Finalmente Vítor Bento escreveu um ensaio sobre a Eurocrise em que foca a atenção sobre a impossibilidade da existência de um mundo em que todos os países tenham excedentes no seu comércio com os outros!
Não me esqueço do contragosto manifestado por Durão Barroso, quando ainda presidente da comissão, de ter tido que levantar um processo à Alemanha por desequilíbrio continuado do seu comércio externo, como por exemplo neste relatório. Dizia ele num à parte que gostaria que todos os desequilíbrios que tivesse que estudar fossem do tipo de excedente, como era o caso da Alemanha.
Em tempos escrevi um post sobre este tema, aqui. Claro que toda a gente sabe isto mas parece que o pensamento actualmente dominante prefere ignorar sistematicamente que ter excedentes é tão insustentável como ter déficits.
Foi assim com muito gosto que li o ensaio de Vítor Bento publicado no "Observador", onde se pode ler:
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Esta forma de ajustamento tem, portanto, envolvido uma efectiva transferência de bem-estar social (incluindo emprego) dos Deficitários para os Excedentários. E aqui reside a grande falha da argumentação moral que tem subjazido à condução do processo, pois que não são os Excedentários que têm estado a sustentar o bem estar dos Deficitários, mas o contrário. Nestes termos, a justiça do processo de ajustamento em curso só poderia ser restabelecida com uma transferência efectiva de recursos (e não de empréstimos) dos Excedentários para os Deficitários.
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