2014-11-29

Beira-Tejo em 19/Out/2014


Há cerca de um mês fui dar um passeio à beira-Tejo a partir do Terreiro do Paço em direcção ao Cais do Sodré, no espaço finalmente rearranjado da Ribeira das Naus. Estava um fim de tarde magnífico, com uma temperatura muito agradável para a época, uma imensidão de passeantes e turistas sentados a contemplar o rio que parecia um lago.

Já ao pé do Cais do Sodré estava este cais flutuante, em tempos construído pela Mague, empresa metalomecânica vítima do processo de desindustrialização do país, julgo que encerrou em 1996.



No pontão ligando o cais à margem estavam vários fotógrafos de atenção predominantemente focada no sol poente


que bem valia uma foto, como se constata a seguir



2014-11-22

Os Outonos da Europa


Aqui em Lisboa é preciso uma paciência de chinês para se observarem verdadeiras cenas de Outono, designadamente as folhas amarelas, alaranjadas, cor-de-cobre ou avermelhadas das nossas árvores.

Como o tempo arrefece muito devagarinho as folhas vão amarelecendo e caindo em pequena quantidade o que faz que as árvores não apresentam uma grande quantidade de folhas de tons quentes, com poucas excepções, designadamente os ginkgos bilobas.

Tive uma reunião no dia 7/Nov em Chantilly (o creme do mesmo nome foi inventado na Itália e não lá) , uma pequena povoação uns 60km a norte de Paris onde fotografei umas árvores já completamente desfolhadas em contra-luz num pôr-do-sol. Havia ainda muitas folhas noutras árvores, talvez estas fossem mais batidas pelo vento, talvez seja uma foto mais apropriada para ilustrar o Inverno mas aqui fica a imagem:




dois dias depois, no dia 9/Nov, já em Lisboa, gostei deste arvoredo na quinta do Contador-mor nos Olivais Sul de que dou uma vista abrangente



mostrando depois um zoom da mesma foto




e ainda mais zoom




Chegado aqui tenho que reconhecer que o Outono deste ano em Lisboa tem sido bastante chuvoso, até já tivemos umas inundações em sítios inesperados, talvez tenha sido essa abundãncia de água que tenha ajudado esta exuberãncia vegetal, mas neste dia o Sol tinha regressado e fiquei a pensar que estava perante um verde sobre azul.


Assim, para ver as cores de Outono a meio do Outono sem ter que esperar pelo fim da estação, uma pessoa vê-se forçada a recorrer à observação de outras paragens, designadamente as alemãs, onde a Helena nos presenteia mais uma vez com imagens lindíssimas.

Fui buscar a seguinte, de uma enorme delicadeza e complexidade, aqui




e esta outra, com a simplicidade do ouro sobre azul, aqui:




P.S. Bem, hoje ao circular por Lisboa constatei que afinal já se vêem bastantes folhas outonais. Mas as verdes ainda são a maioria.

2014-11-18

A Última Imperatriz


Depois de ler o livro “Cisnes Selvagens”, que referi aqui e aqui evitei ler a biografia de Mao-Tse-Tung, escrito pela mesma autora Jung Chang. Na altura já não tinha ilusões sobre a existência de lados muito negros da vida de Mao e achava que o que já lera e ouvira sobre os desastres da Revolução Cultural, designadamente nesse livro dos “Cisnes Selvagens” era suficiente.

Mesmo assim tomei nota em 2009, numa excursão à China passando por Beijing, quando o guia disse que actualmente se considerava que o Mao-Tse-Tung fizera 70% de coisas boas e 30% de coisas más.

Agora não resisti a ler o novo livro de Jung Chang, desta vez  sobre a imperatriz viúva Cixi, que viveu de 1835 a 1908. À partida a autora, que se doutorou em Linguística na Universidade de Oxford, nasceu na China em 1952, emigrou para a Inglaterra em 1978 e é casada com um historiador irlandês, teria óptimas condições para fazer pontes entre o Oriente e o Ocidente, com o conhecimento profundo das culturas chinesa e inglesa, podendo numa obra de divulgação ultrapassar alguma falta de formação da disciplina de História.

Achei o livro muito interessante nas descrições factuais, mas pouco sólido na análise das razões de alguns dos sucessos da imperatriz e excessivamente a favor da mesma.

Conforme referi num pequeno resumo de implantações de repúblicas na Europa, o fim dos regimes monárquicos ou imperiais acontece quando a extrema degradação das condições de vida dos habitantes dum país leva a maioria das pessoas a considerar que a monarquia não vai conseguir resolver os problemas existentes.

Num país tão grande e populoso como a China seria previsível que a mudança de regime assumisse a dimensão de um cataclismo, e assim aconteceu. O livro trata do que se passou antes da implantação da república e constatei que os chineses tinham bastantes razões para acreditar que com o regime imperial não iriam conseguir endireitar o país.

Depois de ler o livro vi umas tantas críticas que confirmavam as minhas impressões sobre a excessiva parcialidade na avaliação benigna da imperatriz.

2014-11-15

A importância de "XX", quando de um Congresso se trata


O embaixador Seixas da Costa não foi o único a reparar no destaque dado ao "XX" num cartaz do Partido Socialista.

Ao fim da tarde de hoje o cartaz do PS, ao pé da rotunda do Relógio, já tinha sido vandalizado, conforme se constata nesta foto que tirei quando parado no sinal vermelho



e que deformei para se "ver de frente":



Terá sido uma reacção pavloviana de um Estalinista?


2014-11-11

Imagens que chamam a atenção


Em meados de Outubro guardei esta imagem que me chamou a atenção



Usando o Google images foi fácil descobrir que se tratava de uma imagem promocional de uma série de TV americana chamada Homeland conforme referido na wikipédia aqui. Pelo que li trata-se de uma agente da CIA em missão no Afganistão, donde estar rodeada de burquas. Parece-me estranho que uma personagem que é agente da CIA se vista de forma tão pouco convencional em relação ao sítio onde está mas, bem vistas as coisas, trata-se de uma necessidade não narrativa mas de impacto da fotografia. Deve ser por isso que as burquas, que tenho visto sempre em vários tons de azul, aparecem aqui em cinzento escuro. É para aumentar o contraste e o destaque do véu em vermelho vivo (género Ferrari) e do cabelo loiro esvoaçante da heroína da série.

Por falar em vermelho vivo, uma revista Economist recente tem a parte central dedicada ao Irão e esta foto do Sunday Times,



onde se constata a existência de um exemplar com cor viva num dos casacos até aos joelhos que são uma das normas de vestuário feminino no Irão, quase sempre com "cor-de-burro-quando foge". Notar a quantidade grande de cabelo visível à frente do véu, quer na mulher de casaco vermelho quer na de casaco castanho à direita

Nesta outra foto que tirei em Isfahan em 2010, a professora desta turma de raparigas estava frequentemente a avisar as alunas para puxarem o véu um pouco  mais para a frente para não ficar tanto cabelo visível.



Achei graça a esta menina, que estava no mesmo local em Isfahan.



Talvez não tenha de usar véu quando for crescida...

2014-11-05

Associar imagens


Decorreram eleições no Brasil no passado domingo. Surpreende-me a violência da sociedade brasileira, quer no número de homicídios, quer no número de outros crimes violentos. Mesmo no quotidiano mais normal surpreendeu-me a violência verbal dos debates na TV, as intervenções apaixonadas dos jornalistas e mesmo a violência dos próprios filminhos de apanhados.

Vi assim com simpatia a vitória da Dilma, que me parece melhor posicionada para combater as enormes desigualdades e injustiças da sociedade brasileira.

Mas quem estiver interessado em análises da política e da sociedade brasileira ganhará em dirigir-se ao blogue do embaixador Francisco Seixas da Costa, onde neste post encontrei esta imagem


que entretanto desapareceu do post referido. É frequente encontrar imagens de grande qualidade no blogue "duas ou três coisas".

Impressionou-me a transformação tão bem executada da bandeira do Brasil num olho humano



mas não consegui identificar o autor. O trabalho dos designers nem sempre é devidamente reconhecido.