As janelas da Maluda são fascinantes e julgo que muito apreciadas em Portugal. Por um lado as janelas são um elemento muito importante na caracterização de uma arquitectura. Quando uma pessoa vai, por exemplo, a Goa há uma sensação de familiaridade nos edifícios que julgo ser dada pelas janelas, semelhantes às que se vêem em Portugal. Por outro lado porque a pintora nos dá uma visão platónica de cada uma das janelas, um objecto perfeito livre de qualquer uma das impurezas das janelas reais, as pequenas manchas, alguma lasca na pedra da esquadria, os limites omitidos dos azulejos. As sombras formam-se sobre superfícies sem qualquer deformação, dando-lhes também um aspecto irreal. Finalmente os vidros das janelas são muitas vezes usados de forma que poderíamos considerar quase irónica. É completamente inverosímil que em frente desta janela se situe um prédio em que cada uma das janelas se reflectisse exactamente no centro de cada um dos pequenos vidros que constitui a janela que está a ser mostrada. Para compor a ilusão a pintora dá-se ao trabalho de sobrepor esses “reflexos” com as sombras dos caixilhos das janelas sobre as portas de madeira por trás da janela, uma delas entreaberta!
O nome do quadro tem a simplicidade habitual, chama-se Janela XXIX e foi pintado em 1987.
Esta imagem vem neste livro, que já referi em post anterior
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2 comentários:
O link para o livro dá erro.
O link está correcto, é "http://www.livro.maluda.eu/", conforme se pode verificar no Google fazendo a pesquisa "livro.maluda.eu" mas o site deve estar com algum problema.
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