No Finantial Times fala sobre os prédios com fundações podres que afectam vítimas do boom imobiliário Irlandês. Era o paraíso que tanta gente em Portugal nos apontava como o exemplo a seguir.
2012-10-31
Cores dos faróis
Constato que a minha experiência com as cores dos faróis das entradas das barras está ligada à barra de entrada da ria do Arade, em que dois molhes protegem o porto de Portimão.
Na esmagadora maioria dos casos passeio no molhe de cerca de 800 metros baseado na Praia da Rocha, cujo farol está pintado com riscas vermelhas e brancas e com uma luz vermelha a piscar à noite, vendo ao longe o farol do molhe de Ferragudo, de cor verde, conforme se vê na imagem que segue.
Para quem está a sair da barra o farol vermelho está do lado direito e o farol verde está do lado esquerdo. É esta a imagem mental que me guia, sempre que quero saber a cor dos faróis ou das bóias de canais que vão dar ao mar.
Nos barcos deve existir uma luz vermelha no bombordo e uma luz verde no estibordo. Bombordo é o bordo do lado esquerdo da embarcação quando se olha para a proa e uma boa forma de lembrar a convenção é pensar que era o nome do bordo do lado onde estava a terra, quando os navegantes portugueses rumavam em direcção ao sul explorando a costa aficana. Esta origem da designação "bombordo" tem pouca solidez mas é uma boa mnemónica.
Quando os barcos estão a entrar num canal ou porto as luzes da embarcação estão em concordância com as luzes dos faróis da barra/bóias do canal (vermelho com vermelho, verde do mesmo lado do verde) enquanto quando estão a sair estão em oposição (verde com vermelho e vermelho com verde).
Tirei a foto seguinte ao farol de Ferragudo porque achei engraçado que se tivessem lembrado de assinalar a entrada do recinto do farol com luzes colocadas como se esta entrada do portão fosse uma entrada duma barra.
2012-10-28
Luz de Outono
Quando passeio no molhe da Praia da Rocha costuma ser Verão e estar um céu azul e um sol intenso.
Desta vez já era Outono e o céu estava algo dramático, com nuvens escuras criando uma atmosfera sombria mas com zonas fortemente iluminadas lá mais ao fundo.
Antigamente não tinha uma máquina fotográfica sempre à mão. Agora o telemóvel faz esse papel e foi-me possível registar este ambiente, para mim pouco comum.
2012-10-26
Art Déco
Segui a sugestão do João Miguel sobre a interessante exposição: "O Modernismo Feliz - Art
Déco em Portugal" que estaria no Museu do Chiado até ao dia 28/Out/2012 mas cuja duração foi prorrogada até 25/Nov/2012.
Entre outras coisas gostei deste quadro
de Jorge Barradas (1894-1971), Anunciação, 1936, Óleo sobre tela, Colecção do Museu do Chiado
e deste par de esculturas
de Ernesto Canto da Maya (1890-1981), Adão e Eva, 1929-1939, Terracota policromada, Colecção do Museu do Chiado
Entre outras coisas gostei deste quadro
de Jorge Barradas (1894-1971), Anunciação, 1936, Óleo sobre tela, Colecção do Museu do Chiado
e deste par de esculturas
de Ernesto Canto da Maya (1890-1981), Adão e Eva, 1929-1939, Terracota policromada, Colecção do Museu do Chiado
2012-10-21
Banyan Tree
Quando andei a ler a wikipédia sobre a figueira apercebi-me da grande variedade de figueiras existentes, árvores do género Ficus.
Além da figueira comum em Portugal e Mediterrâneo e do sicómoro referido em post anterior passei por esta Banyan Tree
ou numa perspectiva ligeiramente diferente,
a árvore nacional da Índia, cuja designação em latim é Ficus Benghalensis.
De vez em quando tenho ouvido falar em “Banyan Tree” mas já não sei em que contexto, talvez fosse o nome da companhia “Banyan Systems”, das primeiras a fazer software para redes de computadores mas que entretanto cessou a actividade
Sendo tradicionalmente um adepto da sombra e costumando achar os raios de sol de Verão muito agressivos em Portugal, por maioria de razão compreendo e simpatizo com o hábito que os comerciantes do Gujarate tinham de fazer comércio debaixo desta árvore. Diz na versão inglesa da wikipédia que foram os portugueses que deram este nome a esta árvore porque os mercadores, “banias” na língua do Gujarate, se reuniam debaixo dela. É pena que não exista uma entrada em português para esta árvore na wikipédia.
Diz a lenda também que foi debaixo de uma árvore deste género que o Buda atingiu a iluminação, conforme refere neste artigo sobre a Bhodi Tree.
Noutro artigo da wikipédia refere esta figueira como “estranguladora”, porque por vezes cresce em volta de uma árvore pré-existente da mesma espécie (ou de outra) levando à sua morte. Buscando Strangler Fig no Google Imagens aparecem muitas imagens destas árvores, designadamente a crescer por entre os muros de pedra e as estátuas de templos construídos em zonas tropicais como o Angkor Wat do Cambodja.
Estas árvores começam a vida como epífitas, plantas como as bromeliáceas e as orquídeas que conseguem germinar sobre as cascas de árvores. Mas neste caso, apenas começam como epífitas porque a seguir a planta cresce até atingir o solo, criando aí raízes próprias.
Mas, como se vê na foto, uma das características mais marcantes da Ficus benghalensis é o desenvolvimento de raízes aéreas, que crescem em direcção ao solo e que quando lá chegam se desenvolvem como troncos que podem tornar difícil a identificação do tronco principal.
Este post não ficaria completo sem uma referência à “The Great Banyan”, um ser vivo em que se confundem os conceitos de “árvore” e de “floresta”, dado que ocupa uma área de 1,5 hectares tendo 3300 raízes aéreas que chegaram ao chão. Deixo aqui uma imagem dessa árvore/floresta que fui buscar aqui.
2012-10-17
Os corvos-marinhos de Guilin
Há mais de 20 anos ouvi falar pela primeira vez de umas aves que os chineses tinham domesticado e a que punham um anel no pescoço para evitar que engolissem os peixes que tinham capturado e que eram apropriados pelo dono das aves. Foram uns amigos que tinham feito uma viagem pelo Oriente e que tinham visto isso em Guilin.
Não me lembro de imagens das aves mas impressionou-me a forma dos montes, que já mostrei aqui, bem como a exuberância da vegetação que já mostrei aqui.
Quando fui numa excursão à China em 2009, à passagem por Guilin reparei logo nestas aves, equilibradas nas extremidades do bambu.
Nessa noite, numa volta de barco pelos lagos no meio da cidade de Guilin, com umas iluminações de néon de gosto duvidoso, estavam uns pescadores demonstrando para turista o que, sendo pouco genuíno, é contudo muito prático para fotografar.
Aqui estão 4 corvos-marinhos mais um pescador, que nunca caiu à água mesmo numa jangada tão estreita, vendo-se também os reflexos do néon
nesta um dos corvos já apanhou um peixe mas não consegue engoli-lo enquanto outro corvo se lançou à água
e aqui o pescador
apropria-se do peixe. Fiquei a pensar porque seria esta relação pássaro-pescador sustentável, no sentido de o pássaro não fugir. Fiz a conjectura que a pesca ao candeio (luzes à noite para atrair peixes) também facilita a vida ao corvo-marinho. A própria jangada deve representar também uma vantagem, para pescar sem ter que voar muito. Talvez a relação homem-corvo-marinho não seja tão desequilibrada como parece à primeira vista
A wikipédia fala dos corvos-marinhos e que esta técnica de pesca foi usada noutros locais, incluindo a Europa.
Ao passar noutro dia no Parque das Nações avistei um pássaro ao longe que me pareceu poder ser um corvo-marinho. Não era uma gaivota nem uma garça real, tão pouco seria um flamingo. Tirei estas fotos com o telemóvel , seleccionando depois o motivo de interesse.
Pode-se constatar aqui que o Parque do Tejo é “um dos melhores sítios para observar aves junto a Lisboa”, referindo também a existência de corvos-marinhos por estas paragens.
Como as fotos de onde extraí o possível corvo-marinho me parecem razoáveis deixo-as também aqui.
Tem-me acontecido com alguma frequência tomar contacto com outros animais, costumes, árvores, etc, para depois constatar no regresso a Portugal que afinal tudo isso também existe por cá.
2012-10-12
Flamingos - 2
Tendo constatado a regularidade da presença dos flamingos na margem norte do rio Tejo, ao pé da da ponte Vasco da Gama, desta vez (tarde de 11/Outubro) levei a minha máquina fotográfica, para ultrapassar as limitações das fotos tiradas com o telemóvel.
Os flamingos têm uma presença discreta
aqui um pouco mais destacados da paisagem, com Palmela no horizonte
e aqui com a ponte Vasco da Gama
na ampliação desta foto que mostro a seguir contei 33 aves
e aqui mostro detalhe da mesma imagem
2012-10-11
Olhai as aves do céu...
Tive dificuldade em arranjar uma imagem para o último post deste blogue, ainda pensei num céu cheio de nuvens carregadas mas não me lembrei de onde teria uma imagem dessas.
Hoje, num pequeno break que fiz passeando na margem norte do Tejo vi este bando de 20 e tal flamingos, que já vira em 28/Set no mesmo local.
Além das exportações de Portugal parece que a população de flamingos que visitam a margem norte do Tejo também está a aumentar, já são duas coisas a crescer, é preciso não perder a esperança, em Nov/2008, quando os fotografei e mostrei aqui não chegavam a uma dezena.
Normalmente prefiro os enquadramentos em modo paisagem ou quadrado como na Hasselblad, mas desta vez apeteceu-me seleccionar uma secção vertical comprida, como nos rolos chineses. Achei que um bom bocado de relva verde amenizava as nuvens que não são tão escuras assim e lá estão as aves do céu a serem alimentadas pelo Pai celestial, como diz no sermão da montanha, referido por exemplo aqui. À falta de lírios do campo ficaram-me estes flamingos.
Deixei para o fim a referência ao filme lindíssimo e hipnótico sobre o voo dos flamingos que já mostrei aqui.
2012-10-10
O pior governo
Os eleitores Portugueses já deixaram de ler de forma
exaustiva os programas eleitorais dos partidos, dado o seu comprimento
excessivo e sobretudo a prática generalizada que os partidos têm de não
os cumprir quando chegam ao poder, alegando que encontraram uma situação
muito diferente da que pensavam que existia quando estavam na oposição
ou que a situação internacional (que nunca condicionava a actuação do
governo anterior, único responsável por todos os males que nos afligiam)
tinha entretanto mudado para muito pior.
O PSD de Passos Coelho foi muito crítico dos aumentos de impostos do governo Sócrates, sendo particularmente escandaloso o contraste entre o programa eleitoral do partido, de que a Fernanda Câncio seleccionou aqui algumas partes e a sua prática quando no governo.
Não me consigo esquecer que o candidato Passos Coelho disse a uma muito jovem aluna de uma escola que podia ficar descansada que não iria tirar subsídio de férias a ninguém.
Depois foi o que se viu, a ponto de eu ter actualmente as maiores dúvidas que o governo de Portugal tenha legitimidade democrática dado o afastamento abissal, que eu não me recordo de ter visto com esta dimensão, entre o que prometeram antes das eleições e o que fizeram depois. O André Freire diz a propósito “O segundo round da subalternização da democracia e da Constituição pelo menos no sentido da Constituição material ocorreu quando o novo Governo após as legislativas de 2011 desatou a violar vários dos seus compromissos fundamentais com os eleitores” aqui.
E não me consigo esquecer das trapalhadas para justificar a manutenção dos subsídios aos consultores ou assessores contratados pelo governo, alegando por um lado que tinham ganho esse direito em 2011, como se os funcionários públicos não o tivessem ganho no mesmo ano e depois alegando que não tinham um vínculo à função pública, como se não representassem na mesma uma despesa do Estado.
Choca-me que tenham modelos econométricos que prevejam tanta coisa mas que se mostraram incapazes de prever quando poderiam voltar a pagar os subsídios.
E choca-me a atitude de “capitalismo científico”, imagem reflectida do socialismo científico de má memória. Os comunistas faziam umas previsões, tudo falhava mas era sempre porque algum inimigo do povo sabotava e nunca por problemas da teoria marxista. Agora temos os modelos económicos que falham nas suas previsões mas de cujas falhas não se tira qualquer consequência, deixando os iluminados imunes a qualquer crítica pois são os detentores da verdade. O ministro Vítor Gaspar é no mínimo um desses iluminados e as receitas que aplicou estão a falhar: o desemprego aumentou de forma que alegadamente surpreendeu os iluminados e a meta do défice não vai ser cumprida.
Depois desta diatribe direi ainda que é possível que existam algumas justificações razoáveis para algumas das medidas tomadas pelo governo. Mas as evidências a que tenho acesso como cidadão anónimo convencem-me que o governo mente deliberadamente em muitos temas, tem falta de respeito por pensionistas e funcionários públicos, favorece amigos, é temeroso dos detentores do capital e aprova medidas de flagelação dos trabalhadores (supressão dos feriados) sem impacto económico que não seja cair nas boas graças dos “mercados”.
Não me lembro de ter tido tão pouca confiança nos membros de um governo como neste que, parafraseando uma classificação usada pela direita contra o governo de Sócrates, me parece ser o pior governo que Portugal teve desde a revolução de 25/Abril/1974.
O PSD de Passos Coelho foi muito crítico dos aumentos de impostos do governo Sócrates, sendo particularmente escandaloso o contraste entre o programa eleitoral do partido, de que a Fernanda Câncio seleccionou aqui algumas partes e a sua prática quando no governo.
Não me consigo esquecer que o candidato Passos Coelho disse a uma muito jovem aluna de uma escola que podia ficar descansada que não iria tirar subsídio de férias a ninguém.
Depois foi o que se viu, a ponto de eu ter actualmente as maiores dúvidas que o governo de Portugal tenha legitimidade democrática dado o afastamento abissal, que eu não me recordo de ter visto com esta dimensão, entre o que prometeram antes das eleições e o que fizeram depois. O André Freire diz a propósito “O segundo round da subalternização da democracia e da Constituição pelo menos no sentido da Constituição material ocorreu quando o novo Governo após as legislativas de 2011 desatou a violar vários dos seus compromissos fundamentais com os eleitores” aqui.
E não me consigo esquecer das trapalhadas para justificar a manutenção dos subsídios aos consultores ou assessores contratados pelo governo, alegando por um lado que tinham ganho esse direito em 2011, como se os funcionários públicos não o tivessem ganho no mesmo ano e depois alegando que não tinham um vínculo à função pública, como se não representassem na mesma uma despesa do Estado.
Choca-me que tenham modelos econométricos que prevejam tanta coisa mas que se mostraram incapazes de prever quando poderiam voltar a pagar os subsídios.
E choca-me a atitude de “capitalismo científico”, imagem reflectida do socialismo científico de má memória. Os comunistas faziam umas previsões, tudo falhava mas era sempre porque algum inimigo do povo sabotava e nunca por problemas da teoria marxista. Agora temos os modelos económicos que falham nas suas previsões mas de cujas falhas não se tira qualquer consequência, deixando os iluminados imunes a qualquer crítica pois são os detentores da verdade. O ministro Vítor Gaspar é no mínimo um desses iluminados e as receitas que aplicou estão a falhar: o desemprego aumentou de forma que alegadamente surpreendeu os iluminados e a meta do défice não vai ser cumprida.
Depois desta diatribe direi ainda que é possível que existam algumas justificações razoáveis para algumas das medidas tomadas pelo governo. Mas as evidências a que tenho acesso como cidadão anónimo convencem-me que o governo mente deliberadamente em muitos temas, tem falta de respeito por pensionistas e funcionários públicos, favorece amigos, é temeroso dos detentores do capital e aprova medidas de flagelação dos trabalhadores (supressão dos feriados) sem impacto económico que não seja cair nas boas graças dos “mercados”.
Não me lembro de ter tido tão pouca confiança nos membros de um governo como neste que, parafraseando uma classificação usada pela direita contra o governo de Sócrates, me parece ser o pior governo que Portugal teve desde a revolução de 25/Abril/1974.
2012-10-07
Sicómoro
Num comentário ao penúltimo post deste blogue, sobre a figueira, um leitor deixou-me um link para este magnífico documentário da BBC sobre outra árvore do género Ficus. Enquanto a figueira mais comum em Portugal é a Ficus carica, a que mostra neste documentário é a Ficus sycomorus, de nome comum Sicómoro, uma árvore nativa de África que também "dá" figos, do mesmo género (Ficus) que a nossa figueira e com uma relação idêntica de co-evolução com umas pequenas vespas que a polinizam.
Uma característica importante deste filme é que dura 52 minutos, mas não se limita a falar da polinização dos figos, mostrando todo o sistema ecológico que se desenvolve à volta desta árvore.
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