Na sequência do post anterior e da comparação entre a taxas de alfabetização de Portugal e da Tailândia fui à procura da evolução da taxa de analfabetismo em Portugal e encontrei um post no blogue theca libraria com as duas primeiras colunas da tabela aqui ao lado, contendo na 1ª coluna o ano do censo de Portugal e na 2ª a taxa de analfabetismo medida nesse censo. Calculei a 3ª coluna que mostra a variação em cada década da taxa de analfabetismo em Portugal.
O post refere como fonte da tabela:
[António Candeias et al. (2007): Alfabetização e Escola em Portugal nos Séculos XIX e XX. Os Censos e as Estatísticas, Fund. C. Gulbenkian, p.40; e Recenseamento da População e Habitação (Portugal) - Censos 2001 (quadro 1.03, População residente segundo o nível de ensino atingido e taxa de analfabetismo), Instituto Nacional de Estatística)]
Embora fosse interessante tecer algumas considerações sobre o significado destes números prefiro limitar-me a achar que a evolução foi muito lenta.
Usando "history of literacy" no Google, fui parar a este sítio, onde compilam de forma automática informação relevante de várias fontes, parecendo o resultado bastante interessante. Diz por exemplo que em 1710 na Nova Inglaterra a taxa de alfabetização era de 70%, valor que conseguimos atingir em Portugal em 1960, 250 anos depois!
6 comentários:
Comparado com os Estados Unidos a situacao é otima :)
Ainda que a redução da taxa de analfabetismo possa ser considerada algo lenta, a verdade é que um cálculo simples demonstra que, a partir de 1940, mesmo que 100% das crianças nascidas fossem alfabetizadas não sería possível obter os resultados alcançados sem que tivesse existido um esforço de educação da população adulta (se por exemplo entre 1981 e 1991 100% das nascidas fossem alfabetizadas, isso só explicaria um redução de 21% para 18% do analfabetismo, quando na realidada a redução foi para 11%). Deste modo, conclui-se que a alfabetização da população adulta teve ainda assim um papel importante para explicar as estatísticas obtidas, o que me leva a pensar que a redução do analfabetismo afinal não foi tão lenta como à primeira vista poderia parecer...
Nuno, eu sei que houve algum esforço de alfabetização de adultos. Fiquei com curiosidade em saber qual o "cálculo simples" que fizeste para obteres os números que citas. Tenho estado fora, donde a lentidão deste comentário.
Relativamente aos grupos etários a partir dos 45 anos tal redução não me parece tão grande, pelo contrário. Será que se espera que a morte dê o seu contributo para a redução do analfabetismo nesse cohorte? O ME é que parece que não, pois a educação de adultos é limitada ao ensino recorrente (de que se aproveitam os mais jovens)e à formação tendo em vista a empregabilidade e os objectivos definidos pela OCDE, sendo a aprendizagem ao longo da vida e em todos os contextos uma grande treta!
Carlos Silva
Só agora encontrei este blogue com esta conversa que teve lugar há cerca de seis anos. Parabéns ao bloguista. Interessou-me porque procuro informações sobre a literacia em Portugal, mas sobretudo nos Açores, em termos da política de deceção do Estado Novo através de falsas estatísticas a fim de calar a oposição naquele arquipélago. Mas agradecerei a quem me puder enviar fontes de informação referentes a todo o país.
A comparação feita por Wolkengedanken da situação em Portugal com os Estados Unidos é um argumento falacioso. Exceto nos últimos anos em que se registou um fluxo imigratório para Portugal, sobretudo de países da antiga Cortina de Ferro e de algumas sociedades lusófonas, a população portuguesa tem-se mantido, geralmente, homogénea ao longo dos últimos dois séculos.
Não é o caso dos Estados Unidos. Na última década cerca de 40% a população estadunidense é constituída por imigrantes. De maneira que se torna necessário discernir entre estes americanos e os que nasceram naquele país. As estatísticas americanas de um modo geral não separam entre cidadãos naturais e imigrantes. Antes da reforma da política de imigração nos anos 60 do século passado, a maioria dos imigrantes eram oriundos da Europa. De países com um alto índice de literacia. A partir de então, a maior parte dos imigrantes é de países subdesenvolvidos, o que até afeta certas características populacionais como a altura decrescente dos indivíduos e o fenótipo. A diminuição da percentagem de brancos a favor de mestiços ou indivíduos não classificados como caucasianos tem-se verificado em ritmo apressado. É esta a razão principal das estatísticas americanas que se referem ao analfabetismo. Mas é uma herança que se tem modificado a cada geração até que o número de imigrantes, que andava por menos de 10 por cento da população subiu para 40% em pouco mais de uma década. O contraste percentual das estatísticas dos centros urbanos que são, usualmente, recetores das levas de imigrantes com as zonas populacionais que se apresentam mais ou menos estacionárias conta a história.
Caro JJ Amarante, pode por favor enviar-me o link para o local exacto onde obteve a informação que conduziu á frase que escreveu e que cito abaixo? Muito obrigado. Pedro Amorim, amorpedro29f@gmail.com Sou médico e estou interessado em estudar a literária na população idosa de doentes que hoje tratamos no nosso sistema de saúde.
a sua frase: Usando "history of literacy" no Google, fui parar a este sítio, onde compilam de forma automática informação relevante de várias fontes, parecendo o resultado bastante interessante. Diz por exemplo que em 1710 na Nova Inglaterra a taxa de alfabetização era de 70%, valor que conseguimos atingir em Portugal em 1960, 250 anos depois!
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