2013-10-29

Outono


A Helena Araújo do 2 Dedos de Conversa, um blogue muito variado e sempre muito interessante, brindou-nos com umas imagens lindíssimas do Outono em Potsdam.

O blogue tem imagens de grande qualidade cuja apresentação padecia até há algum tempo de falta de dimensão, eram apresentadas com poucos pixels.

Já há algum tempo que essa dificuldade pode ser facilmente ultrapassada clicando numa das imagens dum post. Nessa altura o blogger passa a fundo preto, mais apropriado para ver imagens, e mostra todas as imagens desse post num formato tão grande quanto o número de pixels do ficheiro original permita.

Recomendo vivamente a ver as imagens do "Outono em Potsdam - variações sobre um tema" clicando sobre uma das imagens, preferencialmente a primeira e vendo todas as imagens no tamanho grande, pois é muito mais fácil ver assim a sua grande qualidade.

Seleccionei um bocadinho da penúltima imagem deste post para a mostrar aqui, um bocado ampliada,


fez-me lembrar esta imagem do Escher.


Do post anterior ao que acabo de referir, "Outono em Potsdam" seleccionei um pedacinho da sexta imagem que mostro a seguir


lembrando aqueles empedrados compostos por círculos que se intersectam.


Vale a pena ver todas essas  imagens de que destaco esta, de um pato sobre um lago com reflexos dourados da luz da tarde e das folhas de Outono, que me recorda o lago de Giverny onde o Claude Monet pintou tantos quadros deslumbrantes.


2013-10-24

Onde a terra acaba e o mar começa - 2


Por coincidência passei ontem em frente dum texto do Engº Ferreira Dias, que já citei aqui, contendo o título deste post, esta expressão quase idiomática de Portugal. Gosto de muitos dos textos deste engenheiro, pelas críticas que faz, pelos objectivos que propõe e também pela forma da escrita.

O texto que refiro está na entrada do edifício anteriormente chamado "Laboratório Central", instalação da Companhia Nacional de Electricidade, actualmente integrada na empresa Labelec do grupo EDP





Transcrevo o texto para facilitar eventuais referências:

"Este laboratório tem sido objecto de críticas malsãs, como sonho de grandeza de quem desconhece o valor do dinheiro; mas a isto anotarei que tal opinião me parece uma forma discreta de incultura. Em todos os grandes países , as indústrias de vanguarda, (estão) longe de o esconderem, fazendo gala do que despendem em Laboratórios, estudos e pesquisas, em escala que nós desconhecemos; mas essas têm à volta um auditório diferente, que as ouve com respeito e faz do progresso das suas grandes empresas uma das razões de orgulho nacional.
Aqui, nesta ponta da Europa, onde a terra acaba e o mar começa, quase tem que se pedir desculpa de se dar um passo nesse caminho; são tão poucos os que se seguem, que estes se sentem isolados como quem vai por um mau trilho. No entanto, é por esse trilho que os países crescem, prosperam, ganham força e prestígio, mas a busca da prosperidade para os portugueses, é tema de lamúria e não de heroísmo, como se ela fora uma espécie de entidade metafísica, irredutível a termos materiais, atingíveis com alguma canseira."

Extracto de um discurso proferido em Maio de 1964 aquando da inauguração dos laboratórios

2013-10-23

Onde a terra acaba e o mar começa


A ponta sudoeste da Cornualha chama-se "Land's End", o Fim da Terra, no norte da Galiza existe o cabo Finisterra, os Portugueses têm uma descrição mais completa, a terra acaba mas não é o fim de  tudo, é o sítio onde o mar começa.

Existem muitos sítios onde a terra acaba e o mar começa, gosto muito deste, na esplanada do restaurante Furnas do Guincho, onde o mar parece querer entrar pela terra adentro. Tirei estas fotos em 30 de Outubro de 2011, por volta das 3 da tarde, quando o Sol cria no mar uma esteira prateada até ao horizonte. Nesse dia o mar estava agitado, criando muita espuma ao bater nas rochas




e de vez em quando apareciam ondas enormes como esta



ou esta, em que a luz do Sol também entrava pela onda adentro revelando aquele verde-mar tão típico



de que mostro um detalhe a seguir:



Nunca apanhei ondas tão grandes nas carreiras que fazia na Praia da Rocha no meu colchão pneumático de marca Repimpa, mas ver esta imagem fez-me relembrar perspectivas semelhantes de grandes ondas que poderíamos ainda conseguir "apanhar" para mais outra carreira, embora ver a onda já tão acabada assim fosse sinal de que as probabilidades de ela cair em cima de nós eram esmagadoras, aliás como a própria onda!

2013-10-17

Hannah Arendt


Eu nasci em 1949 e as memórias que me ficaram de Eichmann na minha infância foi de um nazi que tinha fugido para a Argentina onde foi raptado pelos serviços secretos israelitas e levado para Israel onde foi julgado, condenado à morte e executado.

Confirmei recentemente que estas minhas memórias estavam correctas embora não me lembrasse das datas.

Só muito mais tarde ouvi falar da filósofa Hannah Arendt e do seu conceito tão bem sintetizado na expressão "Banalidade do Mal".

A tese central de Hannah Arendt, no seu esforço de compreensão de como foi possível o horror do holocausto, é de que não é preciso ser um monstro para executar tarefas com consequências de uma malignidade extrema . Basta não pensar nas consequências do que se faz.

Fui ver o filme actualmente em exibição que recomendo vivamente e do qual deixo aqui um trailer.



Sem pretender fazer comparações descabidas com o horror nazi, existe contudo um aspecto na condução dos programas de "ajustamento" dos países europeus sob resgate que me perturba, e que consiste na afirmação que "é preciso manter o rumo". Quer isto dizer "quaisquer que sejam as consequências"? Custe o que custar? E que "não existem alternativas"?

Procurando no google cheguei a este site que achei interessante. Vi mais referências aqui, aqui e aqui.

2013-10-08

Afinal o tempo continua a ser o que era


No jornal Público referiram no fim de Maio/2013 que um canal francês de previsão meteorológica, "La Chaîne Météo" previra que o próximo Verão na Europa seria o mais frio dos últimos 200 anos.

A Chaîne Météo disponibiliza muitas Apps para os mais variados suportes. Infelizmente dedica tanto esforço à parte informática que lhe resta pouco tempo para fazer previsões meteorológicas de longo prazo credíveis e suspeito, pelo enorme fiasco do soundbyte, que as previsões de curto prazo terão pouca qualidade.

Não consigo deixar de referir que as agências públicas de previsão meteorológicas, pagas com o dinheiro dos contribuintes, instituições que por serem públicas alguns economistas se obstinam em considerar que não criam valor, mantiveram a opinião dominante que não é possível fazer previsões além de poucos dias, e continuaram a fazer previsões valiosas e de qualidade dos dias mais próximos.

A realidade chegou e em Junho, Julho, Agosto e Setembro tivemos tempo quente com 3 ondas de calor repartidas mais ou menos equitativamente pelo período do Verão.

Depois, pontualmente em vinte e picos de Setembro, pouco depois ou mesmo em cima do equinócio tivemos umas chuvas anunciando o Outono. Entretanto o calor regressou, num vai e vem típico da época.

Sinto-me à vontade para dizer agora que a primeira parte do Outono vai ser normal porque se ficar fresco é Outonal, se aquecer um bocado será o Verão de S.Martinho.

Entretanto voltaram a aparecer as plumas de que tanto gosto nos canaviais à beira-rio e por esses campos fora.

Como ainda tinha umas fotos por mostrar, que tirei em Outubro de 2012, aproveito agora esta oportunidade, o céu tinha na altura mais nuvens mas diz que elas vão voltar.












Esta última imagem é uma selecção ampliada de parte da que a precede.

2013-10-05

Ainda o álcool no trabalho


No mês de Agosto, influenciado pelos órgãos de comunicação social, escrevi um post referindo no ponto número 3) o caso do juiz que teceu considerações irónicas sobre o álcool no trabalho.

Explicaram-me entretanto que o essencial do caso não eram essas considerações irónicas mas que a taxa de alcoolémia foi obtida pela empresa de forma ilegal, pelo que não pode ser usada como prova e não existe nenhuma norma na empresa interditando o consumo de álcool, designadamente definindo um nível que não possa ser ultrapassado, pelo que seria completamente abusivo que a empresa despedisse o trabalhador, conforme se alega no acórdão.

Continuo a achar que o poder judicial deveria construir um portal do cidadão para fazer um resumo dos acórdãos que estão a ser contestados na comunicação social, explicando a racionalidade da decisão, com um link para o acórdão, para quem se interessasse pelos detalhes.

Em casos em que a argumentação não pudesse ser resumida de forma tão simples poderiam limitar-se a disponibilizar o link.

2013-10-04

Fuga à política de Portugal, para o Deserto?



Enquanto aguardo a ver se o Estado português entra ou não em incumprimento da dívida, aprovando (ou não) uma lei em que se recusa a cumprir os compromissos legalmente assumidos perante os pensionistas da função pública, veio-me a ideia de ir para o deserto, meditar e eventualmente pregar.

Numa das viagens que fiz à Grécia reparei que em muitas das igrejas ortodoxas que visitei aparecia uma imagem de uma mulher que era quase só pele e osso, agora dir-se-ia anoréctica. A auréola à volta da cabeça indicava ser uma santa e julgo que tomei nota de inscrições dizendo Hagia Maria ou Saint Mary, em conjunto talvez com uma referência ao Egipto. Já não me recordo como a localizei, provavelmente foi com o Google e a Wikipédia, que identifiquei a Santa Maria Egípcia.


A imagem acima seria provavelmente uma das que vi nas igrejas, na maior parte dos casos a representação dos motivos na arte bizantina é muito estilizada, curiosas as costelas da santa bem como os abdominais, mostrando a ausência de qualquer adiposidade. O ombro tem uma forma quase esférica, as pernas são finíssimas e os pés desproporcionadamente pequenos. No meio do deserto corre um curso de água, aparecendo também uns arbustos raquíticos e uns montes, deviam fazer parte do cenário da história em que o santo Zosimus encontrou a Maria toda nua a vaguear e lhe cedeu uma capa para se cobrir.


Nesta outra imagem, do encontro de Zosimus e Maria aparecem os mesmos motivos que referi anteriormente mas a representação é muito mais realista, embora continue a ser estilizada. Parece-me que será uma imagem mais recente do que a primeira.


Tenho uma grande dificuldade em ordenar por data de execução as diversas imagens da Maria Egípcia que me trouxe o Google Images. Esta a seguir parece-me situar-se entre a primeira e a segunda imagem que apresentei, com o ombro esférico, as mãos mais estilizadas do que na 2ª imagem bem como as sombras da cara.


A seguir a esta imagem coloco esta, sobretudo pelo penteado que me parece mais contemporâneo e um maior recato na apresentação do corpo nu que agora está quase todo coberto

 

Para finalizar mostro esta versão com um cabelo à hippie, uma cruz que cruza o braço numa simetria perfeita, em que as costelas já estão ocultas pela roupa que passou duma capa simples para um vetido com um drapeado que parece alta costura moderna, com um decote de grande modéstia e um braço desnudo mas com uma cava que cobre parcialmente o ombro. Diria que se trata também de uma imagem contemporânea.
 

Segundo a wikipédia esta santa viveu de 344 a 421. Como a queda de Roma ocorreu em 476, a santa viveu num tempo de declínio do império, o que poderá contribuir para explicar este recolhimento no deserto desta santa e de mais vários eremitas.

Talvez  estivessem fartos dos disparates dos políticos de então e da incapacidade do império se reformar.