Em Tóquio está o “Meiji Shrine”, em português “Santuário Meiji”, um parque cheio de árvores como esta
de que mostro detalhe
no meio da cidade, onde repousam os restos mortais do imperador Meiji.
A dinastia Yamato de imperadores do Japão é a mais antiga do mundo inteiro, existindo provas da sua existência ininterrupta desde há 1500 anos e alegações de que existe desde 660 AC (Wikipedia dixit).
Num período de tempo tão grande o papel do imperador foi mudando, umas vezes mais executivo, outras vezes mais afastado do poder, como um monarca constitucional. De 1868 a 1912, situa-se a era Meiji em que o imperador, na sequência da abertura forçada dos portos do Japão aos estrangeiros, retomou um papel activo na condução da política e fomentou a introdução das técnicas ocidentais na sociedade japonesa.
No recinto existiam várias lanternas como esta
de que deformando obtive esta imagem
que a guia disse ser o símbolo do imperador do Japão.
Tive a ilusão de classificar o grafismo, na sua simplicidade geométrica, como um exemplo de Art Déco, mas neste artigo dão a entender que a forma deste selo do imperador, duma flor estilizada com 16 pétalas já é usado há vários séculos. A bandeira do imperador tem o selo sobre um fundo vermelho. Estas formas fizeram-me lembrar estas.
Ao mesmo tempo que se desenrolavam umas cerimónias shintoístas em que as crianças manifestavam, como nas igrejas cristãs, interesses diferentes dos adultos,
noutra parte do recinto um grupo de pessoas vinha,ao que presumo, mostrar o seu respeito pelo imperador Meiji.
Este formalismo é realmente exótico, não existem túmulos em Portugal onde as pessoas vão fazer uma vénia, ainda por cima vestidas tão formalmente. O nome de “santuário” para designar um local onde está o túmulo dum imperador dá a entender que o local é mais do que um mausoléu de uma pessoa importante, trata-se de um local sagrado.
Enquanto numa religião monoteísta o rei só pode aspirar no máximo a ser o representante de Deus na terra, reivindicando mesmo assim poderes absolutos, em religiões politeístas como no shintoísmo o rei ou imperador pode-se habilitar a ter mesmo um estatuto divinal.
Esse estatuto deve ter contribuído para que o imperador Hirohito não tenha sido julgado pelas suas responsabilidades no comportamento agressivo do Japão que culminou nas atrocidades cometidas na invasão e ocupação de muitos países da Ásia antes e durante a 2ª grande guerra mundial. Porém o comandante supremo das forças aliadas, general MacArthur exigiu do imperador uma “Humanity Declaration”:
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Delivery of this rescript was to be one of Hirohito's last acts as the imperial sovereign. The Supreme Commander Allied Powers and the Western world in general gave great attention to the following passage towards the end of the rescript:
朕ト爾等國民トノ間ノ紐帯ハ、終始相互ノ信頼ト敬愛トニ依リテ結バレ、單ナル神話ト傳説トニ依リテ生ゼルモノニ非ズ。天皇ヲ以テ現御神トシ、且日本國民ヲ以テ他ノ民族ニ優越セル民族ニシテ、延テ世界ヲ支配スベキ運命ヲ有ストノ架空ナル觀念ニ基クモノニモ非ズ。
The ties between Us and Our people have always stood upon mutual trust and affection. They do not depend upon mere legends and myths. They are not predicated on the false conception that the Emperor is divine, and that the Japanese people are superior to other races and fated to rule the world. (official translation)
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Existem algumas dúvidas sobre a qualidade da tradução oficial, mas esse é o destino de todas as traduções bem como de todas as interpretações de textos.
É verdadeiramente extraordinário que um homem venha dizer que não é divino, reconhecendo a sua natureza humana.
Para pessoas comuns como eu as dúvidas sobre a minha natureza humana só se têm manifestado na internet, sob a forma de suspeitas de que eu seja um robot.