2009-07-02
Vestido Versace
Este vestido numa montra de Bruxelas fez-me lembrar a segunda foto deste post a que tinha dado o título “Reflexos sobre a água do Tejo da luz dourada do sol poente incidindo nos tirantes da ponte Vasco da Gama”.
Por curiosidade fui ver o preço do vestido que custava 1800 euros. Escapa-me bastante a razão da existência de artigos com este preço, actualmente não deve ser devido à qualidade da matéria-prima, nem à dificuldade da manufactura, tratando-se mais provavelmente do desenho e do privilégio do acesso a um produto exclusivo.
Há uns anos achava a existência destes produtos um bocado imoral, agora já não tenho tanta certeza. Segundo o Peter Singer, em vez de irmos a restaurantes deveríamos comer em casa e doar a diferença aos países onde existe fome. Esta argumentação parece-me fraca, a fome existe nesses países por a sociedade estar aí organizada de forma deficiente e não porque precisem do nosso dinheiro. Ao não irmos a restaurantes criaríamos desemprego nos nossos países.
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3 comentários:
Provavelmente também é preciso incluir a montra no preço do vestido. É todo um conjunto...
Pensei algo semelhante ontem, quando vi umas carteiras que estavam com 50% de desconto. Pensei "é desta!", mas não foi: ainda estavam a 600 euros ou mais.
Mas aí, não havia montra especial para a carteira.
Não entendo. A que especialíssimo bicho terão ido buscar a pele? Que mãos a terão cortado e cosido?
Como é que uma carteira custa 1200 euros, 2000, 5000?
Há aqui em Berlim um centro comercial onde só há dessas coisas. Também me pergunto como é ganho o dinheiro que paga estes preços.
Helena, a Wikipedia dá uma ajuda como é habitual, desta vez em http://en.wikipedia.org/wiki/Luxury_good, em http://en.wikipedia.org/wiki/Veblen_good e em http://en.wikipedia.org/wiki/Conspicuous_consumption.
"qualidade da matéria-prima, nem à dificuldade da manufactura"
ainda que na etiqueta venha muitas vezes "made in turkey", isto é pronto-a-vestir que tenta igualar a oferta de alfaiate pessoal (bespoke). ou seja, existe mesmo uma diferença abismal na qualidade da matéria-prima e na qualidade da manufactura (o corte) e isso paga-se.
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