2023-02-10

A Guerra na Ucrânia, Revisão da Matéria dada

 

Ao longo do ano passado fui ouvindo notícias e comentários sobre o que se ia passando na Ucrânia desde que foi invadida pela Rússia.

Noutras guerras, como por exemplo nas invasões do Iraque ou do Afeganistão, tinha-se acesso a notícias maioritariamente a favor das invasões com algumas vozes críticas ocidentais, facilmente acessíveis quer nos media quer na internet, embora com menor destaque nos relatos das agências de comunicação ocidentais.

Nesta guerra as TVs ocidentais revelam de vez em quando afirmações de autoridades russas, sendo dominante a perspectiva ocidental da guerra, o que me levou a consultar às vezes a Al Jazzeera e outras vezes a chinesa CGTN. Esta última desapontou-me ao demorar quase 24 horas a relatar as invasões das instituições do poder democrático em Brasília em 8/Jan/2023.

Tem-me surpreendido a enorme diferença de perspectivas, quer das causas da guerra, quer do que se tem passado desde 24/Fev/2022.

Numa newsletter da revista Foreign Affairs li um artigo intitulado "What Russia Got Wrong" que faz uma revisão do que correu mal para a Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, da autoria de Dara Massicot, ex-funcionária do Departamento de Defesa dos EUA e trabalhando actualmente na Rand Corporation.

Tentando resumir, a autora atribui os grandes problemas das forças russas no início da invasão ao excessivo secretismo com que Putin a planeou, não tendo os militares sido informados com a antecedência necessária para evitar os problemas logísticos do início da invasão.

Por outro lado a doutrina militar russa não foi seguida pois a norma seria fazer previamente bombardeamentos maciços afectando instalações militares e infraestruturas, só invadindo depois, donde a designação de "operação militar especial" que inicialmente poupou a maior parte das infra-estruturas ucranianas e tentou chegar logo a Kiev para instalar um governo fantoche.

A autora nota que os russos têm vindo a corrigir os erros e embora o ocidente tenha sobrestimado inicialmente a capacidade de sucesso militar da Rússia, avisa que será imprudente passar a subestimar essa capacidade. Faz assim os prognósticos do passado deixando os prognósticos finais para quando a guerra acabar, o que não prevê para breve.

Olhando para o mapa mostrado no artigo que referi


tenho dificuldade em compreender algum optimismo mais exuberante sobre a situação actual da Ucrânia. Na verdade conseguiram resistir durante muito mais tempo do que muita gente esperava mas continuam em situação difícil.



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