2025-07-30

Suzanne Valadon (1865-1938)


Escrevi este post depois de ter visto este programa da Arte.TV sobre esta pintora, de 52 minutos, recomendado em email de 15Mai2025 e disponível no sítio da ARTE.TV até 29/11/2025.
 


 

A artista teve uma infância de pobre, filha de mãe solteira, tendo a certa altura sido modelo de vários pintores que ficaram famosos. Entre outros foi modelo de Pierre Auguste Renoir, por exemplo neste quadro intitulado “Dance à Bougival(1883) em que tinha 18 anos”.

 

As entradas da Wikipédia sobre Suzanne Valadon são mais diferentes nas diferentes línguas do que é habitual, sendo mais curta em português, e normais em francês e em inglês.

 

Acho que o que me impresionou mais na sua biografia foi o facto de ter aproveitado a sua profissão de modelo para aprender com os mestres pintores para quem posava.

 

Degas ajudou-a muito na sua carreira de pintora comprando as suas obras iniciais, e sobretudo  considerando-a “um dos nosssos”.

 

Produziu muitas obras de que destaco este “Verão ou Adão e Eva” de 1909, já com 42 anos em que participou como modelo, juntamente com o seu segundo marido Utter, 21 anos mais novo. 

 


Sobre o Pecado Original (de que fiz um post) gostei desta versão não biblica em que a tomada da maçã é um acto do casal, aparentemente sem intervenção da serpente tentadora sobre a “frágil” mulher. E julgo pouco comum que o/a cônjuge do artista seja pintado nu juntamente com a/o artista. O facto de o quadro referir “Verão” no seu título parece-me adequado para justificar em parte a nudez do casal.

O ficheiro original donde obtive esta versão com menos pixeis está aqui disponível na Wikipédia.

Pertencendo a obra ao Museu de Arte Moderna de Paris, terá talvez sido fotografado numa exposição temporária em “Barcelona” que aparece entre parênteses no nome do ficheiro jpg.

A representação de cores em monitores de computadores tem vindo a melhorar, às vezes, quando se trata de fotografias de situações reais, se as cores estiverem forçadas em relação ao esperado poder-se-á escolher entre várias versões mostradas pelo Google. Para quadros o julgamento da maior verosimilhança duma versão em relação a outra é muito mais difícil dado que o artista pode ter optado por usar precisamente cores mais forçadas. Dada a minha experiência positiva com as reproduções na Wikipédia admito que a versão acima seja mais fiel do que esta a seguir, cuja origem não me recordo, talvez tenha sido retirado vídeo da Arte.TV
 

A versão seguinte talvez tenha sido também da Arte.TV, presumivelmente uma versão inicial em que era mostrado o pénis do Adão 

 

A estas cores desta imagem preferi as da imagem imediatamente anterior pelo que mostro a nova versão em que usei como referência a cor de parte do pescoço da Eva

 


A pintora foi inovadora noutras representações da nudez masculina como nestes "Pescadores lançando as suas redes" de 1914 que copiei da Wikipédia aqui , 

 

quando era na prática proibido a mulheres pintoras representar homens nus.

Embora nas obras de Suzanne Valadon predominem pessoas no interior de casas, bastantes vezes com mulheres nuas, estas são representadas com a discrição possível neste género de pintura como no exemplo a seguir de 1922 que copiei da WikiArt 

 

Para finalizar mostro este “La Chambre Bleue” de 1923 da Wikipedia

 

que mostra aspectos menos positivos desta pintora, os seus quadros são representações interessantes e fiéis da realidade mas os cenários e às vezes também os modelos deixam muito a desejar no que à beleza diz respeito.


 

2025-07-22

Os mortos vão-se vestindo!

 

Numa casa de férias, com vários jovens jogando em colectivo o Fortnite, em que os jogadores vão morrendo no decorrer das lutas,  a responsável por uma ida ao cinema, preocupada com a deslocação atempada, diz aos jogadores todos ainda em fato-de-banho:

Os que já morreram vão-se vestindo!

 

 

2025-07-21

Mais capas da New Yorker

 

Gosto da revista New Yorker e sou fã de muitas das suas capas e respectivos autores, que de vez em quando refiro neste blogue.

Desta vez trata-se da capa da edição da revista para 28/Julho/2025 representando uma multidão multinacional de recém-chegados a um país que será provavelmente o dos Estados Unidos da América, na cidade de Nova Iorque. Poderia também ser Lisboa (ou Porto ou Faro) em que os viajantes têm uma introdução imediata à lentidão das autoridades policiais das nossas fronteiras.

  

 

A imagem foi feita por  Sergio García Sánchez e Lola Moral (significado provável de SGS&LM existente no canto inferior direito da imagem), dois artistas espanhóis casados, li na net que normalmente Sergio faz o desenho que é colorido por Lola.

Fui à procura de mais desenhos e encontrei outra capa da New Yorker de que também gostei 

em que um dos leões das estátuas, na entrada da Biblioteca da cidade (de Nova Iorque) na 5ª avenida, parece estar a ler o livro da personagem sentada no sopé da estátua, com um fundo de arranha-céus, e árvores. No sopé da estátua consta também a assinatura SGS&LM.

Segundo a vista de rua do GoogleMaps do local que mostro abaixo, 

 


o enquadramento sugere um céu azul a prolongar-se indefinidamente para a direita onde existe logo a seguir o outro lado dos edifícios da 5ª avenida. O local da entrada d Biblioteca foi uma inspiração da imagem, isto não é uma fotografia.

  

2025-07-15

O Estado Social da Europa não é financiado pelos EUA



Ultimamente, a propósito duma alegada impreparação da Europa para se defender da Rússia, tem-se tornado frequente a narrativa que o Estado Social na Europa se tornou possível por os EUA (Estados Unidos da América) garantirem a defesa da Europa permitindo poupanças nos gastos da defesa dos europeus e permitindo-lhes assim financiarem o seu Estado Social.

Por exemplo Vasco Pulido Valente escreveu no jornal Público em Fev/2015  “E se a Europa não se tivesse desarmado, como desarmou, para pagar o Estado social.

Pedro Norton tem uma opinião semelhante em “A humilhação da Europa

Ainda no jornal Expresso em 03/Jul/2025 Miguel Monjardino afirma “Os EUA já não possuem os recursos para continuar a subsidiar o Estado Social e a defesa dos países europeus como o fizeram no passado

Isto é um enorme disparate, decorrente da argumentação falaciosa de Trump, com uma consistência semelhante às contas erradas de merceeiro usadas para definir inicialmente as tarifas alfandegárias com diversos países.

No fim da guerra de 1939-45 os EUA e a URSS e numa primeira fase os aliados (Inglaterra e França) ocuparam militarmente as nações vencidas na Europa, a Alemanha e a Itália. O Japão foi ocupado apenas pelos EUA. Dos países europeus invadidos previamente pela Alemanha os mais a ocidente como a Bélgica, a Holanda a Noruega e a Dinamarca regressaram aos regimes existentes antes da  guerra, os mais a leste ficaram com bases militares da URSS durante algum tempo, os partidos communistas locais tomaram o poder e sofreram invasões militares na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1969 na sequência de movimentos políticos de contestação dos regimes aí existentes.

Os EUA não estiveram disponíveis para retirar as bases militares na Alemanha Ocidental nem a URSS na Alemanha de Leste. Os EUA provavelmente não confiavam na força dos seus aliados ocidentais após a guerra. Ambos dotaram-se de bombas atómicas mas os ingleses perderam o imenso império, designadamente a Índia, jóia da coroa, logo em 1947. Os franceses tinham resistido pouco aos alemães. As potências beligerantes europeias tinham-se armado mais uma vez entre 1918 e 1939 e arrasado imensas cidades por toda a parte. Os EUA pareciam ser o único adulto na sala.

Em 1956 durante a crise do canal do Suez, devida à nacionalização da empresa anglo-francesa que tinha a concessão do canal decidida pelo governante egípcio Nasser, a França e a Inglaterra foram pressionadas pelos EUA, URSS e ONU para retirar as forças militares que tinham enviado para a região.

Depois deste incidente as antigas potências militares europeias tomaram consciência amarga da sua irrelevância e, à falta de melhor, empenharam-se na NATO que lhes pareceu uma opção razoável como defesa contra a URSS, e razoável permaneceu até à primeira presidência de Trump de Jan/2017 a Jan/2021.

Os EUA garantiram a segurança da Europa desde 1945 não pelos lindos olhos dos europeus e muito menos para subsidiar o Estado Social comum neste continente mas para conter a URSS durante a guerra fria e evitar o rearmamento quer da Alemanha quer do Japão.

Embora os europeus tenham conseguido progressos na União Europeia e até criar a moeda Euro, muito criticada pelos EUA na altura da sua criação percebida como potencial ameaça futura ao dólar e tenham criado empresas multinacionais bem sucedidas, como por exemplo a Airbus, que ultrapassou a Boeing, sua competidora americana, os países europeus não têm conseguido produzir material de guerra multinacional, designadamente aviões de caça, mísseis, tanques e outro material militar, resolvendo essa falta de colaboração mútua fazendo compras maciças de material de guerra ao “amigo” americano.

Agora que os americanos, embalados pelo enorme privilégio de serem emissores de dólares, acabaram por acumular uma dívida comparável à de Portugal em percentagem do PIB quando a nossa dívida nacional era considerada lixo, querem aumenter as vendas do seu material militar aos seus “aliados” da NATO, inventando narrativas ridículas em paralelo com “bullying” descarado.

O Estado Social na Europa antecedeu o fim da guerra 1939-45. Já o chanceler Bismarck na Alemanha tomara no século XIX algumas medidas de protecção dos trabalhadores. Na Suécia o partido Social-Democrata formou governo pela primeira vez em 1920-21 reganhando as eleições ininterruptamente desde 1932 a 1973, tendo a partir dessa data alternado com outros partidos de direita. As lutas de classes na Europa foram existindo desde a revolução industrial. Os maiores avanços do Estado Social depois da guerra de 1939-45 explicam-se facilmente pela pressão da população saída de condições de vida muito duras durante a guerra.

Pensar que os políticos americanos tolerariam uma relação económica em que eles financiariam mesmo que indirectamente o Estado Social europeu não passa de uma anedota.

Do artigo “Guerra e Paz” de Miguel Sousa Tavares no Expresso de 2025.07.04 que merece ser lido na íntegra, destaco este parágrafo:
«
...
Ao invés, a Europa que se reconstruiu no pós-guerra fê-lo com base numa crença completamente diferente. Os mais de 50 milhões de mortos na guerra, as cidades em ruínas e os países exangues impunham uma lição que a Europa assumiu: nunca mais. Nunca mais a guerra no continente europeu, nunca mais todas as energias e riqueza canalizadas para armas, mas sim para a reconstrução, a paz, a prosperidade e a justiça social. Assim nasceu a União Europeia e se reergueu uma Europa livre, de Berlim ao Atlântico. E assim se viveram 80 anos de paz, de bem-estar e de combate às desigualdades. Sob a protecção militar dos Estados Unidos e englobada na NATO é certo, mas cumprindo as suas obrigações na organização.
...

»


2025-07-09

Um bairro de Ferragudo

 Ultimamente tenho ido a um pequeno restaurante em Ferragudo "A Capela" com boas tapas e também com bons pratos "normais", com um serviço rápido, atendimento simpático e estacionamento fácil.

Desse restaurante apreciei também esta perspectiva dum bairro social ao longe, com um ritmo visual muito agradável que fotografei num fim de tarde

 

ampliando o bairro na mesma foto


 Hoje tirei uma foto dum ponto a uns metros de distância da fotografia anterior, às duas da tarde. A presença de sombras nas paredes torna os ritmos mais complexos e de percepção um pouco mais difícil.

Os enquadramentos são semelhantes aos do par de imagens anterior, a fotografia é a mesma





 

 

2025-07-03

Manhã fresca em Alvor e aplicação Meteorologia da Apple

  

Gosto do azul do céu no Algarve mas não tem estado particularmente azul durante esta onda de calor dos últimos dias.

Hoje amanheceu com o céu bastante nublado e uma temperatura de 20ºC o que foi muito bem vindo. Na résteazinha de  mar que se vê ao fundo da foto constata-se uma linha de horizonte mal definida entre o mar e o céu. A minha miopia faz-me apreciar as linhas nítidas quando reveladas pelos óculos de correcção mas desta vez não me importei do horizonte mais fluido.

Pensei também que seria bom que o D.Sebastião não aparecesse nesta manhã de "nevoeiro", com tantas coisas estranhas que se têm passado  no planeta, uma pessoa já considera o impossível como eventualmente apenas improvável.

Tenho apreciado duma forma geral a aplicação Meteorologia da Apple mas desapontou-me muito na previsão da temperatura em Sagres no dia 1/Jul/2025 em que previam 25º de  máxima quando afinal estavam uns 35º! Noutro ano fugira a outra onda de calor refugiando-me em Sagres onde estavam 25º conforme o previsto. Constato assim que esta aplicação é fraca para situações extremas e eventualmente  para locais de baixa densidade populacional onde serão menos cuidadosos na previsão. A aplicação tem também sido incapaz de sinalizar a presença de vento sueste, referindo vento norte, direcção inexistente nas praias nos últimos dias.