Fui ao Irão em Maio/2010, com receio de mais outra intervenção americana que partisse o país todo, à semelhança do que acontecera no Iraque, incluindo as ruínas do império persa do tempo de Dario e Xerxes e a deslumbrante arquitectura quer laica quer religiosa que tive a oportunidade de mostrar
neste blogue em vários posts.
No regresso a Teerão vindos de Isfahan passámos pelo Mausoléu (35°32'56.38"N, 51°22'1.29"E) construído para guardar os restos mortais do ayatola Khomeini, descomunal como se pode ver facilmente no Google Earth usando as coordenadas que indiquei acima e na figura seguinte. Não resisto a observar que existe um conjunto apreciável de países em que não está disponível a “street view” do Google. A globalização não é ainda tão global como parece.
Lembrei-me agora disto pelo recente atentado do Daesh que fez 12 mortos e dezenas de feridos no Irão, no parlamento e neste mausoléu, mostrando mais uma vez a incorrecção das análises do actual presidente dos E.U.A., mostrando que o terrorismo de exportação actual é predominantemente sunita e não xiita. E que a exportação do terrorismo se faz sobretudo através da internet e da influência de mentes à distância e não através de migrações, dado que mais uma vez neste caso os terroristas eram cidadãos do país (Irão) vítima de terrorismo.
Não tenho simpatia pelo regime teocrático fundado por Khomeini que actualmente governa o Irão mas é compreensível a animosidade existente contra os E.U.A. dada a intervenção da C.I.A. no golpe de estado que depôs em 1953 o governo do Dr.Mossadegh, governo resultante de eleições democráticas, que nacionalizara os interesses petrolíferos estrangeiros no país.
Passei agora por
um artigo na Newsweek onde se constata que 7 anos depois ainda prosseguem obras importantes no mausoléu pois ainda se vê o guindaste.
Existem outras cúpulas azul-turquesa neste complexo como a que se vê na figura
Não visitámos o interior do mausoleu, não sei se por ser difícil para turistas se por falta de tempo. Não consegui uma visão de conjunto do edifício por alguma falta de interesse.
A presença destas árvores de pequeno porte dificultaram a tomada de vistas do edifício mas existem pontos de onde se consegue uma boa perspectiva. E gostava que na Praça do Comércio em Lisboa existissem árvores destas para oferecerem alguma protecção do sol abrasador.
No lado esquerdo da 1ª imagem deste post aparece um bocadinho de uma tenda. Na realidade havia muitas, conforme se constata nesta imagem
Apreciei a limpeza e organização do espaço e surpreendeu-me que tanta gente passe uma noite numa tenda para visitar o mausoléu do ayatola Khomeini.
Tentei lembrar-me de mausoléus na Europa e só me consegui lembrar da ruína, de dimensão apreciável, do mausoléu do Octávio César Augusto em Roma.
Mausoléus recentes existem além deste o que é dedicado a Mao Zedong na praça Tiananmen em Pequim, o de Kemal Ataturk em Ankara na Turquia e, se considerarmos o volume de peregrinações que suscitavam, o pavilhão onde repousava o corpo embalsamado de Lenine na Praça Vermelha em Moscovo.
O mausoléu do imperador Meiji em Tóquio também suscita
excursões respeitosas como mostrei aqui onde refiro a surpreendente Declaração de humanidade do imperador Hirohito.
Recuando um pouco mais no tempo teremos o Taj Mahal na Índia e o mausoléu de Umayun em Delhi mas estes atraem pela qualidade arquitectónica. E não vou referir monumentos mais antigos.
Fiquei a pensar porque não existirão mais mausoléus na Europa e congratulo-me com tal facto.
Toda a gente morre e embora se devam tratar com respeito os defuntos, a memória deles deve estar nas recordações do que fizeram em vida e não em monumentos depois da morte.