2010-05-24

Moda em Teerão



O titulo deste post é um pouco pomposo, seria mais exacto usar o título “Algumas montras na rua Valiasr, ao pé da praça do mesmo nome, em Teerão” mas ficaria então excessivamente comprido.

Tive um colega inglês que teve algumas reuniões de trabalho com engenheiros iranianos e que não se conformava com a combinação de camisa de colarinho sem gravata e fato formal, já para não falar da barba de 3 dias que nessa altura era rara no Ocidente. Dizia-me ele, se estão com a barba por fazer e não põem gravata, porque é que vêm de fato?

O Islão considera que toda a gente se deve vestir com modéstia e embora se tenha prestado mais atenção à forma como se vestem as mulheres, a mesma modéstia deve também ser observada nas roupas masculinas.

A revolução que instaurou a República Islâmica do Irão em 1979 elegeu a gravata, de uso comum no Ocidente, como um pormenor diferenciador, sendo patente que nenhum dos governantes actuais do Irão se apresenta no exterior em público com gravata. Normalmente apresentam-se com um fato de corte semelhante ao uso no Ocidente e com uma camisa branca, aberta ou fechada no colarinho.

Achei assim muito curiosa esta exposição de camisas de várias cores e padrões para acompanhar os fatos clássicos nesta montra. A vaidade dos padrões das gravatas, uma vez que estas estão actualmente mal vistas no Irão, passou-se aqui para os padrões das camisas.

Na montra seguinte, além das cores garridas das camisas observa-se o uso de lenços de pescoço, outra forma de tornear a “proibição” da gravata (não sei se é verdadeiramente proibida ou se se trata de uma pressão social muito forte).





Não reparei no uso destas roupas na via pública, talvez estejam reservadas para ocasiões mais especiais, na imagem seguinte estão o que parecem fatos para ocasiões de maior cerimónia



Os fatos têm um brilho nacarado intenso, sobretudo o dourado, 4º a contar da direita.
Parece-me que apenas o manequim mais à direita ostenta uma gravata.

Além do laço do 2ºmanequim, os outros têm uma enfeite sedoso enrolado à volta do pescoço, como se vê no detalhe aqui ao lado, que parece uma gravata mas não é uma gravata.

Na composição do traje é interessante o uso também de colete, nalguns casos de um dourado ainda mais espampanante.

Parece-me assim que embora o Islão recomende modéstia no vestir, estas lojas apresentam soluções bastante menos modestas do que as apresentadas nas lojas de roupa de homem do Ocidente, embora não recorram ao uso da gravata.

Para finalizar deixo aqui ao lado a sugestão ao pé do fato dourado, esta camisa com colarinho e punhos também de ouro. Fico na dúvida se os reflexos dourados do sapato são do próprio sapato ou dos numerosos adereços dourados que o rodeiam.

Talvez os leitores estejam agora a estranhar a ausência de imagens de montras com roupa para senhora. Essa ausência deve-se a que nos 400 ou 500 metros da rua em que estas fotos foram tiradas apenas existiam lojas de roupas para homem, não existindo uma única loja de roupa para senhora.

Claro que em Teerão existem imensas lojas de roupa para senhora. Mas não tantas como é habitual no Ocidente.

1 comentário:

Helena Araújo disse...

Gosto da cara dos manequins. De algum modo lembram bonecas loiras e de olhos azuis em África...