2013-10-24

Onde a terra acaba e o mar começa - 2


Por coincidência passei ontem em frente dum texto do Engº Ferreira Dias, que já citei aqui, contendo o título deste post, esta expressão quase idiomática de Portugal. Gosto de muitos dos textos deste engenheiro, pelas críticas que faz, pelos objectivos que propõe e também pela forma da escrita.

O texto que refiro está na entrada do edifício anteriormente chamado "Laboratório Central", instalação da Companhia Nacional de Electricidade, actualmente integrada na empresa Labelec do grupo EDP





Transcrevo o texto para facilitar eventuais referências:

"Este laboratório tem sido objecto de críticas malsãs, como sonho de grandeza de quem desconhece o valor do dinheiro; mas a isto anotarei que tal opinião me parece uma forma discreta de incultura. Em todos os grandes países , as indústrias de vanguarda, (estão) longe de o esconderem, fazendo gala do que despendem em Laboratórios, estudos e pesquisas, em escala que nós desconhecemos; mas essas têm à volta um auditório diferente, que as ouve com respeito e faz do progresso das suas grandes empresas uma das razões de orgulho nacional.
Aqui, nesta ponta da Europa, onde a terra acaba e o mar começa, quase tem que se pedir desculpa de se dar um passo nesse caminho; são tão poucos os que se seguem, que estes se sentem isolados como quem vai por um mau trilho. No entanto, é por esse trilho que os países crescem, prosperam, ganham força e prestígio, mas a busca da prosperidade para os portugueses, é tema de lamúria e não de heroísmo, como se ela fora uma espécie de entidade metafísica, irredutível a termos materiais, atingíveis com alguma canseira."

Extracto de um discurso proferido em Maio de 1964 aquando da inauguração dos laboratórios

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