Acabo de ver Pedro Nuno Santos no programa “Grande Entrevista” de Vítor Gonçalves na RTP3. Tenho grande simpatia por este militante do Partido Socialista que teve grande responsabilidade no bom funcionamento do acordo do PS com outros partidos de esquerda da legislatura de 2015-2019.
A entrevista foi mais focada no passado e eventual futuro de acordos da esquerda do que nos projectos do Ministério de que é actual e recentemente responsável.
Existe um conceito arcaico da necessidade da existência de um sacrifício para se conseguir obter algo que se deseja, já nas religiões anteriores ao cristianismo sacrificando aos deuses, continuando no catolicismo com o jejum e a abstinência e o papel considerado muito positivo do sofrimento na santificação dos crentes, depois no capitalismo com a alegada necessidade do trabalho árduo para se prosperar e de poupar, mesmo sem qualquer sinal económico de recompensa dessa poupança, continuando no regime soviético em que as gerações do presente tinham que fazer enormes sacrifícios para o futuro radioso que os esperava, ou melhor que esperaria os seus descendentes.
Na própria sociedade hedonista existem os ginásios onde era comum a regra “no pain, no gain” (digo “era” porque não sendo frequentador poderei estar desactualizado) e a direita continua a falar na falta de “Reformas Estruturais” o eufemismo actual para reduzir salários e pensões, aumentar a precariedade do emprego com o objectivo de o tornar mais seguro (muito à semelhança dos mecanismos referidos por George Orwell no “Animal Farm”, reduz-se uma determinada qualidade para que no futuro ela passe a ser muito mais abundante), reformar a Segurança Social, um eufemismo para entregar as poupanças dos trabalhadores para a sua reforma a especuladores financeiros, que têm vezes sem conta delapidado as quantias que lhes são confiadas.
Os gestores vão ao ponto de tentar naturalizar o que chamam de “resistência à mudança” com a frase “only wet babies like change” (só bebés molhados gostam de mudança (de fraldas)) quando a frase também pode ser interpretada como até os bébés são capazes de aderir a uma mudança quando se trata de uma melhoria.
O Pedro Nuno Santos veio afirmar que os Partidos Socialistas nasceram para melhorar as condições de vida da população mais desfavorecida e não para lhe trazer mais sofrimento, lembrando que os Partidos Socialistas costumavam acrescentar a “Socialista” um segundo adjectivo que era “Reformador”, presume-se também que em contraponto a “Revolucionário”. A realização de reformas está assim no ADN destes partidos e elas existiram em Portugal durante estes últimos 4 anos, embora a maior parte das vezes diferentes das preferidas pela direita.
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