Na revista The New Yorker foi publicado um artigo intitulado "O Mito da Brancura na Escultura Clássica".
É sabido há muito tempo pelas pessoas que se interessam pela cultura clássica que a maioria das estátuas gregas era pintada e que a sua brancura quando foram "reencontradas" se devia ao efeito da passagem do tempo nas tintas que as tinham decorado quando inicialmente expostas. A imagem seguinte que retirei do artigo mostra a diferença do aspecto da cabeça duma mulher com e sem pintura.
No texto refere-se, entre outras coisas, a dificuldade psicológica que os ocidentais têm de aceitar que as estátuas gregas e romanas eram polícromas e não daquele branco-mármore que agora lhes parece essencial. Ou então que, mesmo sabendo que foram polícromas, preferem uma versão da côr do mármore, normalmente com alguma "patine" para acentuar as formas.
Refere também uma exposição "Gods in Color" referida na Wikipedia onde se diz que o conceito da exposiçaõ foi desenvolvido pelo arqueólogo alemão Vinzenz Brinkmann, trabalhando com o apoio da gliptoteca de Munique. A imagem seguinte mostra uma comparação feita nessa exposição, inserida também no artigo da New Yorker.
Embora eu não seja um fanático das esculturas sem tinta reconheço que me sinto também mais à vontade nas esculturas monocromáticas, as polícromas fazem-me lembrar bonecos artesanais de presépio, índios e caubóis em plástico pintado ou eventualmente exemplares dos museus de cera da Madame Tussaud, sobretudo quando cobertos por artigos texteis.
Existe uma qualidade abstracta na reprodução monocromática lembrando-nos que não se trata de um ser vivo mas tão só de uma das formas que pode assumir, como nesta Flora de Jean-Baptiste Carpeaux da colecção Gulbenkian exibida na exposição "Pose e Variações. Escultura Francesa no Tempo de Rodin"
Não nos devemos contudo esquecer dos hiper-realistas americanos, como por exemplo Carole Feuerman cujas esculturas eu já mostrara neste post, e em que repito aqui (por curiosidade para verificar se as reprovações são sistemáticas) uma imagem dele que se tornou não visível porque alguém ou algum algoritmo a considerou "não mostrável", talvez por se tratar de um nu frontal, porque a mesma escultura vista de trás não foi objecto de reprovação
e de que volto a mostrar o detalhe das gotas de água sobre a pele
sendo visível que se atingiu uma qualidade de reprodução quase perfeita.
Mas regressando à brancura recomendo a visita do 3º episódio desta série da BBC, que já referira aqui a propósito do azul, em que o Dr. James Fox fala sobre a História da Arte a propósito de 3 cores: o Dourado, o Azul e o Branco. Embora cada um dos programas dure 1 hora valem bem o tempo que se gasta.
No caso específico do branco James Fox refere os contributos do historiador de arte Winkelman e do industrial Wedgwood como dois dos principais impulsionadores da cor branca no Ocidente.
BBC A History of Art in Three Colours 1 of 3 - GOLD
BBC A History of Art in Three Colours 2 of 3 - BLUE
BBC A History of Art in Three Colours 3 of 3 - WHITE
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