2021-02-06

Fé Bahá


Numa volta um pouco mais extensa do que o percurso diário habitual pelo bairro dos Olivais passei por esta vivenda na Rua Cidade de Nova Lisboa, tendo desta vez reparado melhor no anúncio do bicentenário do BÁB e sobretudo no lindo medalhão geométrico, de simetria central assimilável a uma estrela de 9 pontas. 

 




Desta vez li uns tantos avisos numa vitrine e entre eles estava uma citação de um texto de Eça de Queiroz em “A Correspondência de Fradique Mendes” em que se referia o desenvolvimento duma nova religião chamada Babismo.

Fui reler o livro do Eça de Queiroz que tem quatro páginas dedicada a esta nova religião tendo assim sido o meu primeiro contacto sobre a respectiva existência mas que entretanto esquecera. Apresento o texto no post anterior a este.

Já sabia que esta vivenda era um centro da Fé Bahá, uma religião de cuja existência eu julgara ter tomado conhecimento pela primeira vez quando vi esta imagem de um templo em forma de flor de Lótus, cujas formas me lembraram  a lindíssima Ópera de Sydney que vira também em fotografias, o que me levou a visitá-lo em 2/Maio/1993 em New Delhi na Índia e donde trouxe este postal ilustrado, na altura as máquinas fotográficas usavam rolos e tinha esgotado o meu stock.


Na altura tomei nota que se tratava de uma nova religião que surgira na Pérsia, na segunda metade do século XIX, sendo uma espécie de “sequela” das “religiões do livro”, primeiro o Judaísmo, depois o Cristianismo, a seguir o Islamismo e agora a Fé Bahá.

À entrada do recinto era necessário deixar os sapatos, como nas mesquitas e nos templos indus, dentro do recinto além da expectável multidão de indianos estavam também uns australianos vestidos de branco que iam encaminhando os visitantes. Dentro do templo amplo e luminoso não existiam estátuas, nem imagens, nem altar e existiam bancos (com espaldar) corridos de madeira para os visitantes se sentarem.

Vi agora que o arquitecto foi Fariborz Shahba, um iraniano que se licenciou em Teerão, viveu no Canadá e que agora reside na Califórnia. Desenhou também os terraços Bahá em Haifa, Israel,



onde se encontra o túmulo do Bab(1819-1850), um profeta precursor desta religião, com um papel análogo ao de S.João Baptista no Cristianismo anunciando em 1844 a vinda futura de um Prometido e que acabou os seus dias condenado à morte e fuzilado em Tabriz.

O Prometido foi Bahá'u'lláh (1817-1892) que nasceu em Teerão, em que esteve preso 4 meses tendo sido desterrado para o império Otomano (maioritariamente sunita) em 1853. Aí viveu em Bagdade(1853-1863), Constantinopla(parte de 1863), Adrianópolis(1863-1868) e Acre e Haifa(1868-1892) em que faleceu.

Tendo chegado a Haifa em 1868 constata-se que antecedeu a criação por Theodore Herzl da Organização Sionista Mundial em 1897.

Retirei boa parte destas informações do sítio do Povo de Bahá e outras da Wikipédia.

Quando revisitei Delhi em 2001, desta vez com a minha mulher, fomos visitar o templo onde tirei esta foto


 que dá uma ideia melhor das multidões visitantes.

Na procura na internet de imagens do poster que mostrei acima fui dar a este sítio onde vi que o autor foi Joe Paczkowski um artista gráfico que dedica bastante tempo a criar “estrelas com uma simetria com 9 pontas“, um número pouco habitual mas muito apreciado na arquitectura dos templos Bahá.

Vi ainda este projecto de um novo templo Bahá em Bihar Sharif de que mostro uma maquete virtual


Tomei conhecimento do fornecimento em 2011 pela firma portuguesa Porcel, das telhas douradas que substituíram as existentes na cúpula do santuário do BAB em Haifa mostrado em imagem acima. Foram projectadas para durar pelo menos 200 anos, incorporando 26kg de ouro puro,  sendo objecto duma reportagem da RTP disponível aqui.




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