2018-05-11

A Credibilidade dos E.U.A.


Em Novembro/2016 interroguei-me no post “What Happened?” sobre o que teria acontecido nos EUA para terem eleito Trump para presidente. Na altura dei o benefício da dúvida aos eleitores americanos, que poderiam ter uma compreensão melhor do que eu das características do candidato para o terem eleito.

Ao fim deste tempo que passou constato que, embora a escolha democrática dos governantes seja o método que tem dado melhores provas, aquela não constitui uma protecção 100% segura não só de que será escolhido o melhor candidato para o país, o que seria de esperar, dado que existem muitas zonas polémicas em que coexistem opiniões diferentes sobre o que será melhor para o país, mas mesmo que não garante que o candidato escolhido evite decisões que prejudiquem consideravelmente o país e a grande maioria daqueles que o elegeram.

É o caso do presidente Donald Trump, que tem contribuído de forma significativa para que o resto do mundo diminua a confiança nos EUA.

A facilidade com que recentemente os EUA denunciaram de forma unilateral e não fundamentada os tratados que assinaram há pouco tempo, como no caso do Acordo de Paris para as alterações climáticas ou do Acordo sobre vários aspectos da energia nuclear com o Irão, assinado por este país, por todos os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ainda pela Alemanha em 2015, levam-me a pensar sobre qual será o interesse em assinar acordos sobre o que quer que seja com os Estados Unidos da América, no mínimo enquanto Donald Trump for o seu presidente.

O Acordo nuclear com o Irão diminuiu a probabilidade dele construir a sua primeira bomba atómica, melhorou a economia do país, diminuindo a probabilidade de sectores extremistas iranianos tomarem o poder e segundo a opinião de todos os países signatários à excepção dos EUA o Irão tem cumprido o acordo. Sobre a ambição do Irão possuir a bomba já escrevi em tempos este post, onde considero absurdo que o interesse pela geração de energia em centrais nucleares não esteja relacionado com a ambição de possuir bombas atómicas. O que também me preocupa é que a Argélia e Marrocos (entre outros países, refiro estes por serem vizinhos) também estejam interessados em construir centrais nucleares, conforme informa este relatório “The World Nuclear Industry Status Report 2017”.

Não consigo deixar de pensar que quando uma potência obtém uma hegemonia quase indisputada ao nível global, como foi o caso dos EUA, começa a ter menor estímulo para escolher os seus líderes com cuidado, colocando à frente do governo indivíduos impreparados para a função, cuja actuação conduz a nação à perda da hegemonia indisputada. Aconteceu no império romano, aconteceu na China várias vezes ao longo da sua história milenar, ultimamente aos impérios britânico e da URSS. Deve ter chegado a vez dos EUA.

Deixo uma imagem da mesquita e mausoleu Imamaden em Shiraz, quase que diria “visitem antes que seja tarde”.



Sem comentários: