2018-01-31

Abril e Outras Transições


Gostei deste livro do embaixador José Cutileiro onde faz uma espécie de autobiografia dando maior destaque às 3 transições que teve a oportunidade de observar e de intervir, a do 25 de Abril em Portugal, duma ditadura para uma democracia, a da África do Sul no fim do Apartheid e a dissolução da Jugoslávia e a guerra nos Balcãs.

Quando vi que o livro tinha apenas 126 páginas receei que tivesse sido escrito com um único parágrafo, numa tentativa de estabelecer algum recorde mas embora de vez em quando apareçam os parágrafos enormes que nunca mais acabam, tão do gosto do embaixador, o livro lê-se com muito agrado, contribuindo para melhorar a compreensão de transições que ocorreram no último quartel do século XX.

2018-01-30

Onda do Mar de Hokusai


Apareceu-me esta onda num power-point com muitas fotografias, fiz uma busca no Google Images e apareceram-me milhares de resultados mas não consegui identificar o autor


Mostro-a aqui porque me fez lembrar esta onda do Hokusai


da série de 36 vistas do Monte Fuji que mostrara aqui.

Constata-se neste exemplo uma das limitações das fotografias, pois ainda não vi nenhuma em que a espuma se transforme em pássaros brancos a voar, como acontece na pintura do Hokusai.

Claro que a onda "canónica do Hokusai é a Grande Onda de Kanagawa


mas acho que a anterior merecia não ser tão ofuscada por esta.

Rever as imagens do Hokusai que já mostrei neste blogue é fácil através desta busca que, como seria de esperar, mostra também este post.


2018-01-24

Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau



Não me consigo lembrar porque fui ver uma lista das pontes mais compridas do mundo, talvez tenha sido a referência por Macron à possibilidade de construir uma ponte sobre o Canal da Mancha e às vozes que referiram a inconveniência de colocar obstáculos à navegação numa das zonas com maior tráfego marítimo em todo o mundo.

Nessa lista vi uma referência a uma ponte em construção entre Hong-Kong dum lado e Zhuhai e Macau do outro e fui ver ao Google Earth se já existia imagem da referida ponte cuja construção, com alguns atrasos e custos maiores que os orçamentados, deve ser concluída durante o ano de 2018.

Será a ponte marítima mais comprida do mundo, partindo de uma ilha artificial (mais outra) construída em frente de Macau, unida por pontes a Macau e Zhuhai, seguindo sobre pilares num nível relativamente baixo até uma ilha artificial onde passa a túnel, para não criar dificuldades à navegação nem precisar de resistir aos tufões frequentes nesta zona. Quando o túnel regressa à superfície continua em ponte até ao aeroporto de Hong-Kong junto à ilha de Lantau, donde segue por ligações já existentes ao território de Hong-Kong.

Nesta escala a ponte é um traço castanho-claro muito discreto




na imagem seguinte vê-se mais detalhe junto a Macau



A solução ponte-túnel-ponte é a existente em Chesapeake Bay nos E.U.A. ou para unir Copenhaga a Malmo através do estreito de Sund.

Por curiosidade fui verificar se existia “Street view” em Macau, Hong-Kong e resto da China e ao tirar o homenzinho do sítio de descanso no Google Earth para seleccionar umlocal para ver o street view, apareceram-me Macau e Hong-Kong completamente a azul, dado que estava num ponto de observação de grande altitude e os riscos azuis das ruas desses territórios formavam uma mancha azul contínua, à excepção de pequenas áreas verdes, conforme se constata na imagem seguinte



Nesta altura em que estando familiarizado com a língua inglesa se acede em quase todo o planeta a informação geográfica, fotográfica e textual constata-se que a street view não está disponível no Google Earth na China, à excepção destes dois territórios cuja extensão é praticamente definida pelas manchas azuis.

Tentei usar o Baidu (aplicação chinesa aqui: https://map.baidu.com/), constatei que tem um mapa detalhado de Lisboa, mas não consegui activar a street view, os ícones não eram muito expressivos para mim e o meu domínio dos ideogramas é claramente insuficiente.

Constatei também que o zoom in-out do Baidu não tem ainda a suavidade do movimento do Google Earth.

Adenda: consegui usar o "street view" no Baidu, afinal não é tão difícil assim contudo ainda está longe da suavidade das transições do Google Earth. E a cobertura dentro das cidades chinesas é ainda muito esparsa.

2018-01-22

Identificação de WC em Jan/2018




Vi esta imagem no 2 Dedos de Conversa, fui à procura dela no Google Images e só a encontrei aqui.

Às vezes recebo power-points com identificação de portas de WC em vários países que podem ser reveladores das culturas locais ou de outros tempos. Na Idade Média na Europa talvez trocassem os símbolos destas portas.

No ImagenscomTexto referi uma identificação de WC aqui.


2018-01-16

Sapiens, Parte IV : A Revolução Científica


(Parte I, Parte II e Parte III em posts anteriores)


Os subtítulos desta parte são eloquentes:
- A Descoberta da Ignorância
- O casamento entre a Ciência e o Império
- O Credo Capitalista
- As Engrenagens da Indústria
- Uma Revolução Permanente
- E Viveram felizes para sempre
- O Fim do Homo sapiens

Esta parte começa muito bem chamando a atenção para a “Descoberta da Ignorância” como um dos factores mais importantes para o arranque da revolução científica que teve lugar nos últimos 500 anos. De facto “as tradições de conhecimento pré-modernas como o islão, o cristianismo, o budismo e o confucionismo garantiam que tudo o que era importante saber sobre o mundo já era conhecido”, designadamente através dos livros sagrados, e o que lá não constava acabava por ser irrelevante. Depois a importância do tratamento quantitativo dos fenómenos e do uso da matemática. Finalmente o conceito de que qualquer teoria científica pode ser posta em causa pela descoberta de novos fenómenos ou de melhores teorias.

Em 1500 existiam 500 milhões de Homo sapiens no planeta. Hoje existem 7000 milhões, 14 vezes mais. Em 1500 o consumo de energia per capita seriam 26kcal/dia. Actualmente serão 230kcal/dia, o consumo/capita aumentou 8,8 vezes. Como existem 14 vezes mais habitantes o consumo de energia diário de toda a população humana aumentou nestes 500 anos cerca de 124 vezes.

O autor refere várias explicações para a expansão mundial dos impérios europeus e o seu predomínio sobre a Ásia estabelecido entre 1750 e 1850, da importância do conhecimento científico para a superioridade industrial e militar da Europa e da importância do credo capitalista na expansão da actividade económica.

Nas Engrenagens da Indústria a ética capitalista e consumista é assim resumida: “Enquanto na Europa medieval os aristocratas gastavam o seu dinheiro sem qualquer critério em luxos extravagantes e os camponeses viviam frugalmente, agora os ricos têm imenso cuidado a gerir os seus activos e investimentos, enquanto os menos abastados contraem dívidas ao comprar carros e televisões de que não necessitam realmente”.

Na Revolução Permanente refere estes números interessantes: a totalidade dos seres humanos tem uma massa de cerca de 300 milhões de toneladas. Já os animais domésticos (vacas, porcos, ovelhas e galinhas) compõem 700 milhões de toneladas enquanto os grandes animais selvagens ainda existentes, dos pinguins aos elefantes e baleias, não passam dum 100 milhões de toneladas.  Parece assim que o nosso problema não é tanto a falta de energia como o enorme impacto ecológico da nossa espécie. Existe também uma aceleração da velocidade das mudanças e o eterno problema da Felicidade.

Mas este resumo já vai longo, o melhor é lerem o livro.

Deixo uma imagem da central solar fotovoltaica de Serpa, numa foto de 2007. Desde essa altura os preços dos painéis fotovoltaicos desceram tanto que deixaram de precisar de subsídios para fornecerem energia eléctrica a preços do mercado ibérico de electricidade.



2018-01-12

Sapiens, Parte III : A Unificação da Humanidade


(Parte I e Parte II em posts anteriores)

Cada cultura está em permanente evolução, tentando reconciliar as contradições que nelas existem sempre.

Existe também um sentido na história, culturas pequenas e simples fundiram-se gradualmente em civilizações maiores e mais complexas. Este sentido geral não garante uma evolução sem retrocessos nem a ausência de um apocalipse.

Actualmente quase todos os seres humanos partilham o mesmo sistema geopolítico (organização em estados internacionalmente reconhecidos), económico, legal e científico se bem que exista grande heterogeneidade em cada uma destas áreas.

Esta unificação fez-se através do dinheiro (e comércio), dos impérios e das religiões. Estas três realidades unificaram a humanidade sem que nenhuma delas tenha até agora conseguido excluir completamente qualquer uma das outras duas. A análise que o autor faz  é muito interessante, designadamente ao apontar os lados positivos dos impérios de que ultimamente só se apontam os lados negativos. Nas religiões refere o animismo, o politeísmo que originou o monoteísmo e o dualismo. No primeiro milénio AC apareceram religiões pré-modernas “da lei natural” que dispensavam os deuses como o taoismo e o budismo. Nos últimos 300 anos surgiram novas religiões das leis naturais tais como o liberalismo, o comunismo, o capitalismo, o nacionalismo e o nazismo. Acho interessante esta classificação na categoria de religiões do que se costuma chamar “ideologias”. De facto requerem uma fé num conjunto de crenças que são praticamente impossíveis de verificar, sendo dificilmente “falsificáveis” no sentido que Karl Popper dava às teorias científicas.

Esta parte conclui com duas teses principais:
- existe um lado caótico muito importante na evolução da humanidade, há decisões que são tomadas cujas consequências são impossíveis de prever na totalidade e que por vezes são impossíveis de reverter;
- a evolução não é feita necessariamente em benefício dos seres humanos, mesmo que estes tivessem esse objectivo.

Termino esta parte com uma imagem (tirei a foto em 2004) da cabeça duma estátua do imperador romano Constantino, que deve ter feito parte duma estátua gigante, actualmente no Museu Capitolino em Roma



A adopção do cristianismo como religião do império romano pertence ao tipo de decisões com consequências incalculáveis para o futuro da época em que foi tomada.

2018-01-10

Sapiens, Parte II : A Revolução Agrícola


(Parte I em post anterior)

Depois de durante milhões de anos os seres humanos terem vivido como caçadores-colectores o homo sapiens iniciou há cerca de 10000 anos a revolução agrícola, passando a cultivar plantas e domesticar animais.

Este novo tipo de vida foi iniciado de forma independente em sete ou mais regiões localizadas em vários continentes, sobretudo devido à existência de espécies vegetais e animais adequadas para o efeito.

O autor tem muitas reservas sobre a real vantagem da qualidade de vida do agricultor em relação à do caçador-colector. Se bem que as comunidades de caçadores-colectores tivessem os seus problemas, designadamente na incapacidade de apoiar crianças frágeis ou idosos dependentes, não estavam expostas a epidemias dada a sua baixa densidade, nem eram tão vulneráveis a catástrofes naturais como secas ou inundações pois quando faltava um tipo de alimento costumava ser possível encontrar alternativas. E não era preciso trabalhar tanto!

A principal vantagem (ou característica) da agricultura foi tornar viável um enorme aumento da população, por volta de 10000 AC a Terra seria habitada por 5 a 8 milhões de recolectores nómadas. No primeiro século depois de Cristo existiriam 1 a 2 milhões de recolectores mas 250 milhões de agricultores.

A possibilidade de um agricultor produzir mais do que consumia possibilitou o aparecimento de maiores desigualdades, a maior especialização em actividades produtivas não agrícolas, o desenvolvimento do comércio, de produtos luxuosos e a formação de grandes exércitos. E também de grandes cidades.

Para tudo isto é necessário criar uma ordem imaginada da sociedade, de que o Código de Hamurabi é um exemplo.

Vi primeiro esta imagem neste artigo da BBC

 A.Layard ( – Palácios de Assurbanípal (668-627 AC)

em que falava das descobertas arqueológicas do império assírio no século XIX e das ameaças do Daesh à sobrevivência de algumas delas. No sítio da Khan Academy esta imagem aparece aqui sendo considerada fantasiosa e influenciada pelos conhecimentos que existiam da arquitectura Greco-Romana.

Mesmo assim a imagem dá ideia de uma aglomeração imensa de seres humanos, nesta altura a viverem em habitações cuja arquitectura monumental não favorecia a família nuclear mais comum nos nossos dias. Tudo isto foi tornado possível pelos excedentes dos produtores agrícolas.

É por esta altura que aparece a escrita, inicialmente como forma de registo de quantidades, sobretudo para cobrar impostos.

É ainda nesta parte do livro que são descritas as diversas injustiças que têm ocorrido nas sociedades humanas desde a revolução agrícola, tais como as classes, as castas, o racismo, a opressão da mulher, a escravatura, etc.,  bem como as várias teorias antropológicas que explicam em parte o seu aparecimento.

2018-01-09

Depois do Natal


Cheguei a este filminho por uma referência do jornal Expresso, é preciso recuperar a linha nesta época:



2018-01-06

Prado dos Olivais


Às vezes digo que em Lisboa não existe um Inverno propriamente dito, é mais um Outono frio e eventualmente húmido como aconteceu na passada quinta-feira e nos últimos dias , conforme se pode constatar neste prado dos Olivais, muito viçoso, até com dois cogumelos.




2018-01-03

Um alerta ao Mundo do António Guterres


O Secretário-Geral das Nações Unidas enuncia as suas preocupações com o mundo na mensagem de Ano Novo



Bem vistas as coisas, não me lembro de um único ano em que não existissem motivos de preocupação com a situação existente em alguma parte do planeta, quer guerra em curso, quer guerra à vista, quer crise político-económica quer catástrofe natural.

Presumo que seja por as pessoas se preocuparem que muitas dificuldades vão sendo vencidas enquanto outras subsistem e umas novas vão aparecendo.

Como diria o António Guterres: É a vida!