2016-03-29

Cultura – Tudo o que é preciso saber


O jornal Expresso tem de há uns tempos a esta parte distribuído, sem custo adicional para o comprador, séries de pequenos livros, apelando à costela coleccionadora dos leitores para evitar quebras de venda.

Embora não goste destas técnicas de venda, em que nos impingem um artigo que não procuramos quando adquirimos o produto que decidimos comprar, admito que de longe em longe poderá trazer algum benefício para o comprador.

Foi o caso da série recentemente publicada em que dividiram em 6 pequenos volumes publicados semanalmente o livro de Dietrich Schwanitz (1940-2004) intitulado “Cultura – Tudo o que é preciso saber”.

O livro foi publicado em Portugal em 2004. Trata-se de uma síntese notável e bem humorada de uma série impressionante de temas da cultura Europeia, começando pela História Europeia, seguindo pela Literatura , História da Arte, da Música, de Filosofias, Ideologias, Teorias e Representações Científicas do Mundo. Fala ainda da Linguagem, do Mundo do Livro e da Escrita, da Inteligência , Talento e Criatividade, do que Não convém saber e do Saber reflexivo.

Um título destes, para ser levado a sério, tem que ser considerado irónico, trata-se duma missão essencialmente impossível. Mas no fim da leitura que se faz com muito agrado, constata-se que o autor alemão, professor de Filologia inglesa em Hamburgo, além da revisão das matérias que muitos terão indo absorvendo ao longo da vida, nos dá uma panorâmica muito interessante dos temas que aborda, fazendo além disso uma síntese notável entre a exactidão alemã e o sentido de humor inglês, qualidades muito difíceis de encontrar numa mesma pessoa.

Recomendo a leitura e mostro as 6 capas dos livrinhos do Expresso, também muito bem escolhidas:






2016-03-24

Primavera de 2016


Lá passámos outra vez pelo equinócio de Março e entrámos na Primavera. Os atentados em Bruxelas vieram ensombrar este despertar de muitas vidas novas.

Em Lisboa as árvores quase que não têm tempo para se apresentarem completamente desfolhadas, umas duas ou três semanas depois da queda da última folha e já estão a aparecer as folhas novas.

No passado Inverno os prados dos Olivais continuaram verdejantes e viçosos, como se constata nesta foto tirada em 17/Dez/2015 (no final do Outono...)




e estas tiradas em 11/Fev/2016




no mesmo prado mas mais ao pé




e a seguinte sendo uma ampliação da anterior




cujos espigões me levaram a pensar neste post do Dias com Árvores, a levar um deles para casa e a fotografá-lo:




Adenda: perguntei ao Paulo Araújo dos Dias com Arvores se esta planta seria a mesma da que ele tinha falado e ele informou-me que se trata do Erodium moschatum, de que ele já falara num post de Fev/2015.

Adenda nº 2: coloquei oas frutos a germinar e apareceram as sementes com a cauda helicoidal que mostro aqui. Cada agulha tem cerca de 5 cm.

2016-03-21

Sinais de temporal


Em 28 de Fevereiro deste ano fui surpreendido na Praia da Rocha por um sinal, visível num mastro na Fortaleza de Santa Catarina, que não me lembrava de alguma vez ter visto neste local, onde há décadas passo parte das féiras de Verão e aonde me desloco no resto do ano de vez em quando


 
Tratava-se deste cone preto que destaco a seguir



diferente do cilindro que sinaliza presença ou previsão de vento sueste, situação comum na costa algarvia, conforme referi noutro post em que mostrei a foto seguinte



Telefonei para a Capitania de Portimão onde me informaram tratar-se de um sinal de aviso de temporal, também documentado na internet.

Vi depois na net que estes sinais estão definidos pelo Decreto-lei 283/87, de 25 de Julho e também na tabela abaixo, disponível em pdf no sítio do Instituto hidrográfico:



O cone com vértice para cima sinalizava a presença de vento de força 8 ou superior na escala de Beaufort começando no quadrante Noroeste. E na tabela constava também o cilindro preto já meu conhecido, que aprendi ser de uso exclusivo na costa Sul do Algarve.


2016-03-17

Casos de estudo: Lula da Silva e Fátima Felgueiras


Ao longo da minha vida tenho testemunhado acontecimentos no sistema judicial que me impedem de ter uma confiança cega nas acções dos magistrados. O próprio sistema reconhece isso ao facultar possibilidade de recurso de decisões judiciais por outras instâncias do próprio sistema.

É sabido que o poder pode corromper e o poder judicial não é excepção. Ao longo da minha vida tenho testemunhado perseguições judiciais a figuras públicas que de tão absurdas só consigo explicar através de abuso de poder judicial. E continuo sem perceber a tolerância que tem existido em relação às violações flagrantes e continuadas do segredo de justiça

O ex-presidente do Brasil Lula da Silva foi detido para ser interrogado por ordem dum juiz federal. Parece-me um abuso de poder por parte do juiz, como me pareceu um abuso de poder a detenção para prestar declarações de Ricardo Salgado em Portugal. Parece que as pessoas importantes não têm direito a serem convocadas para prestar declarações como os cidadãos comuns, fico com a sensação que para estes casos os juízes sentem a necessidade de mostrar ao interrogado que também eles, juízes, são poderosos.

Pela mesma ordem de razões parece existir uma maior tendência para o uso da figura da prisão preventiva. Continuo sem perceber a necessidade da longa prisão preventiva de José Sócrates enquanto Ricardo Salgado ficou livre para perturbar o inquérito pela modesta caução de 3 milhões de euros.

No caso de Fátima Felgueiras, indiciada em 2003 de crimes relacionados com a gestão da Câmara de Felgueiras, ela fugiu para o Brasil avisada da existência de uma ordem de prisão preventiva. Lá viveu certamente melhor do que numa prisão em Portugal e quando em 2005 o sistema de justiça português tinha concluído o seu trabalho e já não havia risco de perturbar o inquérito regressou, tendo sido detida e logo a seguir libertada segundo o artigo da Wikipédia. Foi então julgada e condenada a uma pena suspensa. recorreu da sentença e foi absolvida em 2011 de todos os crimes que fora condenada em 1ª instância. Lembro-me de grandes críticas de que a Fátima Felgueiras foi objecto por ter fugido para o Brasil em vez de aguentar estoicamente a prisão preventiva para averiguações de crimes de que foi posteriormente absolvida. Na altura não concordei com essas críticas precisamente porque a prisão preventiva tem sido usada de forma abusiva em Portugal. Só se tem uma vida, porque carga de água se há de uma pessoa submeter a um juiz sem razão quando tem uma alternativa?

É nesse sentido que não me atrevo a condenar a priori a opção Dilma-Lula de proteger o ex-presidente duma perseguição judicial de que não tenho à partida provas que seja isenta.



2016-03-14

Três caixinhas e balanço de cores


Não me tem apetecido frequentar cursos de fotografia, tenho-me limitado a ler partes de alguns livros e parte dos manuais das máquinas fotográficas que vou comprando. com a minha ignorância tenho tido dificuldade em tirar fotografias com flash, parece-me que é necessário alguma técnica para que as fotos com flash fiquem bem. Assim, fiquei com outro problema por resolver que consiste no balanço de cores (termo que deriva de tradução literal de "color balance", seria melhor usar "equilíbrio de cores"), operação necessária quando se fotografa cenas interiores iluminadas por lâmpadas de incandescência.

O nosso cérebro vai-se adaptando à tonalidade da luz ambiente, corrigindo automaticamente as cores que vemos, garantindo na maior parte dos casos que uma peça branca é vista como tendo a côr branca mesmo quando o que vemos é uma tonalidade amarelada derivada da fonte de luz ter uma baixa temperatura de côr, como por exemplo 2400ºK. De uma forma geral os cérebros de pessoas diferentes fazem conjecturas semelhantes sobre a temperatura da cor da fonte luminosa embora nem sempre, como aconteceu com um vestido que ficou famoso.

Com as máquinas analógicas, ou se usavam filtros ou as provas em papel eram corrigidas pelas casas de fotografia onde se encomendavam as amplicópias. Nas máquinas digitais existe um controlo "White Balance" que pode estar em modo automático ou ser manualmente ajustado. Normalmente o modo automático é insuficiente

Dada a pouca frequência com que tiro fotos, acabo por me esquecer dos controlos das máquinas, sobretudo destas digitais com um mundo de possibilidades. Porém, ainda me consigo lembrar de como se muda o White balance nas tais condições de fotos de interiores iluminados por lâmpadas de incandescência ou equivalentes, em que o modo automático das minhas máquinas tem sido insuficiente para evitar que fique tudo muito avermelhado.

Desta vez fotografei umas caixinhas decorativas na minha casa, com diâmetros entre 5 e 6cm, a da esquerda da Tailândia, de porcelana, a do centro veio da China de laca vermelha a da direita de papier maché, já não me lembro de onde veio, talvez seja indiana.



Estava nesse dia um céu limpo e muito azul e achei que a foto tinha ficado um bocado azulada. Pela primeira vez usei o controlo de brancos para corrigir uma foto tirada com a luz do dia (provavelmente já deveria ter feito isto mais vezes), disse que a luz era de 5300ºK e gostei mais do novo tom da foto:




2016-03-08

Museu Condé



Este museu situa-se no Chateau de Chantilly, 40km ao norte de Paris que referi num post anterior. Nesse post mostrei alguns dos dourados sobre branco que decoram o Chateau, onde se encontra o Museu Condé.



Na altura ia bastante focado no Livro de horas do Duque do Berry, talvez o livro mais belo nessa categoria feito no século XV, de que tenciono falar noutra ocasião. Depois de gastar algum tempo vendo pormenores desse livro num écran dum PC disponibilizado na biblioteca do Chateau o meu espírito estava pouco  disponível para outras obras da colecção do museu.


Talvez por isso simpatizei com estas letras H e O aqui à direita, que faziam lembrar as iluminuras dos monges copistas no início de cada capítulo, decoradas de forma simétrica, com elementos que me fazem pensar na Arte Nova. Não sabendo donde vinham estas letras tentei o Google Imagens e cheguei com alguma surpresa apenas a este sítio Chinês onde além das mesmas letras





e de outras imagens interessantes tinha esta fotografia de uma das salas de exposição de quadros





que explica parcialmente a minha falta de interesse pelos quadros deste museu pois gosto de ver um de cada vez e com eles posicionados o mais possível à altura dos olhos, em vez de colocados longe lá em cima quase ao pé do tecto.

Fico a pensar que estas salas mostram o  triunfo do coleccionador de objectos raros e preciosos sobre o apreciador de objectos belos. Este tipo de exibição das obras é mais para mostrar que o coleccionador possui muitas do que para proporcionar ao visitante uma fruição em condições apropriadas dos componentes da colecção.

Talvez por isso reparei mais nesta escultura duma jovem deitada



que vi na net ter sido feita por Lorenzo Bartolini (1777-1850) de que mostro a seguir duas perspectivas






Existe uma imagem melhor desta escultura na Wikipedia aqui, talvez excessivamente azulada mas fácil de alterar

Agora ao procurar na net mais informação sobre o Museu Condé fui dar ao sítio respectivo com esta linda imagem introdutória do pintor Piero di Cosimo (1462-1522)



Trata-se de um detalhe dum retrato de mulher datado de 1480 que se supõe ser Simonetta Vespucci, a mulher que se pensa ter também inspirado vários quadros de Sandro Botticelli designadamente “O nascimento de Vénus” . Neste caso deverá ter sido mais uma inspiração do que um modelo dado que a senhora morreu de tuberculose aos 23 anos quando o Piero di Cosimo tinha 14 anos apenas, tendo o quadro sido pintado já depois da morte dela.

Se calhar o mestre pintou apenas a cara da Simonetta, como às vezes era especificado nos contratos dos pintores dessa época, como referi noutra ocasião neste blogue a propósito de uma obra de mestre.

Fui buscar a a reprodução completa do quadro a este sítio, imagem do Google Art Project armazenado na Wikipedia , a que cheguei via a entrada na Wikipédia de Piero di Cosimo acima referida.





2016-03-02

Será uma calçada irregular?


Em Fevereiro de 2015 tirei esta foto numa manhã com neblina matinal a dissipar-se. À primeira vista parece uma calçada com pedras arredondadas pelo uso prolongado






Na realidade trata-se do tecto do meu carro, ainda molhado por alguma chuva recente e fumegando com a evaporação provocada pelo Sol já com alguma potência