Por variadas razões este blog não costuma tratar temas da actualidade, embora seja influenciado por ela. Abro aqui uma excepção para não parecer excessivamente original, ao não me referir a este tema de que toda a gente fala
Depois da alegria e do alívio que constituiu para mim a vitória de Barack Obama nas eleições americanas deixo aqui alguns pensamentos que me ocorreram.
Os sistemas complexos são vulneráveis a grandes catástrofes. Por exemplo o corpo humano, uma maravilha de equilíbrios delicados mas ao mesmo tempo muito robustos, é capaz de sobreviver a enormes adversidades. No entanto, uns poucos miligramas de alguns venenos, bastam para provocar uma reacção em cadeia conduzindo à morte.
Quando o George W. Bush foi eleito (embora com aquele pormenor desagradável dos confettis dos boletins de voto da Florida) eu pensei que a América era uma democracia tão poderosa e robusta que podia dar-se ao luxo de colocar no lugar de presidente uma pessoa muito pouco dotada, um homem sem qualidades. Afinal, nem mesmo a poderosa América consegue evitar problemas gigantescos quando tem um presidente a tomar decisões erradas uma atrás da outra.
A própria Islândia, um país considerado entre os mais ricos do mundo, vê-se em menos de um mês numa situação financeira calamitosa.
Continuo surpreendido com a dificuldade que as sondagens tiveram de prever a vitória de Obama, que foi folgada no número de votos e esmagadora no número de eleitores.
Esta incerteza permanente e esta fragilidade de instituições que nos pareciam sólidas mostra-nos o cuidado que é preciso prestar ao que se passa à nossa volta e a necessidade permanente dos nossos contributos para que uma situação aparentemente boa e sólida não desabe de forma inesperada.
As últimas certezas sólidas que vi foram as dos amanhãs que cantam, do vento que soprava de leste e do horizonte que era vermelho e ultimamente dos mercados omnipotentes e omniscientes.
Como alusão à auspiciosa eleição de Obama deixo aqui uma imagem do "Moongate Garden", um jardim que existe no Smithsonian em Washington DC, inspirado nos jardins de Pequim que rodeiam o Templo do Céu, sendo um entre inúmeros exemplos da abertura do espírito americano às culturas dos outros povos do mundo.
2008-11-07
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1 comentário:
Anda hoje no Jugular falei dessa surpresa de ver uma realidade aparecer onde ela não parecia possível, ou um mundo desaparecer quando parecia tão firme.
Foi a propósito de um filme revolucionário feito na Alemanha de 1932. O país estava mais para aquele tipo de expressões que para o pesadelo nazi que começou naquele mesmo momento!
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