Talvez por não existirem aparelhos domésticos de gravação de imagens na minha juventude, nunca adquiri o hábito de rever frequentemente filmes ou séries preferidas. Embora tenha gravado algumas cassetes de vídeo, parece-me que o acto de gravar tem servido mais para ficar descansado, sabendo que se quiser posso rever facilmente a obra, do que realmente para a rever.
As excepções a esta regra têm sido poucas e nelas se inclui a famosa série britânica "Reviver o passado em Brideshead" (Brideshead revisited) que vi na TV quando estreou em Portugal depois de Out/1981 (altura em que estreou em Inglaterra) e antes de Jun/1983, altura em que tive a oportunidade de visitar o Castle Howard, palácio protagonista da série, ao pé da cidade de York.
A primeira imagem, que foi tirada “congelando” a passagem do filme no PC, mostra o palácio como visto pela primeira vez por Charles quando lá levado por Sebastian.
A segunda imagem foi tirada da capa da edição da Penguin, mostrando as personagens Sebastian Flyte (Anthony Andrews), Julia Flyte (Diana Quick) e Charles Ryder (Jeremy Irons).
Tenho-me interrogado porque terá a série tido tanto sucesso e encontrei finalmente a resposta óbvia: se fosse fácil saber a razão do sucesso de uma série nunca se fariam séries fracassadas.
Mesmo reduzindo o objectivo para saber apenas porque me agradou tanto esta série, tenho alguma dificuldade em identificar os factores de sucesso.
Talvez um dos factores fosse uma perspectiva, pretensamente realista, da vida duma família decadente da nobreza de Inglaterra, numa época relativamente recente ou talvez a narrativa, entre o lento e o quase totalmente parado, feita pela voz extraordinária de Jeremy Irons, interpretando um dos personagens principais que assume também o papel de narrador.
No episódio intitulado "Julia" reparei a certa altura que a história estava a ser narrada por Julia, em vez de ser narrada como habitualmente por Charles. A série segue o livro com bastante rigor pelo foi fácil identificar o momento de transição: o narrador diz que fez uma pergunta a Julia, que toma a palavra assumindo por algum tempo o papel de narradora. O episódio termina com Charles retomando a narrativa dizendo que esta conversa com Julia tinha ocorrido dez anos depois da ocorrência dos factos, numa tempestade no Atlântico. Ficaram-me na memória estas palavras " ...in a storm in the Atlantic".
Nessa altura surge esta imagem que parece que se eterniza pois, ao ser filmada com uma teleobjectiva, o casal caminha afastando-se de nós mas permanecendo visualmente no mesmo sítio, com Charles apoiando-se sucessivamente nos pilaretes à sua esquerda.
Surpreendeu-me um pouco a presença do lenço da Julia, recordando-me que não há muitos anos as mulheres ocidentais usavam frequentemente lenços em situações de muito vento e também para se protegerem do sol. Desde que os penteados ficaram mais soltos que os lenços caíram completamente em desuso. O mesmo se passou com os chapéus dos homens, que antes pareciam tão necessários mas que afinal tinham também, suponho que à semelhança dos lenços das senhoras, uma componente simbólica importante.
A fechar o episódio o casal desaparece pelo lado direito do écran.
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