2014-06-08

θέατρο


Quando vou à Grécia um dos meus passatempos frequentes é tentar decifrar as palavras escritas com o alfabeto grego que me vão aparecendo.

Não sei grego mas na Matemática e na Física fui usando a quase totalidade do alfabeto grego, além dos parâmetros que iam aparecendo na matemática, como os coeficientes α (alfa), β(beta), γ(gama), δ(delta), os ângulos que muitas vezes eram designados por θ(teta), as quantidades pequenas que costumavam chamar-se ε(epsilon) e também na física onde  havia o τ(tau) que costumava designar o tempo e o ρ(ró) para a densidade de carga eléctrica. A wikipédia tem naturalmente uma entrada sobre o alfabeto grego.

Por outro lado, muitas palavras da língua portuguesa derivam de palavras gregas, no liceu dizíamos que “ou vem do grego ou do latim”.

Neste caso temos um θ inicial seguido de um έ que faz pensar em “té” seguido de um α dando “té-á” a que se junta um τ passando a “té-á-t” e depois com o ρ a “té-á-tr” e com o omicron final (letra pouco usada em matemática dada a sua forma idêntica ao nosso “o”) fica “té-á-tró” ou melhor “teatro”!

Lembro-me ainda da alegria desta “descoberta” em Atenas, de que o edifício que estava á minha frente e que tinha este conjunto aparentemente incompreensível de símbolos, se tratava de um teatro!

Não garanto que as letras não estivessem em maiúsculas e então seria “ΘΈΑΤΡΟ”. Se colocarmos a letra θ no google tradutor e clicarmos no altifalante constatamos que a letra que os portugueses chamam por “teta” é chamada em grego “thita”, como se diria em inglês, onde a letra se chama “Theta”

Tenho a ideia que no teatro grego se usavam máscaras, que mostravam as emoções dos actores de forma bastante explícita. As que mostro a seguir são usadas no carnaval de Veneza e servem para ocultar caras e não para explicitar emoções.




Porque é que me lembrei agora de “Teatro”?

Foi por causa da surpresa manifestada, mais uma vez, pelo primeiro-ministro Passos Coelho pelas decisões do Tribunal Constitucional (TC). Bem sei que o actual presidente Cavaco Silva, quando primeiro-ministro disse que não lia jornais. Mas mesmo não lendo jornais, para quem viva em Portugal fora de um convento ou sem ser no alto de uma coluna, como alguns ascetas dos primeiros tempos do Cristianismo, é impossível ignorar a quantidade enorme de pessoas, muitas delas constitucionalistas, que consideravam muito provável que o TC chumbasse a maioria das medidas que lhe tinham sido submetidas para apreciação. O primeiro-minitro, como  mentiroso compulsive, gosta de fazer discursos em que finge acreditar no que está a dizer.

Às vezes penso que teria feito melhor em dedicar-se à representação, no teatro, no cinema ou nas novelas mas, pensando no Ronald Reagan ou no Arnold Schwarzenegger, essa via poderia não o afastar do papel de primeiro-ministro, para a escolha do qual os portugueses estão verdadeiramente a precisar de melhor escrutínio.

Em comparação, o processo de escolha dos juízes do TC, se bem que passível de melhorias, tem dado muito melhores resultados.

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