2015-12-30

Marlis Hoops


Redescobri na arrecadação uns mini-puzzles que foram usados pelos filhos quando pequenos e agora pelos netos.

Tratam-se de puzzles de 48 (8 x 6) peças feitos pela HEYE, uma companhia alemã, que continua a fazer puzzles.

As imagens minhas preferidas destes mini-puzzles de que mostro uma caixa



foram feitas por uma artista chamada Marlis Hoops, talvez uma berlinense. Tive dificuldade em encontrar informação sobre ela na internet, as 3 figuras que mostro a seguir têm datas de 1977-1978.

Supondo que no mínimo teria 22 anos em 1977, teria agora no mínimo 60 anos. Talvez já não esteja viva.

Coloquei a imagem seguinte no Google Imagens



e embora me tenham aparecido várias imagens de felinos, não apareceu nenhuma pintura da  Marlis Hoops, foi preciso colocar o nome para finalmente me aparecer esta pequena referência. Mostro a seguir a mesma imagem mas feita a partir das peças do puzzle.




Depois constatei que existem muitas referências em alemão à artista mas fiquei a pensar que o Google "procura melhor" os textos escritos em inglês.

Mostro agora a imagem de outra caixa, também com gatos



referindo que, dada a minha distância da sociedade alemã, julguei ao princípio que o nome "Marlis" seria de um homem. Depois experimentei no Google "Marlis" e só me apareceram fotografias de mulheres.

Mostro a seguir o puzzle dessa caixa



e finalizo com imagens de um pato, também da mesma pintora de arte naïf



em que se nota bastante variação nas cores, as caixas foram obtidas usando um scanner enquanto os puzzles concluídos foram fotografados




Antes de terminar gostava de mostrar ainda outra imagem que, ao contrário das anteriores, é imediatamente reconhecida pelo Google Imagens:



Trata-se de uma obra contemporânea que foi transaccionada por dezenas de milhões de dólares. Na referência qua a wikipédia faz a esta obra, a primeira característica mencionada é precisamente o valor pelo qual a obra foi transaccionada. Um dia destes o seu possuidor talvez tenha que registar imparidades significativas. Não consigo resistir a dizer que o rei vai nu.

Boa passagem de ano para os leitores deste blogue e que o ano de 2016 traga boas novidades para todos.


2015-12-24

Couve Mandelbrot


Antigamente no Porto no Natal era hábito comer bacalhau com tronchuda. A tronchuda é uma variedade da couve portuguesa que é consumida mais no tempo frio e julgo que essa tradição ainda lá perdura.

Nos tempos que correm as regras são menos rígidas e hoje deparei-me com esta couve em forma de fractal que se devia chamar Mandelbrot.




Disseram-me no supermercado que tinha um gosto parecido à couve-flor, o que já confirmei cozendo parte em vapor e mostro também a prateleira do supermercado


para confirmar que não se trata de uma imagem 3D gerada por algum algoritmo implementado em silício mas por um algoritmo existente no ADN da planta em questão.

Chama-se Romanesca, sendo originária de Itália e mesmo nesta era de globalização só agora chegou a um supermercado perto de mim.

Dei uma vista de olhos pela internet e vi logo imensas referências a esta planta. Por exemplo, aqui tem algumas receitas.

Aproveito para renovar os votos de Boas Festas.




2015-12-20

Governação tranquila


O governo da maioria de esquerda começou bem, começando a corrigir várias medidas do governo anterior que, não tendo impacto económico, revelavam preferências que não são as minhas.

Começo pela substituição dos leilões de automóveis de luxo de um fabricante alemão por Certificados de Aforro num valor que dizem ser equivalente. Não tenho ouvido contestação à eficácia da medida que premeia quem pede factura no aumento do conhecimento pelo fisco de muitos rendimentos de comerciantes. Os estímulos materiais dão bons resultados em muitos casos e este é certamente um deles. Mas discordo profundamente da atribuição de um prémio "em espécie" constituído por um carro de gama alta. O governo anterior acusava os portugueses de viverem acima das suas possibilidades. Não fazia assim sentido premiar alguns com um automóvel cujo custo de  manutenção estaria provavelmente acima das suas possibilidades. E desde a invenção do dinheiro que não é necessário receber como pagamento ou prémio um objecto que eventualmente não nos faz falta e que teremos que trocar por outro objecto de que necessitamos mais. Um governo liberal pagaria em dinheiro vivo. O de Passos Coelho oferecia um prémio que só seria bom para gente rica, mesmo assim cerceando a possibilidade de escolha do premiado. O de António Costa é mais liberal pois usa Certificados de Aforro que são neutros quanto às preferências de bens materiais dos premiados, e sugerindo ao mesmo tempo que será interessante poupar parte ou a totalidade do prémio.

Continuo louvando a reposição da isenção das taxas moderadoras para os dadores de sangue. Talvez porque não dei tanto sangue como o que achava que deveria ter dado sinta um reconhecimento maior aos dadores de sangue. Isentar essas pessoas altruístas de pagar as taxas moderadoras não era um estímulo material para dar sangue, quem fosse tão pobre que pensasse em dar sangue para evitar o pagamento das taxas moderadoras já estaria de certeza isento, tratava-se antes de um gesto de agradecimento. O restauro da isenção para dadores de sangue é uma medida praticamente sem impacto orçamental e que mostra a gratidão da sociedade a essa boa gente que dá sangue para salvar vidas.

Finalizo com a intenção manifestada de acabar com o Banco de Fomento. Em Portugal existia um Banco de Fomento durante muitos anos, lembro-me dum edifício imponente na avenida Casal Ribeiro em Lisboa. Esse Banco de Fomento era uma instituição do Estado Português para fomentar o desenvolvimento económico, vindo de tempos remotos (antes do 25 de Abril!) em que se considerava que o Estado devia ter maior intervenção na economia. Esse banco foi privatizado, vendido ao BPI por volta do ano 2000, era Sousa Franco do PS ministro das finanças. Considerou-se provavelmente nessa altura que a iniciativa privada tinha muito mais capacidade para avaliar projectos de investimento do que um banco estatal. Passados apenas 15 anos e com uma tendência tão forte para privatizar tudo o que é do Estado sempre me pareceu incompreensível a recriação de um Banco de Fomento nesta altura. Para quê? Para privatizar daqui a um par de anos? Assim, a intenção de acabar com o Banco de Fomento parece-me uma boa notícia, tanto mais que a sua criação tem sido muito lenta.

Até novas tempestades, designadamente as do Banif e do Novo Banco, estamos assim numa fase de governação tranquila, corrigindo erros de percurso, uns maiores de que não falei agora e outros menores mas irritantes como os que acabo de mencionar.

A condizer mostro mais um fim-de-tarde calmo à Beira-Tejo com uns selfies das nossas sombras



seguido dum detalhe da foto anterior em que as aves à distãncia são quase só sugestões,



finalizando com a terra, a água e o ar em grande harmonia, e uma bóia vermelha que faz pensar no fogo



2015-12-16

Bruxelas no Natal


Tirei estas fotos no fim de Novembro do ano passado em Bruxelas. Fazem-me lembrar postais ilustrados, faz de conta que são cartões de Boas Festas, emitidos com alguma antecedência para os leitores deste blogue.

Primeiro a Câmara Municipal da cidade, na "Grand Place"




e depois outra vista da "Grand Place", com uma árvore de Natal, grande mas não exagerada




2015-12-11

As Galáxias e a Origem do Universo



Ofereceram-me mais um livro de banda desenhada sobre temas científicos (o outro referido aqui), desta vez o Cosmicomix, sobre a descoberta do Big Bang, de que gostei muito e que tem uma boa apresentação num post do blogue De Rerum Natura.

Durante a leitura surpreendeu-me a referência no Congresso da Academia Nacional de Ciências dos E.U.A. em 26/Abril/1920 a um grande debate também aí em curso sobre se as numerosas nebulosas espirais que se viam nos melhores telescópios de então seriam galáxias iguais à nossa Via Láctea onde se situa o Sol.

Eu lembrava-me dos programas de Carl Sagan na televisão e depois do seu livro “Cosmos”, publicado pela Gradiva que li em 1985. Fui agora ver na net, verificando que a série composta por 13 episódios e emitida em Setembro/1980 foi vista por 500 milhões de pessoas. Constatei também que o livro “Cosmos” foi o 5º da colecção “Ciência Aberta” da Gradiva, uma editora portuguesa fundada em 1981 e que tem dado ênfase a publicações de divulgação científica.

Nessa série a teoria do Big Bang, como explicação da origem do Universo numa enorme explosão, era dada como a melhor descrição científica do que se tinha passado. A melhor prova disponível para essa teoria, foi premiada com o prémio Nobel de Física de 1978, atribuído a Arno Allan Penzias e Robert Woodrow Wilson pela descoberta da radiação cósmica de fundo na frequência das micro-ondas. Os premiados tinham publicado a sua descoberta em 1965. A atribuição dos prémios Nobel rodeia-se de bastantes cuidados, neste caso o reconhecimento veio 13 anos depois.

Nessa série falava-se também da existência das galáxias, agregados de milhões de estrelas como a Via Láctea e outras “nebulosas” que povoam o céu nocturno. Eu lembrava-me de no final dos anos 60 ter lido uns livros de ficção científica em que falavam de viagens intergalácticas, em que as galáxias já apareciam como agregados de estrelas mas fiquei curioso de saber o que teria aprendido no liceu sobre este tema.

Entretive-me então a tentar descobrir em que disciplina o tema poderia ter sido abordado. Não seria assunto para a Biologia onde se descrevia os reinos vegetal e animal, o corpo humano, sua anatomia e fisiologia e a evolução da vida na Terra. A Física tratava das leis mais simples da Mecânica, do Calor e da Electricidade, não faria sentido falar em modelos cósmicos. A Geologia, no 7º ano do liceu, equivalente ao 11º ano do ensino actual tratava da constituição do planeta Terra e da sua história, restavam as Ciências Geográfico-Naturais, disciplina que constava do curriculum do 1º e 2º anos do liceu, os agora 5º e 6º anos.

O livro de J.Correia Monteiro que ainda guardo dessa época de que mostro a capa e a contra-capa

    

era o que estava em vigor (livro único) nos anos lectivos de 1959-60 e 1960-61 em que passei respectivamente pelos 1º e 2º anos do liceu.

No início desse livro, logo na página 9, são referidos os diversos astros visíveis no firmamento, que pertenciam a 4 categorias: Estrelas, Planetas, Cometas e Nebulosas



Das nebulosas refere-se o seu aspecto de manchas esbranquiçadas mas o livro é completamente omisso sobre a existência de galáxias e das estrelas que as constituem.

É um pouco estranho que o livro escolar não fale sobre as galáxias e a sua composição, esta falta de informação sobre conhecimentos adquiridos 30 anos atrás revela talvez alguma lentidão. Gostava de saber como se passam estas coisas noutros países, quanto tempo passa entre uma descoberta científica e o seu aparecimento em livros de texto.

E vou acumulando evidências de que já tenho uma idade considerável, embora muito mais novo do que qualquer das galáxias observáveis.

A galáxia que está mais ao pé da nossa Via Láctea é a galáxia de Andrómeda de que deixo aqui uma imagem muito bonita captada pela NASA, que fui buscar ao artigo da Wikipédia.





Errata do Cosmicomix: na 1ª edição de Julho de 2015 existe um erro de tradução na página 37, pois enquanto na versão original em italiano mostrada na página 143 diz:
"Ora, immagina che la stanza riceva un'improvvisa spinta dal basso"

que o google tradutor traduz correctamente para:
"Agora, imagine que o quarto recebe um impulso repentino do fundo" (ou de baixo)

na edição referida a frase foi traduzida para:
"Agora, imagine que o quarto de repente recebe um impulso para baixo"

2015-12-04

Areal quase deserto


Há alguns dias, na areia seca da Praia da Rocha.




Quando vejo estas pegadas na areia costumo pensar que o caminhante não estava a ouvir o álbum "Learning to fly" dos Pink Floyd

2015-12-01

O Ginkgo Biloba do largo do Príncipe Real


Tenho grande simpatia pelos Ginkgo Bilobas, com as suas folhas bilobadas que lhes dão parte do nome. Ginkgo é uma das poucas etiquetas (labels) que uso neste blogue , para dar acesso a todos os posts onde aparece esta árvore

O ano passado tirei estas fotos em 21/Dezembro mas depois acabei por não as mostrar. Julgo que a cena este ano será parecida pelo que publico já, pois só faltam 3 semanas para o fim do Outono.













Ouro sobre azul!


2015-11-28

Aves nos Olivais e em Lisboa


Em  Julho deste ano ao passear nos Olivais ao fim da tarde ouvi uma grande barulheira que constatei depois ser feita pela pequena ave no topo da árvore que mostro a seguir:



Mais uma vez tive que usar o telemóvel pelo que mal se vê a avezinha, mesmo usando a ampliação máxima da mesma imagem:



Nessa altura tinha visto uma referência no jardim da Gulbenkian ao Periquito-de-colar, uma ave tropical abundante na Ásia e África e que se tem dado bem por Lisboa e outras terras de Portugal.

Neste mês de Novembro avistei também nos Olivais Sul outra ave



que uma pessoa da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves ) simpaticamente  identificou como sendo um Gaio. Soube depois que também têm avistado Gaios no jardim do reservatório da EPAL situado no alto da rua Cidade de Bissau.

Ao colocar esta imagem no Google apareceram-me várias aves, entre elas uma de outro Gaio, mostrando que a identificação de seres vivos pelo Google imagens, embora fazendo progressos, ainda pode ser muito aperfeiçoada.

Se eu tivesse ido ao sítio das Aves de Lisboa, que é uma porta para as Aves de Portugal talvez tivesse chegado á mesma conclusão.

Há muita actividade para além da política que, embora seja muito importante não deveria ocupar tanto espaço nos canais da TV de informação. Em Portugal dá a sensação que esses canais falam exclusivamente de política, futebol e economia, parece-me que por esta ordem.

Toda esta conversa fez-me ainda lembrar um filme muito interessante sobre as aves de Lisboa e o trabalho do LxCRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) para a sua conservação:



 

2015-11-24

Laranja gigante


Fui surpreendido no mercado de Portimão por esta laranja gigante que pelo tamanho mais parecia uma toranja. Nessa banca havia vários exemplares de dimensão semelhante mas trouxe só a que mostro na foto, que pesava 730 g! A qualidade não era exceptional mas era boa.




Desde que num restaurante me trouxeram uma laranja descascada cortada às rodelas, enriquecidas com mel e canela, passei a polvilhar canela com bastante frequência nas rodelas de laranja. O mel só raramente porque as nossas laranjas costumam ser doces.


2015-11-18

Cogumelos nos Olivais


No meu agora passeio matinal passei por este coto de árvore com uma população de cogumelos dispostos numa formação "em escada" que achei curiosa.



Perguntei a um amigo que se interessa por cogumelos que espécie seria e ele disse-me que se devia tratar de Armillaria Mellea, um fungo que costuma aparecer nas árvores e que é fatal para várias espécies de árvores.
A seguir mostro a mesma imagem mais ampliada




Na Wikipédia existe uma versão em língua galega sobre a mesma Armillaria com uma imagem interessante.

Fiquei na dúvida se cortaram algumas árvores como esta nos Olivais por terem sido atacados pelo fungo ou se o fungo "aproveitou" o coto restante do abate. Noto contudo que não aparecem rebentos neste coto de choupo, ao contrário do que tenho observado noutros casos, o que me faz inclinar para a primeira hipótese.

A foto de cima foi tirada no dia 12/Nov/2015, a seguinte no dia 16. As manifestações visíveis dos fungos aparecem com frequência e desenvolvem-se depressa, mas a decadência também é rápida:




Um resumo da História da Síria



Muito bem resumida em 10 minutos uma situação tão complexa, num filme recomendado pela Isabel Meireles no jornal Expresso:



Se falhar pode tentar directamente este sítio.

2015-11-14

Guerra em Paris e Instituto do Mundo Árabe


À medida que o mundo se vai globalizando aumenta também a globalização das consequências dos desastres que antes eram mais locais.

Na Europa tivemos essa experiência em 1914-18 e depois com maior intensidade em 1939-45.

Foi pouco depois desta última devastação que foi criada a União  Europeia, precisamente para tentar evitar a Guerra na Europa através do aumento de trocas comerciais, que além de serem mutuamente benéficas, criariam laços de amizade e de interesses mútuos.

Ama o teu próximo como a ti mesmo ou, não matarás (sobretudo o teu próximo visto que é aquele que deves amar) seria assim estendido aos clientes e f ornecedores. A ética do homo economicus desaconselha que se mate quer o nosso cliente quer o nosso fornecedor de artigos que podemos revender com boa margem ou obter para consumo a preço muito interessante.

Não se tem conseguido até agora estabelecer relações económicas mutuamente vantajosas entre o Ocidente e o Médio Oriente onde, para complicar mais as coisas, persiste uma cultura da morte mais acentuada do que no Ocidente.

Por cá já se apreciou muito os actos de heroísmo da carne para canhão da Guerra de 1914-18 e de vez em quando há quem fale que já não há valores pelos quais valha a pena dar a vida (morrendo). Felizmente tem-se observado uma evolução no Ocidente para lutar por valores pelos quais se dá a vida vivendo.

Mas não se pode continuar a “ignorar” os desastres que se desenrolam no Médio Oriente porque eles acabam por vir dar à nossa porta, como ontem aconteceu com estes atentados horríveis em Paris. Com esta escalada do nível de violência o Ocidente terá que intervir com maior intensidade nos seus vizinhos. Resta determinar como melhorar a estratégia seguida até aqui que acaba de se revelar insuficiente.

Há quem se interrogue porque será a França um alvo importante dos atentados terroristas. Mesmo assim o atentado que causou maior número de mortos na Europa continua a ser o da estação da Atocha em Madrid. Mas existe uma razão simples, a França tem uma interacção forte com o mundo árabe e é um bode espiatório externo muito óbvio quando as coisas correm mal por lá.

Não é por acaso que existe em Paris o Institut du Monde Arabe, uma organização com sede num edifício magnífico inaugurado em 1987 do arquitecto Jean Nouvel e Architecture-Studio ( ).

Uma das fachadas tem este aspecto exterior




que vista no detalhe se constata ser composta de vidro e dispositivos metálicos de geometruia variável cuja imagem fui buscar aqui




tendo reduzido o número de pixels na imagem anterior e enquadrado o detalhe na imagem seguinte, mostrando que cada orifício do dispositivo metálico tem uma dimensão regulável




e usando padrões geométricos de inspiração tão frequente na decoração dos edifícios árabes.

Na imagem seguinte mostro o interior do edifício cuja imagem fui buscar aos prémios Aga Khan para Arquitectura




constatando-se o sucesso na criação dum ambiente que capta a atmosfera de alguns edifícios dos países em que é preciso alguma protecção contra o excesso de luz.


2015-11-10

Outono, nova Estação, nova Situação (reforma) e talvez novo Governo


Lisboa não é o sítio ideal para contemplar os amarelos, laranjas, acobreados e vermelhos da vegetação, mais  comuns e tão bonitos em maiores latitudes.

Em Portugal lembro-me de ter visto uma composição notável de rectângulos de várias cores das vinhas nas encostas do vale do Douro, na antiga estrada de 120 curvas de Lamego para a Régua, mas ultimamente não tenho passado por lá nem por outros sítios do país onde provavelmente existirão florestas de alguma dimensão com árvores de folhas caducas.

Assim limito-me a mostrar uns ramos duns carvalhos do Parque das Nações que já referi num post em Nov/2013 (http://imagenscomtexto.blogspot.pt/2013/11/carvalhos.html ) que dão pelo nome quercus palustris, vulgo carvalho-vermelho-americano.





Esta manhã dei um passeio à beira-Tejo de manhã, já na minha nova condição de reformado, desde o dia 1 de Novembro deste ano, e constatei neste conjunto de árvores a falta de tons Outonais de que me “queixei” acima:




Este ano o Verão de S.Martinho em curso foi precedido de alguma chuva pelo que os campos amarelados do fim do Verão deram lugar a esta erva muito verde, ainda na beira-Tejo:




Quem quiser ver tons outonais clássicos deve-se dirigir ao 2 Dedos de Conversa onde a Helena Araújo nos continua a oferecer fotografias de cores de Outono e de nuvens em vales de grande beleza.

Parece que os acordos do PS com os outros partidos da esquerda irão viabilizar um governo PS com apoio parlamentar.

A agressividade dos discursos recentes da direita têm-me levado a pensar na montanha-russa pela qual tem passado: de uma derrota anunciada por praticamente toda a gente passou a uma esperança de que o PS não tivesse a maioria absoluta, depois entreviu a possibilidade da coligação ter uma maioria relativa que se concretizou na noite das eleições, com uma continuação governativa praticamente assegurada, para afinal começar a aperceber-se que essa continuação estava gravemente ameaçada, depositar esperanças numa luta interna do PS, em que a facção liderada por Francisco Assis se revelou afinal de pequena dimensão e talvez alguma esperança em problemas de última hora das negociações do PS com os parceiros.

Tenho achado alguns dos argumentos da direita muito fracos, designadamente:
- a insistência na existência de um vencedor e de um derrotado numa eleição em que existem mais do que dois concorrentes;
- a referência a uma tradição que não tem nada de essencial no âmbito da nossa Constituição e cuja existência derivava da dificuldade que sempre existiu na prática do PS fazer acordos à esquerda;
- a ânsia de poder do António Costa e uma sua alegada arrogância, argumento que a maior parte das vezes deriva da projecção sobre o outro dos seus próprios problemas;
- a referência constante à NATO, como se esse fosse um tema falado ou com alguma relevância nas discussões políticas nos últimos 4 anos.

Aguardo com espectativa os próximos capítulos que podem trazer muitas surpresas.

Noto com agrado que na sondagem apresentada no ultimo Expresso a popularidade de António Costa é muito superior à de Passos Coelho e que depois do acordo as pessoas continuariam a votar no PS, BE e CDU em percentagens semelhantes às observadas na eleição, demonstrando assim a incorrecção da conjectura de que as pessoas votariam de forma significativamente diferente caso soubessem antes que seria possível a celebração de acordos do PS à sua esquerda.

2015-11-01

Semente de Ulmeiro (?)


Ao pé da minha casa nos Olivais Sul existem dois ulmeiros que já referi em 3 posts deste blogue.

Num deles refiro que em Maio de 2015 fiz germinar uma ou duas sementes dos milhares que os ulmeiros estavam a largar, como habitualmente, nesta última Primavera.

As sementes germinaram bem numa floreira pequena numa varanda.

Entretanto, na esperança de obter um ulmeiro-bonsai, fui regando regularmente a floreira, o que deve ter despertado um conjunto apreciável de ervas talvez classificadas como "daninhas" mas que deram um aspecto que me agradou em Julho de 2015:




de que mostro um zoom




entretanto chegou Agosto em que estive no Algarve e quando voltei em Setembro apenas o ulmeiro se mantinha verde, tendo sobrevivido até agora, como se constata na foto que tirei ontem






2015-10-26

Château de Chantilly


Situado 40km ao norte de Paris o Château de Chantilly, situado em Chantilly, tem aquelas decorações de ouro sobre branco cujo enorme sucesso as tornou um bocado "enjoativas". Contudo, agora que já não estão constantemente a aparecer, "reconciliei-me" com elas, achando-lhes um certo encanto.

Mostro um canto de uma sala do referido Château



seguido dum  pormenor numa parede


e dum motivo num painel mais pequeno.


Não consigo identificar a origem das formas usadas nestas decorações, à parte serem vagamente vegetais.


2015-10-20

Os Mitos do Estado Social Português



Foi publicado há pouco tempo este livro muito interessante de Pedro Adão e Silva  e de Mariana Trigo Pereira sobre os Mitos que são divulgados pelos inimigos do Estado Social ou, mais simplesmente por pessoas que não se dão ao trabalho de se informar sobre estes temass.

Os seres humanos têm a capacidade de conceber situações diferentes das que ocorrem actualmente, o que lhes permite progredir para situações melhores do que a actual. Mas além de possíveis movimentos para situações piores, esta capacidade extraordinária de conceber mundos diferentes da realidade torna também possível a Mentira, usada para condicionar o pensamento e as convicções sobre o que é possível e o que não é possível de atingir na sociedade em que vivemos.

Este livro que na Introdução fala sobre o papel destes Mitos organiza-se depois em 8 capítulos sobre outros tantos Mitos que são versões deturpadas da realidade ou, mais simplesmente, mentiras.

1º Mito: Portugal tem um Estado Social acima das suas possibilidades

2º Mito: Os políticos usam a despesa social para ganhar eleições

3º Mito: O Estado Social está falido

4º Mito: A prioridade do Estado Social é ajudar os mais pobres

5ª Mito: O sistema de pensões é injusto porque muitos pensionistas recebem pensões milionárias

6º Mito: Não fora o terceiro sector e a sociedade portuguesa não teria respostas sociais

7º Mito: Os beneficiários de pensões muito baixas são todos pobres

8º Mito: A culturade dependência e as fraudes minam o Estado Social

O livro tem 192 páginas, lê-se com agrado, com explicações claras sobre todos os assuntos.


Lembrei-me dum post que publiquei há bastante tempo mostrando um vídeo da Martha Nussbaum sobre a necessidade da sociedade apoiar todos os seus membros.

2015-10-17

Nobel da Medicina de 2015


Quando li “A Riqueza e Pobreza das Nações” de David S. Landes impressionou-me a descrição dada pelo autor das difíceis condições de vida dos habitantes das zonas tropicais, designadamente das doenças que os atacavam.

A Malária será a mais comum, quer em número de casos quer no conhecimento da sua existência, até porque já foi endémica por cá, principalmente nos arrozais dos vales do Sado, Tejo e Mondego tendo sido dada por erradicada de Portugal pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 1973 (1).

Já a Oncocercose também chamada “cegueira dos rios” será menos conhecida em Portugal, infectando 18 milhões de pessoas em  todo o mundo, localizadas sobretudo na África Tropical e no Brasil. É causada por um tipo de nemátodo (antigamente os nemátodos chamavam-se nematelmintas). Os nemátodos são cilíndricos e com comprimento não excedendo os 2,5mm. Os que parasitam o homem vão causando diversas perturbações ao hospedeiro que, quando não tratado, pode ficar cego ao fim de alguns anos. Um dos vectores da transmissão é uma mosquinha que no Brasil chamam “borrachudo” (Simuliidae, ver também Black fly) provocando feridas com tendência para infectar nos tornozelos das pessoas.

Mostro uma imagem de “Te Ara, The encyclopedia of New Zealand, Story: Sandflies and mosquitoes



que me fez lembrar o livro “Castaway” de Lucy Irvine que referi neste post onde ela falava dos problemas do companheiro com as picadas das “sand flies” de que encontrei também outra imagem aqui (de uma companhia de seguros).



Nem sempre estas picadas levam a infecções parasitárias graves mas causam sempre terríveis comichões.

Para não ficarem dúvidas sobre a minha preferência por ambientes urbanos onde a natureza é apresentada em jardins bem mantidos refiro ainda os problemas dos militares americanos estacionados em Hawijah no Iraque e de turistas nas Caraíbas.

Mas chegando finalmente ao título deste post, o prémio Nobel da  Medicina de 2015 foi atribuído (da esquerda para a direita) a William C. Campbell (irlandês), Satoshi Omura (japonês) e Tu Youyou (chinesa).




Metade do prémio foi para os dois primeiros (verminoses) enquanto a outra metade foi para Tu Youyou que descobriu a Artemisinina, importante no combate da Malária e que acabou por se revelar também interessante no combate a alguns vermes que parasitam os seres humanos.

A atribuição pela primeira vez de um prémio Nobel (adenda: da Medicina) a uma pessoa chinesa é um evento com significado. Também a academia sueca passou a considerar a China como um “membro de pleno direito” da sociedade das nações, neste movimento até agora irresistível de globalização e de reocupação do lugar importante que a China viu interrompido no ultimo par de séculos.

A origem do projecto não é muito entusiasmante, tendo alegadamente resultado duma diligência de Chou-en-Lai junto de Mao Tsé Tung para autorizar um projecto de pesquisa, apoiada na medicina tradicional chinesa, para descobrir remédio eficaz para mosquitos que se tinham tornado resistentes à cloroquina, droga que perdera eficácia nos mosquitos que atacavam os guerrilheiros do Vietnam do Norte nomeadamente no trilho de Ho-Chi-Minh, cheio de túneis, por onde se deslocavam para o Vietname do Sul. Não foi portanto uma preocupação associada ao bem estar da população mas mais uma necessidade militar.

De qualquer forma a consulta a textos antigos chineses facilitou a selecção da planta que continha o princípio activo Artemisinina e a consulta mais profunda dos textos ajudou também na selecção do método de extracção de Artemisinina que deveria ser feito com água à temperatura ambiente, no sentido de pouco quente.

Nos textos que li e uma pessoa chinesa com quem falei transmitiram-me a existência de dúvidas sobre a adequação da atribuição do prémio a uma única pessoa, tratou-se dum trabalho envolvendo muita gente. Contudo, a nobelizada terá a oportunidade de dizer isso mesmo na cerimónia em Estocolmo, vamos ver o que acontece.



(1) Malária: Passado, Presente e (que) Futuro, Alexandra L.A. Esteves (Malária: Passado, Presente e (que) Futuro)