Tenho dedicado um tempo que me parece inacreditável a revisitar os e-mails que tenho arquivados.
Não sucumbi às gravações video quando apareceram máquinas relativamente acessíveis que gravavam os filmes em cassettes. O meu horror a transportar pesos ajudou-me nessa resistência. Por outro lado apercebi-me que não fazia sentido gravar paisagens lindas observando-as no visor a preto e branco da máquina de filmar, que era o que havia na altura, embora a gravação fosse feita a cores, para as ver no écran em casa, quando havia tantos filmes do National Geographic gravados em melhores condições. Depois constatei ainda que editar um filme usando na altura apenas o gravador de video e a máquina de filmar dava um enorme trabalho para se obter um filminho que deixava bastante a desejar.
Finalmente um amigo dizia-me que uma pessoa não podia passar mais de metade da sua vida a gravar cenas pois precisaria da outra metade para ver, pelo menos uma vez, tudo o que tinha gravado.
Talvez os e-mails se guardem não para os ler no futuro mas apenas para manter essa possibilidade.
Constatei no entanto que deveria adoptar no futuro um conjunto de regras sobre o que seria mantido e o que seria apagado e que deveria aplicar retroactivamente essas regras aos e-mails já recebidos/enviados.
A operação presta-se a grandes divagações, ainda não perdi a esperança de a concluir.
Para finalizar mostro duas obras do artista suíço Ursus Wehrli, que gosta de ter tudo muito arrumado, como por exemplo esta sopa de letras
ou esta salada de frutas, em que nem as bolas brancas que decoravam a tigela escaparam
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