Não há fome que não dê em fartura, depois de passar muito tempo neste blogue sem falar em catedrais, no ano passado falei bastante do tema, como se pode constatar colocando a palavra catedral na caixa de busca localizada no canto superior esquerdo deste blogue ou simplesmente seguindo esta ligação.
Muitas das catedrais construídas na Europa demoraram dezenas e por vezes centenas de anos na sua construção. Neste último caso por serem intensamente usadas, sendo consideradas como passíveis de melhoramento pelos fiéis de então, enquanto as dezenas de anos seriam devidos ao inevitável recurso à força humana e à dos animais, numa época de escassez de energia.
Sou fã do autor americano David Macaulay, de que as Publicações Dom Quixote editaram “A Catedral”, o seu primeiro livro publicado em 1973, que descreve exemplarmente através de desenhos feitos à mão livre, as técnicas usadas na construção de uma catedral gótica, livro cuja capa mostro a seguir:
A este livro seguiram-se A cidade, descrevendo o urbanismo duma cidade do império romano, A Pirâmide, descrevendo a construção de uma delas no tempo dos faraós, sem necessidade de recorrer a extraterrestres, O Castelo, da Idade Média, e A Cidade Subterrânea, com umas perspectivas espectaculares em que a terra aparece transparente. A obra é muito mais vasta do que isto mas estes eram os da colecção referida.
No livro mostrava a construção de uma coluna, composta por todas aquelas colunelas que referi aqui, acho que inconscientemente estava à espera que as várias colunelas fossem peças independentes encostadas a uma pedra central ou que fosse composta por pedras maciças sobrepostas.
Na realidade era uma composição de várias pedras e o interior era oco preenchido por terra, como se constata na imagem aqui ao lado, que me surpreendeu.
Outro desenho do livro mostrava também uma roda para elevar grandes pesos Esta roda funcionava com um homem a caminhar dentro dela, para o homem era como se estivesse a subir uma ladeira em permanência, seria uma boa aplicação da força do homem que estaria a usar os músculos das pernas, mais fortes do que os braços. Há umas rodas de plástico para ratinhos em que eles podem correr sem sair da gaiola, que são parecidas, funcionando do mesmo modo embora com objectivos diferentes...
Talvez por não gostar de fazer força ficou-me esta imagem de uma roda de madeira permitindo içar grandes pesos apenas com a força humana e identifiquei imediatamente a finalidade destas rodas quando as vi
confirmando depois neste desenho acompanhado de um texto
que se tratavam de rodas de uma grua, e não de uma catedral, neste caso do porto de Gdansk, cidade actualmente polaca que se chamou Dantzig quando era alemã, instaladas no edifício ao fundo, quase preto e saliente em relação ao passeio, aproximando-se dos navios que antes aqui atracavam.
Todo este esforço construtivo é por vezes deitado fora. As cidades alemãs foram muito bombardeadas durante a segunda grande guerra e Dantzig não foi excepção. Deixo duas imagens de 1945, no fim da guerra
em que se constata também a destruição das catedrais.
É bom lembrar de vez em quando que o principal objectivo da União Europeia é a criação de relações entre os povos europeus que mantenham a Paz na Europa.