no título de D.Manuel de “Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar  em  África”,  ao acrescento “Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia”.

Trata-se da “projecção do poderio militar por via marítima”, uma característica essencial das talassocracias como a inglesa e a americana. Tendo andado distraído sobre a evolução da marinha de guerra só recentemente me apercebi que aqueles navios com canhões enormes chamados Couraçados em português e Battleships em inglês passaram à História no decurso da 2ª Grande Guerra em que ainda foram usados mas em que os porta-aviões os foram substituindo como actores principais das operações. Mostro a seguir uma imagem do couraçado USS Iowa, demonstrando o seu poder de fogo na década de 1980, conforme diz no artigo da Wikipédia sobre Couraçado




Consultando a Wikipédia constata-se que são poucos os países que actualmente têm porta-aviões em serviço. São por ordem alfabética China, Espanha, Estados Unidos da América, França, Índia, Itália, Reino Unido e Rússia. Os E.U.A têm actualmente 11 porta-aviões tendo assim mais navios deste tipo do que todos os outros países juntos pois os restantes países da lista acima têm apenas 1 porta-aviões cada um, à excepção da Itália que tem 2. Além disso todos os porta-aviões dos E.U.A. usam um reactor nuclear como fonte de energia, o que lhes dá muito maior independência do que os dependentes de combustíveis fósseis. Dos 8 porta-aviões na posse de outros países que não os E.U.A. apenas o francês usa um reactor nuclear, todos os outros estão dependentes de petróleo.

Fazendo actualmente comércio por via marítima com todo o mundo parece assim natural que a China aspire a uma presença armada no mar. O Liaoning na foto em baixo é o primeiro porta-aviões chinês



O casco é dum porta-aviões russo comprado por um milionário chinês, alegadamente para fazer um casino, mas entretanto foi cedido ao estado chinês que o preparou para porta-aviões. Entretanto estão em construção mais 2 porta-aviões pela China, desta vez de raiz.

Neste artigo do New York Times de 29/Ago/2018 afirmam que a  marinha chinesa está pronta para desafiar a marinha dos E.U.A. no Oceano Pacífico. Ou pelo menos na vizinhança da costa chinesa.


2019-02-20

Karl Lagerfeld por Annie Leibowitz




Sempre achei misteriosa a aparição deste designer de moda devido à presença constante dos óculos escuros, além da figura que formalmente discreta acabava por chamar a atenção.




Agora que faleceu gostei de ver este retrato aqui à direita da sua figura clássica feito por Annie Leibowitz em Dez/2013.






Gostei ainda mais desta outra foto de Set/2018 também da Annie Leibowitz em que se constata que afinal não anda sempre de óculos escuros.

E acrescento que a confusão da secretária não é condição nem necessária nem suficiente para se ser bem sucedido na actividade profissional.





Ambas as imagens foram tiradas deste artigo da revista Vogue.

Isabel Stilwell avisa: Muito cuidado com os MBAs!


Isabel Stilwell descreve a dificuldade que tem em distinguir entre "Networking" e o crime que consta no Código Penal de "Tráfico de influência".

Aconselho a leitura na íntegra do artigo publicado no Jornal de Negócios, deixando aqui uma citação do texto, com ligação correspondente:

«...
O Acess MBA, por exemplo, assegura que um estudo feito entre ex-alunos do MBA revelou que o "networking" era uma das três razões mais importantes que levavam a escolher aquele tipo de formação. E acrescentam: "O 'networking' é a chave do sucesso da sua carreira." Mas avisam: "Deve ser feito como deve ser" para atingir o objetivo proposto. Entendido. E qual é o objetivo proposto? Tenha calma, que explicam tudo. O objetivo final é, e cito, "construir uma teia de relações mutuamente úteis que permitem usufruir de uma quantidade imensa de oportunidades".

A especificação desta atitude perante a vida que, asseguram, acaba por garantir emprego à maioria dos finalistas, está presente em todos os programas, de uma forma ou de outra, quando se aconselha a que nunca peça um favor ou uma oportunidade, sem oferecer alguma coisa em troca. Deixo no original, que pensando bem tem mais impacto: "Ask how you may be able to help them. Always offer to give back." ("Pergunte como pode ajudá-los. Ofereça sempre uma contrapartida"). Como? Primeiro troque e recolha informação, depois recolha nomes, de seguida faça amizade, e por fim pergunte o que pode fazer por eles. De preferência num "Breakfast with CEOs". Aliás, como diz o The Lisbon MBA, fica a garantia - depois de desembolsados 38 mil euros, por um ano de aprendizagem - que se sai de lá com "uma 'network' de contactos profissionais que serão a chave para a gestão de uma carreira vitalícia".

Ou dito de outra forma, "Ajudas-me com o ferro velho?", "Claro, Pá!", "E como te posso pagar o favor?", "Deixa lá isso, mas por acaso estava-me a apetecer um robalo fresquinho." E choldra com eles.
...»


2019-02-15

Foguete de Natal



Noutro dia gostei de ver esta planta na Quinta  Pedagógica nos Olivais Sul em Lisboa.

Andei à procura de "Foguetes-de-Natal" na internet e fui dar a uma entrada da Wikipedia com o título "Aloe Pluridens", uma planta originária da África do Sul mas actualmente comum em Portugal.

O Género "Aloe" conta com mais de 500 espécies e em tempos falou-se muito da "Aloe Vera" alegadamente com muitas propriedades medicinais.

A planta surpreendeu-me por  ter uma inflorescência solitária, normalmente quando vejo esta planta vejo-a em comunidades que geram muitas inflorescências como o conjunto que mostro mais abaixo.

Daí que seja mais comum referir "Foguetes-de-Natal" do que "Foguete-de-Natal".

O termo foguete vem da forma cónica da inflorescência quando jovem e "Natal" de as flores aparecerem maioritariamente em Dezembro.

A inflorescência da imagem já passou a juventude, motivo porque já não tem a forma cónica.

Na imagem abaixo (By Andrew massyn - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15526032) os Foguetes-de-Natal aparecem numa configuração mais frequente, com várias plantas juntas.



2019-02-09

Ano Novo Chinês em Lisboa


Disseram-me que à semelhança de outros anos iria haver um desfile na Av. Almirante Reis para comemorar o início do novo ano chinês, segundo um antigo calendário lunar-solar. O desfile terminaria na Alameda D.Afonso Henriques onde decorreriam hoje outros eventos para os quais já estava preparado o local



No desfile participavam várias instituições de natureza cultural, educativa ou recreativa relacionadas com a China, não faltando o tradicional dragão




um grupo da Ópera de Pequim devidamente maquilhado


os tradicionais leões e uns "cabeçudos"


 tudo observado pelos tradicionais mirones que encheram depois a parte da Alameda entre a Av.Almirante Reis e a Fonte Luminosa






2019-02-06

Laranja com mel e canela


Está na época em que quase todas as laranjas são boas. A maior parte agora das vezes descasco-as, corto-as em 5 rodelas, deito um fiozinho de mel em cada uma, polvilho com canela e depois de comer tudo bebo o líquido doce que ficou no prato. Quando acho que com laranjas tão doces o mel é dispensável limito-me à canela.

Aprendi esta receita no Bar Atlântico, um restaurante de praia na Praia da Rocha onde fazem esta sobremesa regando previamente as rodelas com sumo de laranja, a minha versão é mais espartana.

O aspecto visual é banal, a parte interessante é o cheiro e o paladar, mas mostro uma imagem para ficar documentado.



2019-02-03

Lendo ao frio


Fiquei fascinado por mais esta capa da revista New Yorker, feita por Anna Parini com a animação feita por Jose Lorenzo


Extraí uma versão estática do ficheiro gif, que também se recomenda e que mostro a seguir