2010-05-13

A produtividade dos trabalhadores



Numa viagem de 12 dias ao Irão, fica-se com pouco mais do que primeiras impressões. É também provável que o visitante tenha observado uma ou outra cena pouco representativa.

Por exemplo não sei até que ponto esta foto, tirada na entrada de um mercado de produtos hortícolas em Isfahan, será representativa das práticas actuais de carga e descarga no Irão e poderia talvez ser tirada ainda hoje em vários pontos de Portugal mas tenho observado por cá cada vez mais o uso de carros com rodas para transportar este tipo de pesos.

O uso do lado de um caixote como base para uma carga que verga perigosamente as suas tábuas de madeira revela que estas capacidades de improviso, de que por vezes os Portugueses se orgulham, não passam na maior parte dos casos de soluções de fraco recurso para ultrapassar má organização e falta de ferramentas adequadas para a realização de um trabalho. O abuso destas soluções aumentará a probabilidade de problemas na coluna vertebral num futuro não muito longínquo.

A produtividade dos trabalhadores depende fundamentalmente da qualidade das ferramentas que os assistem no seu trabalho, da qualidade da organização dos processos produtivos e da sua preparação e motivação.

Irrita-me cada vez mais as alegações cada vez mais insistentes da pretensa necessidade de trabalhar mais. Uma semana tem 168 horas. Se por absurdo passássemos das actuais 40 horas semanais para 80 horas semanais, uma quantidade que duvido seja praticada em qualquer país do mundo, não conseguiríamos mais do que duplicar a nossa actual produtividade, esgotando-se qualquer hipótese de progressão adicional. É a progressão em direcção ao beco sem saída.

Aumentar a produtividade através do aumento do número de horas de trabalho mantendo o mesmo salário mensal é a receita do patrão inepto e incapaz quer de investir quer de inovar para aumentar a produtividade.

4 comentários:

Luísa A. disse...

A questão das horas vale, sobretudo, para fins estatísticos, Jj., para compensar – suponho – a incapacidade de medir produtividades qualitativas; por outras palavras, de avaliar o quão depressa e bem se trabalha. Nas áreas administrativas, por exemplo, o aumento de horas significaria, pela certa, ou o aumento dos intervalos para café, ou a redução do ritmo produtivo, por dificuldades de concentração. E nas outras áreas há sempre um limite de resistência, para além do qual, se faz que se anda, mas não se anda, realmente. :-)

Helena Araújo disse...

Falando da Alemanha:
Assisto a situações laborais em que não se tem horário de trabalho: o salário paga à partida as horas que for preciso fazer. Tenho a sensação que as pessoas - sobretudo a partir de um certo nível da carreira - são obrigadas a trabalhar bem mais que 40 horas semanais. Ou isso, ou o desemprego.
E as pessoas já não metem baixa por doença, já não se podem "dar ao luxo" de ter um burn out.
Está a ficar profundamente desumano.

Anónimo disse...

Eu ganho 40 horas mas trabalho cerca de 60horas.É verdade,aumentam as pausas para o cafe,a produtividade aumenta pouco.O aumento das horas acontece porque os engenheiros de hoje- á 20 ou 30 anos não acontecia-não olham a meios para atingir os fins.Eu costumo dizer no trabalho que se não houvesse prisoes,os eng. e gestores por 5 euros eram capazes de matar todos os dias o que menos trabalha-se para dar o exemplo aos outros("amanha podes ser tu"),e digo-o porque os conheço muito bem.
R.

Supravizio disse...

Prezados,

No Brasil também possuímos estes tipo de problema. Um estudo revela que um gestor trabalha cerca de 14 horas por dia e no nosso blog falamos sobre uma possível solução utilizando tecnologias de workflow:
http://www.supravizio.com/Noticias/ArtMID/619/ArticleID/63/Porque-trabalhamos-tanto-exame.aspx

Wallace Oliveira