As auréolas estão muito presentes na arte bizantina que anda quase sempre à volta de temas religiosos. Há uns tempos fiz um post elogiando a cópia, que é uma das forças da vida, mas a arte que perde a capacidade de gerar variações para se encontrarem novos caminhos é uma arte morta ou moribunda.
Julgo que o autor duma obra de arte em Bizâncio não tinha o protagonismo que veio depois a assumir no Ocidente, sendo os ícones copiados com grande à vontade.
Gostei deste ícone que estava no mosteiro do Santo Estêvão (Stefanou em grego) localizado em Meteora, ao pé de Kalambaka, no norte da Grécia. Não sei bem se isto é arte bizantina, se grega, se cristã ortodoxa mas daqui de Lisboa todas elas se confundem um bocado.
Dos 6 mosteiros que estão habitados nesta região este é o único habitado por freiras, o que estará na origem de as personagens da imagem serem todas do sexo feminino. Fui dar uma vista de olhos por uns livros de arte que tenho em casa e constatei que as auréolas foram desaparecendo durante o século XV, os pintores deviam estar um bocado fartos de ter que pôr sempre auréolas. Os quadros começam a incluir personagens que não são santos e as auréolas começam a ficar mais finas e a desaparecer.
Voltando à imagem acima tem lá escrito no canto superior direito o que me parece ser “ΠΑΡΘЄΝωΝ” que mudando as letras dá “PARTENON” palavra conhecida e muito popular mas que não sei o que significa, à parte ser o nome do templo mais famoso de toda a Grécia clássica. Este é um dos meus passatempos na Grécia, tentar decifrar as palavras que me aparecem escritas com aqueles símbolos que se usavam nas expressões da Matemática e da Física.
Atrai-me nestas imagens o seu aspecto ostensivamente forçado, parece que tudo obedece a umas convenções misteriosas que se foram perdendo no tempo, ou cuja descrição será tão aborrecida que é como se se tivessem perdido.
O fundo da imagem faz lembrar os temas da idade média. Gosto das mãos finas e estilizadas e dos drapeados discretos.
No mesmo mosteiro fotografei um ícone em construção. Notar como lá estão outra vez os espaços para as auréolas.
À procura de imagens do Santo Estêvão descobri esta através do Google mas não sei qual o autor nem quando foi feita. Fico siderado com o aspecto irreal da cena, em que os homens que apedrejam o santo mais parecem uma claque americana. Será uma quadro da escola naif?
Para finalizar deixo uma foto do mosteiro da Santíssima Trindade, no cocuruto de um rochedo, como a maioria dos mosteiros de Meteora, com vistas espectaculares sobre a planície e um acesso penoso mas que vale muito a pena.
Quando vejo o trabalho a que estes monges se davam para ter um pouco de segurança, ou quando visito vilas rodeadas de muralhas como o nosso Marvão não consigo deixar de pensar no esforço enorme que as pessoas tinham que despender para garantir a sua segurança. Falta de segurança agora? Claro que falta mas antes faltava muito mais!
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3 comentários:
é, de facto, muito curioso como o barroco tentou banir as auréolas, creio que numa tentativa de aproximar as divindades de nós, comuns mortais.
Nos primórdios do A&OD fiz este post: http://amoreoutrosdesastres.blogspot.com/2008/03/o-escndalo-de-caravaggio.html
a partir de algo que aprendi na História da Arte do Gombrich e que achei muito curioso. Agora voltei lá e deparei-me com uma leve e curiosa auréola à volta do S. Mateus institucional.
Adorei os resumos da arte bizantina as imagens sao istranhas e muito legais
ASS:JULIA FERREIRA ALVES
lindas fotos a arte bizantina aqeles tempos eram muito bons eu acho pqe eles tinham muita imspiracao para aqelas imagens
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