2015-04-13

Naum Gabo revisitado





No passado Natal uma vela foi colocada a curta distância da cópia de escultura de Naum Gabo que já exibi neste blogue e o fio de nylon derreteu em 3 ou 4 pontos tornando praticamente inevitável substitutir a totalidade do fio, pelas dificuldades quer em encontrar fio da mesma tonalidade do exposto à luz do dia durante 40 anos quer em emendar de forma discreta o fio único que constitui esta escultura.





Comprei portanto uma bobine de 100 metros de fio de pesca de 0,50mm de espessura, de cor cinzenta (gris), praticamente incolor, ao pé dos armazens da Matinha em Lisboa, custou-me salvo erro 2,50€, o custo da reparação é quase exclusivamente tempo de trabalho. No final sobraram 6,50m de fio.

Desta vez, tirei umas fotos durante a construção, para eventuais interessados em fazer uma cópia caseira. Já dei algumas indicações sobre a construção neste post mais antigo.





A parte mais fácil da colocação do fio da escultura é a primeira metade, em que o fio de nylon se limita a passar à volta dos 4 quadrantes, passando alternadamente pela parte superior de um quadrante .


De uma forma geral desenrola-se cerca de um metro de fio da bobina ( convém manter pequena a quantidade de fio de nylon fora da bobina, para evitar que se embarace) passando o fio por cada ranhura, esticando-o  e colocando um pouco de fita-cola sobre a ranhura para evitar que o fio se solte e também para dificultar o deslizamento do fio pois a fita-cola adere ao fio que passa pela ranhura.


Na figura ao lado metade das 90 ranhuras de cada quadrante estão preenchidas.


Um bocado inicial do fio, de cerca de 10 ou 15cm está preso por fita-cola ao plástico (em baixo, julgo que não visível)  bem como uns 7 cm na metade superior do plástico do lado direito, que fica assim preso entre duas sessões de passagem do fio, que podem ser intervaladas por vários dias, nem sempre existe disposição para este trabalho minucioso.


Mostro a seguir outra vista da mesma situação da construção da escultura.



A segunda metade da colocação do fio da escultura é a mais difícil pois o fio tem que passar agora entre fios já colocados.




Uma das operações indispensáveis é passar o fio ainda enrolado na bobina (cerca de 50m neste caso) para à volta de um cartão grosso em forma de um H, de forma que o fio possa passar por entre os fios já instalados.


Na figura ao lado mostro os fios que coloquei 10 e 20 ranhuras à frente das últimas instaladas neste instante para me guiar na passagem do fio.


Enquanto há 40 anos passara o fio sempre no intervalo entre dois fios adjacente ao intervalo atravessado na volta anterior, desta vez fui menos estrito e atravessava o intervalo em que os fios já instalados não eram afastados da sua posição.


Os fios opacos visíveis na imagem foram instalados passando pelas ranhuras que deviam passar, passando também pelos intervalos entre fios já passados sem os desviar da posição.






No post que referi anteriormente era visível que  em dois dos quadrantes havia fios desviados por outros. Agora isso não acontece, ou acontece bastante menos, conforme se pode constatar nesta imagem tirada no fim:



Durante a 2ª parte da instalação do fio foi necessário usar 3 tamanhos de cartão em H porque os necessariamente mais largos no início (para o fio não ocupar muito espaço em cima do carão) ficavam excessivamente largos a certa altura.

Nesta foto próxima do fim mostro dois dos cartões usados para conter o fio

   

 e na seguinte os 3 cartões usados, com réguas a mostrar as suas dimensões:



Na imagem seguinte vê-se a obra com o fio passado por todas as ranhuras mas com as fita-colas ainda postas, vendo-se a marcação das ranhuras de 5 em 5. Como os números foram escritos sobre a fita-cola, dessapareceram quando esta foi retirada.



E termino com a escultura de regresso ao sítio habitual, desta vez fotografada à luz do dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na próxima vez, em vez dos cartões use uma lançadeira:
http://www.campograndems.net/fazbal/Roca_e_Tear.htm
http://www.fotosearch.com.br/CSP497/k4970596/

jj.amarante disse...

Espero que não haja próxima vez mas irei considerar essa possibilidade.

Mesmo assim talvez nos teares haja mais espaço para o fio da urdidura passar entre os fios da trama e não exista lançadeira suficientemente achatada.