Estou com falta de paciência para discutir com profundidade a criação de um Museu das Descobertas, tratando do tema do trabalhoso e complicado processo que os portugueses levaram a cabo com enorme sucesso, descobrindo formas muito mais rápidas e seguras do que as então existentes para chegar a sítios longínquos.
Parece-me mal que se alegue que os outros povos se melindrem por "terem sido descobertos". Na realidade dizer que "descobrimos" comunidades que existiam há imenso tempo é até um sinal de humildade ao confessarmos a nossa ignorância sobre boa parte do que encontrámos.
Mesmo no Estado Novo aprendi que os portugueses tinham descoberto "o caminho marítimo para a Índia", não propriamente a Índia, embora sobre o Brasil se fale mais na descoberta do território do que na descoberta do caminho respectivo.
Falar de Museu da Expansão também me parece pouco adequado. A "Expansão" fez-se para Marrocos, começando pelo saque de Ceuta e a conquista/construção de umas tantas praças fortes que nos trouxeram bastante despesa, pouca riqueza e a perda do rei e duma data de nobres em Alcácer-Quibir. Continuou depois da Conferência de Berlim em que defendemos o nosso direito a Angola e Moçambique, mas a relação entre isso e os descobrimentos é ténue.
Usar palavras complicadas como " Museu bla,bla, Interculturalidade, bla, bla" também me parece complicar uma coisa simples.
Que as descobertas tenham também servido para o tráfico de escravos é um assunto muito importante que deve ser abordado. Quer pela procura que foi criada pelos locais de destino, quer pelos traficantes, quer pelo papel dos africanos como fornecedores primários desse tráfico.
Resumindo, acho que a realização de um Museu das Descobertas em Lisboa é mais que oportuna, nem se percebe como é que um museu dedicado a esse tema e com este nome ainda não existe cá.
Apresento mapa da Wikipédia adequadamente intitulado
Descobrimentos e explorações portuguesas (1415–1543)