2017-07-25

Un Ciel de Magritte


Na última viagem à Bélgica fui visitar o museu do Magritte e constatei que os céus azuis dos quadros dele costumam ter umas nuvenzinhas brancas como se constata neste conjunto de quadros



Depois vi que certamente se inspirava no céu azul de Bruxelas, que em vez dum azul liso como em países mais para o Sul costuma apresentar umas nuvenzinhas, como se pode constatar na foto que tirei ao céu no Museu do Magritte em Bruxelas, com o Atomium ao fundo a certificar o lugar da 2ª imagem



No Mont des Arts deparei-me entretanto com este caminho de árvores que me pareceu digno, com alguns retoques, dum quadro surrealista, com o caminho que não leva a lugar nenhum, a parede do lado esquerdo num azul muito claro fazendo lembrar o céu e um céu, perdão um tecto, verdejante e denso



2017-07-17

O esquerdista acidental

 Este meu texto foi publicado inicialmente em 14/07/2017 neste post do blog "Delito de Opinião"

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O esquerdista acidental

Na vida das sociedades existem duas tendências antagónicas, para a mudança e para preservar o que se alcançou.

Poderíamos dizer que a primeira é progressista e a segunda conservadora. Mas tratam-se de classificações apressadas porque por vezes as mudanças são feitas para regressar a situações anteriores enquanto o progresso se faz encontrando soluções inovadoras.

Existe outro par de tendências antagónicas que corresponde melhor à distinção entre esquerda e direita, enquanto a esquerda sublinha a igualdade essencial de todos os seres humanos a direita sublinha as diferenças entre seres humanos, que também são essenciais à humanidade, somos todos iguais mas também todos diferentes.

A origem da classificação esquerda/direita vem da revolução francesa em que os deputados do lado esquerdo da assembleia davam prioridade à igualdade enquanto os do lado direito davam prioridade às diferenças vincadas entre as classes sociais que existiam no anterior regime.

Como a distribuição da riqueza era então muito desigual em relação à contribuição de cada um, a esquerda foi conotada em toda a parte com o desejo de mudança enquanto a direita com a manutenção do statu quo.

Mas quando após muitos anos as mudanças introduzidas pela esquerda começaram a ser consideradas excessivas nalguns países, observou-se uma maior apetência pela mudança pela parte da direita enquanto a esquerda se batia pela manutenção das regras entretanto estabelecidas.

Talvez tenha sido a revolução industrial ocorrida na Europa que criou condições para uma partilha da riqueza muito mais equitativa do que a que existira na Idade Média. Em Portugal a revolução industrial foi muito tímida, devido à nossa situação periférica, à catástrofe pombalina da educação (de repente 20000 alunos do “secundário” ficaram sem professores devido à expulsão dos Jesuítas), às lutas entre absolutistas e liberais no século XIX. Na primeira metade do século XX tão pouco houve grandes progressos em Portugal, tendo chegado a 1950, metade do século XX, com uma pobreza confrangedora e uma taxa de analfabetismo de 42% (fonte: António Candeias et al. (2007): Alfabetização e Escola em Portugal nos Séculos XIX e XX. Os Censos e as Estatísticas, mostrada na tabela a seguir), um valor único e inacreditável na Europa a que alegadamente pertencíamos!

Ano    Analfabetismo Variação
1900            73%              -----
1911            69%              -4%
1920            65%              -4%
1930            60%              -5%
1940            52%              -8%
1950            42%            -10%
1960            33%              -9%
1970            26%              -7%
1981            21%              -5%
1991            11%            -10%
2001              9%              -2%

Devido a esta herança de falta de formação que temos tido dificuldade em encontrar profissionais competentes quer na prestação de serviços quer na manutenção de máquinas, sendo preferida a solução de deitar fora e comprar novo, muitas vezes representando um desperdício de capital.

Mesmo agora sofremos deste handicap, quer na manutenção quer nas despesas de funcionamento corrente, como por exemplo no sistema de videovigilância dos paióis de Tancos que estava há dois anos avariado antes do roubo de há dias, no SIRESP que tem má performance nas situações de crise em que teria maior utilidade, na falta de verba para manutenção e funcionamento dos aparelhos de ar condicionado das escolas reabilitadas no programa da Parque Escolar, etc.

Claro que o esforço na formação deu os seus frutos, a qualidade e consistência de muitos serviços melhoraram imenso nestes últimos 40 anos, como por exemplo no serviço nacional de saúde, no ensino, no fornecimento da electricidade, da água, do gás, dos telefones do acesso à internet, no saneamento, no tratamento do lixo e em tantos outros sectores que costumam ser noticiados apenas quando ocorrem grandes problemas.

Mas partindo tão atrasado o país continua na cauda da Europa em muitos indicadores e uma pessoa com tendências conservadoras como eu, que aprecia ver as coisas a funcionar consistentemente bem, não se pode dar por satisfeita apenas com o que se alcançou, vendo-se forçada a apoiar mudanças para uma distribuição mais equitativa da riqueza, que ainda está mais desigual do que a média da União Europeia, sendo a razão principal do nosso atraso.

Ou numa frase: para ser conservador era preciso que o país estivesse muito melhor.

É o que me torna num esquerdista acidental.

jj.amarante
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2017-07-13

Captador de Sonhos




Reparei pela primeira vez no objecto da figura ao lado numa banca de rua numa noite de Setembro de 2014 na Praia da Rocha.

Fiquei intrigado com o objecto mas por qualquer motivo optei por não perguntar do que se tratava, tirei uma foto com o telemóvel e mais tarde fui procurar informação à internet via "Google Images".

Embora já usasse o Google para identificar imagens de quadros e de edifícios julgo ter sido a primeira vez que o usei para identificar objectos.

Li que se tratava de um "Dreamcatcher" que agora achei que se poderia traduzir por "Captador de Sonhos".

É um dispositivo inventado numa tribo de índios da América do Norte e tem como objectivo proteger as crianças de eventuais maus sonhos.

Os sonhos bons sabem como passar pelo dispositivo que apenas impede a passagem dos pesadelos, que ficam presos na teia de aranha desfazendo-se ao nascer do dia.

O dispositivo protector é colocado sobre a cama da criança e as penas servem para mostrar a presença de movimentos do ar, como mobiles.

É curioso como estes objectos perduram nesta época tecnológica, quero crer que as pessoas os usam apenas pelo efeito decorativo, mas não tenho a certeza que esse cepticismo seja universal.

Entretanto vejo-os agora com cada vez maior frequência.

E gosto da forma estilizada da teia no círculo maior.


2017-07-10

Um espada americano


Já tenho bastantes anos e lembro-me de haver um tempo, provavelmente desde o fim da 2ª Grande Guerra em 1945 até talvez ao fim da década de 60, em que os enormes carros americanos eram gabados com expressões como "que grande espada!", que se poderia aplicar a este modelo que vi em Tavira em Julho de 2014.


Foi agora confirmar que existia um filme chamado "La belle américaine", uma comédia francesa em que a bela americana era uma viatura que ia passando de mão em mão.

Entretanto a indústria automóvel da Europa recuperou depois da devastação da guerra e os carros americanos foram perdendo o prestígio que tinham em favor dos carros europeus, de dimensões mais compatíveis com as ruas estreitas de algumas cidades antigas, bem desenhados e com consumos de combustível em níveis razoáveis enquanto os consumos típicos destes carros americanos andavam pelos 30 litros aos 100 km.

A classificação passou então de "grande espada" para "grande banheira" o que não deixa dúvidas sobre a perda de prestígio.

Agora que se tratam de carros históricos que se vêem raramente, à excepção de Cuba onde continuam a circular, gostei de rever este que no seu exagero mantém a sobriedade possível.


2017-07-09

As férias de um primeiro-ministro



Julgo já ter dito que de uma forma geral acho os portugueses são excessivamente críticos em relação aos governantes. Na vida dos políticos deve haver uma primeira fase em que são treinados pelos eleitores para ficarem cada vez mais insensíveis às críticas que sobre eles caem. Na segunda fase, quando os políticos já desenvolveram uma carapaça para sobreviverem às críticas, os eleitores queixam-se de eles não as ouvirem.

O actual primeiro-ministro, na sua viagem oficial à Índia foi "apanhado" pelo falecimento de Mário Soares. Talvez por isso escolheu desta vez para férias um lugar próximo, em Palma de Maiorca, sítio de onde poderia regressar a Portugal muito rapidamente. O sítio parece-me geograficamente adequado.

Imensos críticos consideram que alterar as férias programadas há muito criaria um ambiente de crise desproporcionado em relação à possível contribuição de António Costa para resolver as falhas que existiram na tragédia de Pedrógão e no roubo de armamento em Tancos. Talvez por isso afirmam que o PM deveria ter suspendido as férias, provavelmente para lhe poderem fazer perguntas a que ele ainda não está em condições para responder dado que ainda decorrem  os inquéritos ao que se passou.

Eu considero que o PM fez muito bem em ir gozar estas curtas férias de cerca de uma semana e faço votos para que recupere um pouco depois destes incidentes que revelaram mais uma vez algumas fragilidades do país.

Não faço ideia onde o PM está em férias, este ambiente nos arredores de Palma de Maiorca pareceu-me na altura agradável


bem como este restaurante numa pequena ilha em frente duma praia


 Contudo, o panorama por trás dessa mesma praia dava a sensação de ser um sítio talvez sobrepovoado na época alta, tirei as fotos em 16/Jun/2007, altura do ano ainda com pouca gente na praia.



2017-07-06

Olivais Sul


Em 20/Abr/2014 fotografei este arbusto florido cujo nome desconheço ao pé da vedação da Quinta Pedagógica do lado exterior da mesma.


A foto foi tirada com o meu telemóvel e está sobreexposta na parte de cima. Tentei melhorá-la reduzindo o factor gama de 1,0 para 0,75




Depois, na versão original enquadrei apenas uma parte de baixo e reduzi ligeiramente o brilho, obtendo o que parece ser uma foto de outra cena