2016-11-30

O Outono sempre vai chegando


Como se vê hoje nos Olivais Sul em Lisboa, com umas poucas árvores do bairro, da Quinta Pedagógica ou do Contador-Mor a ficarem com folhas amarelas, castanhas e vermelhas





2016-11-29

Meandro(s)


Visto na margem lodosa do rio Tejo no Parque das Nações em Lisboa:


Versões da Wikipédia sobre meandro em português (muito resumida), em espanhol, e em inglês, estas duas bastante completas e com figuras um pouco diferentes.

Também metáfora para os caminhos da política, nem a água consegue correr em linha recta...


2016-11-22

Tempo de espera



Há muito tempo que quase não ando de autocarro. Nos tempos em que não tinha carro demorava 10 a 15 minutos a pé da minha casa até o estabelecimento de ensino pelo que só precisava de usar transporte público esporadicamnete.

Mesmo nessa altura constatei que esperar por um autocarro era uma enorme seca e que se fosse a pé acabava na maior parte dos casos por chegar mais cedo ao destino do que o autocarro, verificação possível pois usava o mesmo trajecto.

Às vezes tomava o eléctrico pelo prazer de ir sentado à janela com esta aberta quando o tempo estava ameno. E o metropolitano era verdadeiramente a única alternativa boa, quando passou aquele período inicial das composiçõs com duas ou três carruagens em que uma pessoa ia tão comprimida como no metro de Tóquio na hora de ponta.

Nas cidades da Europa fui vendo o aparecimento de painéis electrónicos onde era afixado o tempo de espera para o próximo eléctrico ou autocarro e acostumei-me a ver valores normalmente inferiores a 10 minutos nos centros das cidades.

Quando comecei a ver esse painéis em Lisboa constatei que. sob o ponto de vista do tempo de espera, a situação não era muito diferente do que acontecia há 50 anos atrás, via valores de 18 minutos, de 25 minutos, valores que me parecem inacreditáveis para quem tem de usar estes transportes.

Constatei além disso que os painéis eram raros, existiam imensas paragens sem nenhum painel e presumo que os horários, que talvez estejam afixados, seriam tão úteis como os horários dos voos da TAP que dão uma vaga ideia de quando o avião parte ou melhor, estabelecem um limite inferior do instante em que se dará a partida.

Notei contudo numa paragem ao pé da minha casa que a respectiva placa que mostro na foto


sugeria o envio de um SMS com o texto C 08413 para o número 3599. Constatei depois que o número 3599 se aplica em todas as  paragens, mudando o código C nnnnn que caracteriza a paragem.

Fiz a experiência e para meu espanto recebi em menos de um minuto, naquele caso ao fim de menos de  10 segundos, mensagem SMS de resposta com uma lista dos autocarros que iriam chegar, com o tempo de espera e o tempo de chegada!

Desde aí usei esporadicamente este sistema, sempre com bons resultados, duma vez como o tempo de espera era superior a 20 minutos ainda fui a um café beber uma bica, em vez de ficar a secar na paragem.

Parece-me um sistema muito bom considerando que o custo dos SMS é muito pequeno ou mesmo nulo para alguns contratos com operadores de telemóveis. O sistema também é bom para a Carris, com menores custos de investimento em painéis, ainda por cima mais vulneráveis a vandalismo e a avarias que necessitam de deslocação ao local. E tem ainda a vantagem para quem está em casa de saber quando será preciso dirigir-se à “sua” paragem, possibilidade que não existe com os painéis electrónicos nas paragens.

No site da Carris tem informação sobre isto aqui.




2016-11-21

O Outono está a chegar devagarinho


Depois dos calores de ananases do último Verão começou o Outono no equinócio em 22/Set/2016, passaram agora 60 dias, faltando 30 para para o solstício de inverno que ocorrerá em 21/Dez/2016.

Passaram-se assim 2/3 do Outono e no domingo de há uma semana (dia 13/Nov), na praia de S.João da Caparica ainda fazia este tempo magnífico



 olhando melhor vê-se que já não era bem Verão, nesta altura já só se vê gente vestida na praia, ou a passear na areia ou com fato de neoprene nas ondas




eu próprio estava bem protegido do sol como atesta a minha sombra aqui ao lado mas não duvido que os turistas do norte da Europa estariam a apanhar banhos de sol.

Estive a ver no Wunderground os valores históricos do mês de Novembro em Lisboa e as médias da  máxima/mínima começam em 1/Nov com 19º/13ºC e os valores vão descendo até aos 15º/9ºC no fim do mês. Os valores observados este ano não se afastam muito do normal, com uns dias de sol e outros com alguma chuva.

Neste esteve sol e até a serra de Sintra lá ao fundo se apresentava neste dia sem nuvens.



vendo-se a silhueta do palácio da Pena neste detalhe.


Não tenho tido assim oportunidade de mostrar fotos lindíssimas de paisagens geladas como as que aparecem aqui.

Hoje o tempo já esteve mais Outonal, choveu com frequência durante o dia como se constata nesta foto dos Olivais Sul


em que a relva verde revela que caiu alguma chuva depois do Verão em que os relvados estavam estritamente amarelos e secos.

Notam-se umas tantas folhas amarelas nas árvores aqui e ali mas será preciso esperar por meados de Fevereiro para cair a última folha, para logo a seguir começarem a aparecer as folhas novas.



2016-11-14

Ainda Leonard Cohen


Antes da Internet era difícil encontrar informação, entre tantas outras coisas, sobre artistas. Agora o difícil é parar, anteontem e ontem passei por muitos vídeos sobre Leonard Cohen e suas músicas.

Além do texto da New Yorker, publicado em 17/Outubro/2016, gostei particularmente desta entrevista feita por uma sueca (Stina Dabrowski, que fez entrevistas a muitos notáveis) quando ele estava no mosteiro Zen para onde se retirara de 1994 a 1999.

Gostei imenso de o ouvir, pareceu-me sincero o que é sempre refrescante, mais ainda depois desta campanha eleitoral americana. O vídeo dura cerca de 40 minutos, embora refira 53 mas por motivo desconhecido o genérico final aparece aos 40 e poucos e depois fica tudo preto.




2016-11-11

Leonard Cohen



Leonard Cohen morreu em casa, em paz, em 7/Nov/2016, o que foi divulgado ontem, dia 10/Nov.

Normalmente não sei qual a música que prefiro de um cantor/compositor.

Neste caso sei, é a Suzanne, de que deixo um Youtube com a letra




Também gosto muito deste video surreal do "Dance me to the end of love"




e desta canção do último álbum, lançado em Outubro deste ano



em que diz  Hineni, Hineni, I'm ready my lord


cuja letra fui buscar aqui:


"You Want It Darker"


If you are the dealer, I'm out of the game
If you are the healer, it means I'm broken and lame
If thine is the glory then mine must be the shame
You want it darker
We kill the flame

Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the help that never came
You want it darker

Hineni, hineni
I'm ready, my lord

There's a lover in the story
But the story's still the same
There's a lullaby for suffering
And a paradox to blame
But it's written in the scriptures
And it's not some idle claim
You want it darker
We kill the flame

They're lining up the prisoners
And the guards are taking aim
I struggled with some demons
They were middle class and tame
I didn't know I had permission to murder and to maim
You want it darker

Hineni, hineni
I'm ready, my lord

Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the love that never came
You want it darker
We kill the flame

If you are the dealer, let me out of the game
If you are the healer, I'm broken and lame
If thine is the glory, mine must be the shame
You want it darker

Hineni, hineni
Hineni, hineni
I'm ready, my lord

Hineni
Hineni, hineni
Hineni

2016-11-09

What Happened?


Há muitos anos no filme “Tootsie” o amigo encenador de teatro da personagem do Dustin Hoffman dizia-lhe que o seu objectivo, quando preparava uma peça de teatro para exibição, era tentar que os espectadores, ao fim de uma ou duas horas de espectáculo, saíssem da sala perguntando uns para os outros “What happened?”.

Quer no caso do Brexit quer ontem deitei-me um pouco mais cedo do que habitualmente.

Como no Brexit as projecções apontavam fortemente no princípio para a vitória da permanência no Reino Unido na União Europeia e no fim da contagem se observou o oposto, desta vez quando me fui deitar já não acreditava que a eleição de Hillary Clinton estivesse segura. Projecções económicas e políticas são as novas previsões da meteorologia, merecem pouco ou nenhum crédito.

Ouvi um bocadinho do discurso de vitória do Donald Trump e constatei (ainda com alguma surpresa) que afinal, ao contrário do que dissera há poucos dias num dos debates com a Hillary, de que a poria na cadeia quando chegasse a presidente, considerava que ela tinha sido uma grande lutadora durante a campanha e que o país lhe devia muito devido aos serviços relevantes que lhe tinha prestado.

Constatei assim que uma suspeita que se vinha avolumando sobre a minha incapacidade de compreender o discurso político, sobretudo na fase pré-eleitoral, se confirma cada vez mais. Notei isso quando Durão Barroso garantiu que não aumentaria os impostos para afinal encontrar o país de tanga e se “ver obrigado” a aumentá-los, depois com as contradições de Sócrates amplamente documentadas em Youtubes da net, seguidas do que me pareciam contradições de Passos Coelho mas estas últimas tão fortes que passei a considerar que o que ele dizia não tinha significado e culminando agora em Donald Trump.

Dado que cerca de metade dos eleitores americanos que se manifestaram nas urnas votou num candidato que disse coisas inacreditáveis durante a campanha, prefiro acreditar (uma questão de fé) que boa parte dessa gente possui uma chave interpretativa que lhes permite conhecer as verdadeiras intenções de Donald Trump, a partir dos dislates que vai dizendo. Pela minha parte irei estar atento durante algum tempo a ver se acedo a essa descodificação.

Entretanto constato que o Partido Republicano controla agora a Presidência, o Senado, a Câmara dos Representantes e dentro em breve também o Supremo Tribunal.

Os Estados Unidos da América têm zonas muito problemáticas, de que é exemplo esta estação de combóios na cidade de Detroit, encontrada aqui que são um dos factores explicativos possíveis.




Depois de seleccionar esta foto pensei que seria natural que na capital que foi do automóvel os combóios não saíssem muito bem tratados mas toda a cidade está em declínio, com pouca gente e muito crime.


Na Wikipédia tem este artigo sobre desigualdade de rendimentos nos EUA de onde retirei este gráfico



onde se constata que foi no início dos anos 90 que o rendimento mediano das famílias deixou de acompanhar o aumento da produtividade. É provável que seja o resultado das reformas do republicano Ronald Reagan que presidiu de 1981 a 1989, mas os democratas que estiveram no poder desde então não conseguiram inverter esta tendência. Isto seria outra possível explicação para a escolha dum candidato “de fora do sistema político”.