2011-03-28
Moda em Shiraz e Yazd
Depois de em Maio e Junho/2010 ter feito uns posts sobre a moda que tinha visto em lojas de Teerão e de Shiraz, que me levaram a pensar que as mulheres do Irão se limitavam ao tchador e a conjuntos de calças mais uns casacos ligeiramente abaixo dos joelhos, como os que se vêem na figura ao lado, que me pareceu na altura ser a moda feminina disponível, fomos visitar o bazar da cidade.
Afinal as mulheres do Irão também gostam de tecidos vistosos, certamente reservados para situações festivas, talvez mesmo um pouco vistosos demais para o gosto mais comum no Ocidente, mas parece que esses tecidos se encontram nos locais com longa tradição de comércio, vulgo bazar, e não nas lojas mais modernas com montras para a rua.
Nesta loja do bazar de Shiraz houve mesmo uma iraniana que fez questão de ficar na fotografia quando notou o meu interesse por estes tecidos vistosos. O vendedor parece bem disposto com a situação, há uma cliente que olha para a cena.
Nesta outra loja do mesmo bazar existem mesmo vestidos sem ombros mas é possível que sejam usados sobre blusas de manga comprida.
Fiquei a pensar se o tchador é um contraponto a tanta exuberância ou se esta é uma reacção à monotonia do tchador preto e das cores “de burro quando foge” da outra roupa feminina que se vê na rua.
Viajando para o norte chegámos à cidade de Yazd, que já referi noutros posts, em que me deparei primeiro com uma montra do que seria aqui uma loja para noivas
seguida destas montras estranhas onde os manequins femininos têm as cabeças cortadas a meio e mesmo assim cobertas com um véu ou um chapéu
Embora a paridade de género esteja aqui restabelecida ao nível quantitativo, parece-me simbolicamente terrível optar por esta via de cortar a meio a cabeça do manequim feminino
enquanto os homens continuam com direito a uma imagem íntegra.
E uma pessoa fica a pensar que as mulheres devem levar uma vida de clausura, como por exemplo em Lisboa na primeira metade dos anos 60 do século passado, onde me lembro da raridade das mulheres à noite nas pastelarias então numerosas na Praça de Londres.
Porém, neste “fast-food”, às 10 da noite, ao lado destas montras, havia empregadas a atender ao balcão, situação que julgo que teria sido considerada imprópria em Portugal na altura que referi.
Eu diria para concluir que, embora seja provável que actualmente os países em que o Islão predomina ganhem o campeonato da misoginia, eles estão longe de ter o exclusivo, e existem neles práticas que agora nos chocam mas que também eram dominantes no Ocidente há não muitas décadas.
Bom, não incluindo, por exemplo, estas questões do apedrejamento de Sakineh Ashtiani, que depois da suspensão da pena saiu dos jornais, da violação em grupo duma jornalista da CNN na via pública no Cairo e da cena inquietante da detenção de Iman Al-Obeidi num hotel em Tripoli, na Líbia
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