O calor apertou um pouquinho mais agora mas já fiz esta salada em 25/Mai deste ano, presumo que na altura não estivesse frio.
Parece-me uma salada adequada aos tempos que correm, bastante austera, ou contida, adjectivo usado hoje pelo nosso presidente sobre um vinho do Douro.
Tem um leito de alface que deve ser nacional, queijo da ilha dos Açores também nacional e tomate tipo cereja que se não for produzido em Portugal não deve ter sido produzido mais longe do que a nossa vizinha Espanha, que também precisa de ganhar algum dinheiro para nos comprar os nossos produtos. Temos depois queijo Feta feito na Grécia, ajudando assim a prevenir um agravar da crise grega. Temos ainda orégãos que devem vir do Alentejo e uns grãozinhos de pimenta-rosa para apimentar a nossa relação com a Indonésia, agora que já passou a crise de Timor. Trata-se assim de uma salada que não agrava o nosso défice comercial, evitando contudo tentações isolacionistas.
Da Alemanha importamos apenas o sentido da ordem e da organização, ao mesmo tempo que assim ajudamos os nossos parceiros alemães a não agravar o seu superavit comercial, abstendo-nos de lhes comprar os produtos que fabricam e prevenindo a ameaça cada vez mais provável (dura lex, sed lex) de a Comissão Europeia lhes aplicar sanções pela violação sistemática das regras da União Europeia relativas a superavits comerciais.
De notar que com tão poucas calorias (aqueles bocadinhos de queijo são mesmo pequeninos) ainda contribuímos para hábitos saudáveis dos Portugueses, diminuindo alguma tendência para a obesidade e contribuindo assim também para a contencão da despesa do Serviço Nacional de Saúde.
Em suma trata-se de mais uma das minhas modestas contribuições para a resolução da crise político-económica que assola a Europa.