2017-12-31

Bom Ano Novo!




Vi esta caixa numa montra de Bruxelas, em Nov/2014, talvez uns 60cm de largura, profusamente colorida. Não faço ideia do que continha, certamente estaria vazia, ao contrário do ano de 2018 que certamente nos reserva muitas surpresas.

Faço votos para que na maioria sejam boas!

2017-12-30

Dezembro na beira-rio


Para não deixar o mês de Dezembro sem fotos da época aqui deixo duas tiradas no Parque da Nações hoje, em que não se vê onde a água acaba e o ar começa




Plantas em Lisboa



A imagem  de cima foi tirada no Parque das Nações, no jardim Garcia da Orta em 7/Mai/2017. Lembrei-me de a colocar aqui para mostrar a exuberância destas plantas que associamos à s regiões tropicais.


No programa "Grande Entrevista" da RTP o António Mega Ferreira contou que quando Santiago Calatrava veio a Lisboa apresentar o esboço preliminar para a Estação do Oriente passou antes uma ou duas semanas em Lisboa para sentir o ambiente da cidade como preparação para o projecto.

Na apresentação que fez depois à administração da Expo98 mostrou dezenas de imagens com as árvores de Lisboa, concluindo que agora lhe parecia inevitável que a Estação devia ser constituida por uma floresta de árvores estilizadas, como acabou por acontecer.

Os assistentes ficaram algo surpreendidos pois é lugar comum dizer que faltam espaços verdes em Lisboa constatando que afinal sempre existem e ficaram rendidos ao projecto.

Lembro-me duma escritora portuguesa uma vez ter dito que em Lisboa só existiam pedras, seria um momento de pior disposição ou a deformação profissional de alguém que precisa de chamar a atenção dos leitores usando hipérboles.

Aqui ao lado mostro uma pequena inflorescência que fotografei nos Olivais Sul em 4/Jun/2017, não sei o nome desta planta. Ao procurar no Google Images já obtive imagens de inflorescências visualmente parecidas a esta mas ainda diferentes.

A árvore em flor que segue é uma foto de 25/Jun/2017 tirada na Rua Cidade de Benguela, no tempo quente uma pessoa acaba por sair mais de casa e fotografar as plantas


E finalizo com uma imagem do Campo Pequeno, em 28/Set/2017, já no início do Outono mas ainda muito Verão



2017-12-29

Sapiens, Parte I : A Revolução Cognitiva



Gostei muito de ler o livro Sapiens de Yuval Noah Harari, professor de História na Universidade Hebraica de Jerusalém. O subtítulo História Breve da Humanidade é adequado (ou melhor, merecido) pois consegue, nas suas cerca de 500 páginas da versão em português, uma síntese notável do que o Homo Sapiens tem realizado.

O livro divide-se em 4 partes intituladas “A revolução cognitiva”, “A revolução agrícola”, “A unificação da humanidade” e a “Revolução científica”.

Mais do que um resumo do livro refiro os pormenores que mais me impressionaram.

Para começar a constatação que o Homo Sapiens é a única espécie do género Homo, todas as outras se extinguiram ou foram extintas, sendo o Sapiens o principal suspeito.

Depois, a continuação do aprofundamento do estudo da Pré-História, através das técnicas de datação e de identificação de ADN de vestígios que vão sendo descobertos nos mais variados locais do planeta.

Vão-se acumulando evidências, já referidas por Jared Diamond, do papel do Sapiens nas extinções das megafaunas americana e australiana, iniciadas quando chegou a estes continentes. Estima-se que há 70000 anos existiriam cerca de 200 géneros de grandes mamíferos terrestres com mais de 50 quilos. Quando se iniciou a revolução agrícola há 12000 anos não existiriam mais do que 100.

A “revolução cognitiva” que se desenvolveu entre 70000 e 30000 anos atrás, refere-se à criação do que actualmente se considera a Cultura de uma comunidade, com as suas crenças, práticas, lendas e mitos, tendo estas últimas segundo o autor um papel crucial viabilizando a cooperação de grandes grupos de seres humanos, dando-lhes uma vantagem decisiva sobre as outras espécies. Por exemplo os chimpanzés raras vezes conseguem constituir grupos com mais de 50 elementos, a partir desse valor o grupo torna-se instável e parte-se em dois ou mais subgrupos.

A transmissão da Cultura é muitíssimo mais rápida do que a incorporação de características inatas através do ADN, possibilitando adaptações muito rápidas a alterações do meio envolvente, quer no tempo quer no espaço.

O autor mostra bastante simpatia pelo estilo de vida dos caçadores recolectores que, pelos exemplos das comunidades ainda existentes, possuíam um conjunto importante de conhecimentos sobre as plantas e os animais que lhes permitiam viver sem precisar de trabalhar tanto como os agricultores que lhes sucederiam.

Este texto já vai longo, vou deixar o resto para outro(s) post(s).


2017-12-27

Balões bomba japoneses




Através deste obituário do soldado americano Clarence Beavers do jornal Expresso tomei conhecimento da existência de uma unidade do exército americano que teve como uma das tarefas apagar incêndios florestais, sobretudo na Califórnia, causados por balões incendiários lançados pelo Japão durante a segunda grande guerra.

A notícia tem aspectos muito curiosos, começando pela capacidade do Japão explorar a existência de  correntes de jacto (jet streams), que são correntes de ar que ocorrem entre os 9 e os 12 km de altitude, com velocidades que podem atingir 160km/h e que entre os 30 e 60 graus de latitude sopram de oeste para leste, para bombardear os EUA.

A existência destes ventos afecta bastante os tempos de viagem intercontinentais, por exemplo da Europa para a América do Norte ou para o Extremo-Oriente. Tendencialmente as viagens para leste são mais breves para igual distância (ou gastam menos combustível) mas como estas correntes de ar são instáveis criam incerteza na hora de chegada ao destino.

Diziam que um balão destes demorava 3 dias a percorrer a distância desde o Japão até à costa oeste dos EUA. No Google Earth vi que da ilha mais ao norte do Japão até ao norte da Califórnia são 7200km, até Los Angeles 8000km. Dividindo 7200km por 3 dias dá 2400km/dia, com uma velocidade média de 100km/h o balão conseguiria fazer a viagem em 3 dias.

Os balões eram de hidrogénio e causaram alguns incêndios na costa Oeste. Contudo os jornais americanos contactados pelas autoridades, após uma ou duas notícias sobre balões misteriosos, autocensuraram-se com grande êxito provocando o abandono do programa por parte do Japão pois os estragos provocados pelos balões não eram visíveis nos jornais.

A seguir mostro uma foto de um destes balões, recuperado pela Marinha dos EUA, com uma figura humana ao lado dando a escala


Curiosa também a existência de uma espécie de apartheid no exército americano, com unidades compostas exclusivamente por negros. Pensei que em Portugal não existia esta situação mas depois constatei que na "metrópole", no início da última guerra colonial, os negros que existiam eram os cabo-verdianos que tinham começado a vir trabalhar para as obras para substituir a  mão-de-obra que emigrara para França. Assim, os batalhões mobilizados para a Guiné-Bissau, onde eu estive durante um ano, eram formados na metrópole e não me lembro de ver pessoas de cor.

Na Guiné existiam os "Comandos africanos" unidades militares compostas por guineenses e possivelmente cabo-verdianos, provavelmente enquadradas por oficiais da metrópole.

Se Portugal fosse um Estado Unitário, como nos queriam fazer crer na disciplina de "Organização Política e Administrativa da Nação", os jovens recrutas de todo o Império deveriam ir prestar o serviço militar obrigatório em sítios diferentes da terra em que tinham nascido, como se fazia dentro da metrópole. Não faço ideia das regras seguidas em Angola, Moçambique etc., mas sei que não havia mistura significativa de colónia para colónia, muito menos para a metrópole.

É também curioso notar como o Pacífico não é uma separação tão grande como parece à primeira vista, que a primeira arma de alcance intercontinental foram estes balões japoneses e que próximo do Japão se situa a Coreia do Norte, que pretende ameaçar os EUA, desta vez com mísseis de alcance intercontinental.

E ainda que a Califórnia tem tido neste ano incêndios de proporções enormes devido principalmente a alterações climáticas cuja principal responsável tem sido a nação americana.

2017-12-24

Feliz Natal


Esta época natalícia é propícia para se revisitar obras de arte envolvendo a Nossa Senhora e o Menino Jesus

Desta vez mostro uma representação da Senhora e Menino dum mosaico bizantino do século VI existente na Angeloktisti em Chipre, de autor desconhecido



e o mesmo tema 1500 anos depois, numa interpretação de George Kotsonis



Desejo a todos os leitores deste blogue um Feliz Natal e um Bom Ano Novo 2018.


2017-12-23

Trabalhar muito menos



Os leitores regulares deste blogue sabem que considero que os horários de trabalho em Portugal são excessivos e que é um erro tremendo tentar aumentar a produtividade aumentando o número de horas que se trabalha. Como já disse noutra ocasião, aumentar o numero de horas de trabalho por semana é o caminho para o beco sem saída pois uma semana tem 168 horas (como diriam os ingleses “tem 168 horas, tem 168 horas”). Pode-se e deve-se ter flexibilidade para enfrentar picos de trabalho mas a produtividade deve ser aumentada aumentando a eficácia com que se realizam as tarefas.

Existem muitas formas de aumentar a eficácia, uma forma simples é aumentando o investimento, um trabalhador com melhores ferramentas de trabalho e com formação adequada à tarefa que desempenha terá maior produtividade. É sobretudo por este motivo que os trabalhadores de países com maior produtividade são mais produtivos

Outra forma é inovar a forma como se trabalha e para esse fim é necessário ter algum tempo disponível para pensar em formas de melhorar a execução das tarefas que se desempenha ou descobrir novas aplicações mais proveitosas para as capacidades que se foram adquirindo nas tarefas actuais.

Recentemente li um artigo da BBC intitulado “The compelling case for working a lot less” e fiquei satisfeito de esta ideia ir fazendo o seu caminho, se bem que muito mais devagar do que deveria.

Termino com esta imagem, tirada em 26/Dezembro/2014, num momento em que me dedicava a contemplar o crepúsculo evoluindo suavemente à Beira-Tejo, ao pé da ponte Vasco da Gama.




2017-12-16

Hydrofoils


Hydrofoils talvez em português se deva dizer "hidroasas", trata-se de embarcações cujas asas imersas, quando em movimento,  fornecem sustentação para elevar o casco até uma posição fora de água, diminuindo assim consideravelmente a resistência ao movimento. Não gosto do termo brasileiro "hidrofólio".

Como habitualmente a versão inglesa da entrada na Wikipédia é muito mais completa do que a portuguesa. A história do uso destas asas submarinas em embarcações remonta a 1906, com um protótipo italiano construído por Enrico Forlanini a atingir a velocidade de 68 km/h no lago Maggiore no norte de Itália. Alexander Graham Bell também se interessou por esta novidade tendo feito alguns protótipos.

Além de aplicações desportivas e militares os hydrofoils têm tido aplicação no transporte de passageiros em águas pouco agitadas para distâncias de algumas dezenas de quilómetros como por exemplo nas carreiras entre Macau e Hong-Kong onde percorrem os 60 km de distância numa hora.

Boa parte dos barcos usados nesta ligação foram produzidos pela Boeing, com a designação de Jetfoils, como este TurboJet hydrofoil Cacilhas no porto de Hong Kong, visto de um ferry dessa cidade


e fotografado por Daniel Case (Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=29524510).

Mas interessei-me agora pelos hydrofoils ao receber este vídeo intitulado "The America's Cup AC75 boat concept revealed"



A Taça América (America's Cup) é uma regata de barcos à vela que se realiza de 4 em 4 anos desde 1851. O detentor da taça, vencedor da última regata, tem o direito de especificar as características dos barcos que irão participar na próxima regata. Os barcos com essas características pertencerão a uma classe que neste caso foi designada AC75, AC para "America's Cup" e 75 porque as embarcações terão 75 pés de comprimento (23,86m). O filme descreve as especificações da classe AC75 que será usada na 36ª prova a realizar em 2021 em Auckland, na Nova Zelândia.

Durante muito tempo, de 1958 a 1987, os barcos desta prova tinham um comprimento de 12 metros, de 1992 a 2007 usaram-se barcos de 25 metros. De então para cá as características dos barcos para esta competição têm tido especificações diferentes em cada 4 anos, tendo sido especificados catamarans havendo agora um regresso ao monocasco. Ao longo de todo esse tempo, quando vejo imagens da prova, acho sempre os barcos lindíssimos.

Depois de ver este filme chamou-me a atenção outro sobre windsurf usando hidrofoil que se pode ver aqui



e depois ainda estes para surfar as ondas



Trata-se de protótipos, não é certo que os  hidrofoils se generalizem.

2017-12-09

Kindred Spirits, Irlandeses e Tribo Choctaw


Li neste artigo da BBC de Jun/2017 “Sculpture marks Choctaw generosity to Irish famine victims” o significado deste monumento feito pelo artista Alex Pentek, construído em Midleton, Cork council, Irlanda, fotografado por Andrew Foley,



intitulado Kindred Spirits, um termo da língua inglesa para designar um par de pessoas (neste caso um par de povos) que formaram uma ligação especial pela partilha de uma experiência traumática que os juntou.

Em 1847 a tribo Choctaw vivendo nos EUA enviou uma  contribuição monetária para aliviar o sofrimento dos irlandeses dizimados pela fome, provocada por sucessivas colheitas falhadas de batata, principal alimento dos irlandeses pobres, que matou 1 milhão de pessoas e levou 2 milhões a emigrar, grande parte  para os EUA.

A tribo tinha sido obrigada pelas autoridades americanas há cerca de 16 anos a abandonar as suas terras, tendo que o fazer a pé numa viagem de mais de 1600km onde boa percentagem morreu. A tribo Choctaw sentiu empatia pelas provações por que estavam a passar os irlandeses e quis ajudá-los.

Segundo ainda o artigo da BBC, “O governo britânico, que na altura governava toda a ilha, não forneceu ajuda, em parte devido à doutrina económica de laissez-faire e em parte devido à crença que a fome tinha sido enviada por Deus para melhorar a Irlanda, segundo Charles Trevelyan; o administrador britânico encarregado da ajuda”.

Este episódio é frequentemente referido nas escolas irlandesas mas não existia ainda um monumento a comemorar esse gesto de solidariedade.

Outras fomes catastróficas foram estudadas por Amartya Sen no livro “Poverty and Famines, An Essay on Entitlement and Deprivation” que eu referi aqui de onde extraí este parágrafo:
«
Uma das teses interessantes de Amartya Sen é que nas democracias não se morre à fome porque os governantes têm pressões fortes para não deixar morrer os seus eleitores. Que isto sirva de consolação às pessoas que se sentem um bocado cansadas dos defeitos dos regimes democráticos.
»

Deixo ainda outra foto do mesmo monumento, fotografado por Brian McAleer




2017-12-03

Como fazer o nó dos atacadores dos sapatos


Vi algures uma referência a este vídeo sobre como apertar os atacadores dos sapatos:



Vi o filminho com alguma reserva mas decidi experimentar a sugestão pois os atacadores dos meus sapatos desatam-se com alguma facilidade, sobretudo agora que uso mais sapatos tipo "de vela" pois a maior parte do tempo usava sapatos de pala sem atacadores.

Tenho dificuldade em seguir exactamente os movimentos da construção do nó mas pareceu-me que eu fazia o nó do tipo "fraco". Assim, inverti o movimento que fazia anteriormente e pareceu-me que tinha passado a fazer o nó do tipo "forte".

Andei durante alguns dias com os sapatos e parece-me que o novo nó demora muito mais tempo a desfazer-se do que o que eu anteriormente fazia.

Vivendo e aprendendo, mesmo que muito tarde, como aconteceu no meu caso.