Ofereceram-me mais um livro de banda desenhada sobre temas científicos (o
outro referido aqui), desta vez o Cosmicomix, sobre a descoberta do Big Bang, de que gostei muito e que tem uma
boa apresentação num post do blogue De Rerum Natura.
Durante a leitura surpreendeu-me a referência no Congresso da Academia Nacional de Ciências dos E.U.A. em 26/Abril/1920 a um grande debate também aí em curso sobre se as numerosas nebulosas espirais que se viam nos melhores telescópios de então seriam galáxias iguais à nossa Via Láctea onde se situa o Sol.
Eu lembrava-me dos programas de
Carl Sagan na televisão e depois do seu livro “
Cosmos”, publicado pela Gradiva que li em 1985. Fui agora ver na net, verificando que a série composta por 13 episódios e emitida em Setembro/1980 foi vista por 500 milhões de pessoas. Constatei também que o livro “Cosmos” foi o 5º da colecção “Ciência Aberta” da Gradiva, uma editora portuguesa fundada em 1981 e que tem dado ênfase a publicações de divulgação científica.
Nessa série a teoria do Big Bang, como explicação da origem do Universo numa enorme explosão, era dada como a melhor descrição científica do que se tinha passado. A melhor prova disponível para essa teoria, foi premiada com o prémio Nobel de Física de 1978, atribuído a
Arno Allan Penzias e Robert Woodrow Wilson pela descoberta da radiação cósmica de fundo na frequência das micro-ondas. Os premiados tinham publicado a sua descoberta em 1965. A atribuição dos prémios Nobel rodeia-se de bastantes cuidados, neste caso o reconhecimento veio 13 anos depois.
Nessa série falava-se também da existência das galáxias, agregados de milhões de estrelas como a Via Láctea e outras “nebulosas” que povoam o céu nocturno. Eu lembrava-me de no final dos anos 60 ter lido uns livros de ficção científica em que falavam de viagens intergalácticas, em que as galáxias já apareciam como agregados de estrelas mas fiquei curioso de saber o que teria aprendido no liceu sobre este tema.
Entretive-me então a tentar descobrir em que disciplina o tema poderia ter sido abordado. Não seria assunto para a Biologia onde se descrevia os reinos vegetal e animal, o corpo humano, sua anatomia e fisiologia e a evolução da vida na Terra. A Física tratava das leis mais simples da Mecânica, do Calor e da Electricidade, não faria sentido falar em modelos cósmicos. A Geologia, no 7º ano do liceu, equivalente ao 11º ano do ensino actual tratava da constituição do planeta Terra e da sua história, restavam as Ciências Geográfico-Naturais, disciplina que constava do curriculum do 1º e 2º anos do liceu, os agora 5º e 6º anos.
O livro de J.Correia Monteiro que ainda guardo dessa época de que mostro a capa e a contra-capa
era o que estava em vigor (livro único) nos anos lectivos de 1959-60 e 1960-61 em que passei respectivamente pelos 1º e 2º anos do liceu.
No início desse livro, logo na página 9, são referidos os diversos astros visíveis no firmamento, que pertenciam a 4 categorias: Estrelas, Planetas, Cometas e Nebulosas
Das nebulosas refere-se o seu aspecto de manchas esbranquiçadas mas o livro é completamente omisso sobre a existência de galáxias e das estrelas que as constituem.
É um pouco estranho que o livro escolar não fale sobre as galáxias e a sua composição, esta falta de informação sobre conhecimentos adquiridos 30 anos atrás revela talvez alguma lentidão. Gostava de saber como se passam estas coisas noutros países, quanto tempo passa entre uma descoberta científica e o seu aparecimento em livros de texto.
E vou acumulando evidências de que já tenho uma idade considerável, embora muito mais novo do que qualquer das galáxias observáveis.
A galáxia que está mais ao pé da nossa Via Láctea é a
galáxia de Andrómeda de que deixo aqui uma imagem muito bonita captada pela NASA, que fui buscar ao
artigo da Wikipédia.
Errata do Cosmicomix: na 1ª edição de Julho de 2015 existe um erro de tradução na página 37, pois enquanto na versão original em italiano mostrada na página 143 diz:
"Ora, immagina che la stanza riceva un'improvvisa spinta dal basso"
que o google tradutor traduz correctamente para:
"Agora, imagine que o quarto recebe um impulso repentino do fundo" (ou de baixo)
na edição referida a frase foi traduzida para:
"Agora, imagine que o quarto de repente recebe um impulso para baixo"