2012-03-29

Fora da Europa


Começo por mostrar um candeeiro que me surpreendeu pelas suas linhas elegantes no hotel Raintree em Chennai. Os 4 pontos luminosos reflectidos pela mesa



dão a pista de que se deve tratar de um candeeiro com LEDs (Light Emitting Diodes), uma tecnologia com décadas mas que só recentemente conseguiu produzir LEDs com cor azul e finalmente em 1993 LEDs emitindo luz branca. Estas invenções foram feitas por Shuji Nakamura, enquanto trabalhava no Japão para a Nichia Corporation mostrando, se ainda fosse preciso, que os japoneses não se limitam a copiar os ocidentais.

Quando estava a olhar para a fotografia reparei numas letras na base do candeeiro que a imagem aqui ao lado mostra ser “Koncept”. Uma busca no Google localizou logo o fabricante especialista em iluminação baseada em LEDs neste sítio. Trata-se de uma firma americana, fundada em 2002, com vários prémios de design. O candeeiro em questão é o modelo “i-Bar Mini", acessível aqui.

Confesso que numa viagem à Índia não costumo esperar contacto com novidades tecnológicas e/ou de design inovador mas constato que desta vez tomei contacto na Índia com um produto de design moderno e atraente concebido por uma empresa americana que usou uma tecnologia desenvolvida no Japão.

Na mesa de cabeceira tinha, além da Bíblia habitual da tradição protestante, um exemplar do Bhagavad-gita


um texto clássico da Índia, que os ocidentais datam entre 200AC e 200DC. O texto descreve um diálogo de Krishna com o príncipe Arjuna, assaltado por dúvidas sobre se deveria travar uma batalha.

Segundo a Wikipédia o texto era, entre muitos indianos, apreciado pelo Mahatma Gandi e por Sri Aurobindo e também por ocidentais como Robert Oppenheimer e Albert Einstein, estes dois últimos possivelmente preocupados sobre a validade moral do seu envolvimento no fabrico da bomba atómica.

A propósito do nome do hotel “Raintree” vi, passados alguns dias, esta árvore portentosa em Cochim



Não resisti a fotografar a magnífica copa da árvore que criava uma sombra generosamente protectora em conjunto com outras da mesma espécie.



Um indiano disse-me que era uma “Raintree” e que fora trazido pelos Portugueses do Brasil para aqui. Na Wikipédia encontrei esta entrada sobre a Albizia Saman que parece corroborar esta informação. É possível que no Brasil a chamem “árvore-da-chuva” ou “chorona”. Em Portugal não lhe devem chamar nada por ser inexistente aqui ou muito rara.

Mais uma coisa que existe apenas fora da Europa.

2012-03-26

O prazer da associação de ideias

O templo de de Kapaleeswarar, em Chennai, com as suas estátuas polícromas recordou-me uma escultora hiper-realista cujas obras vira em Nova Iorque.

Ainda no mesmo templo esta cúpula de um pavilhão



fez-me pensar como é bom ter algo que nos proteja da chuva e neste caso do sol impiedoso, como é o caso daquelas estátuas sob o arco.

Depois reparei nesta vaca colocada numa esquina e na solução engenhosa encontrada pelo escultor de construir um animal com dois corpos mas apenas com uma cabeça, porque na maior parte dos pontos de vista o animal aparece como normal


Logo a seguir recordei uma solução escultórica semelhante que tinha visto na catedral de Siena em Itália e localizei facilmente esta imagem de uma esfinge com uma cabeça e dois corpos, que constitui uma solução idêntica à indiana:


Não tendo formação de escultor não sei até que ponto estas soluções foram encontradas de forma independente mas parece-me como situação mais provável que pessoas de culturas muito diferentes em locais e tempos diferentes chegaram a soluções idênticas para o mesmo problema.

Ao falar na catedral de Siena apraz-me recordar a deslumbrante biblioteca de Piccolomini que referi em post anterior e o post seguinte que falava em Jun/2008 da maçada dum referendo na Irlanda, quando a crise financeira no Ocidente ainda estava embrionária.

2012-03-22

Chelsea-4, Carole A Feuerman


Antes de “ir” para a Índia gostava de mostrar mais algumas imagens da última galeria de arte do bairro de Chelsea de Nova Iorque que visitei em Outubro do ano passado.

Gostei desta escultura colorida de uma banhista abraçada a uma bola de praia, em escala maior do que a natural, no pátio interior dando para a rua da galeria Jim Kempner Fine Art




No primeiro andar da mesma galeria estava a mesma obra mas numa escala mais pequena, visível na janela. Quando fui lá fotografei-a sobre a alcatifa, mostrando a escultura do pátio mais em baixo. São obras da artista hiper-realista Carole Feuerman


No rés-do-chão estava esta escultura de uma mulher nua, que numa fotografia é difícil de distinguir de uma pessoa de carne e osso:




com uma reprodução pormenorizada das gotas de água sobre a pele


Estas representações hiper-realistas são facilmente classificadas como kitsch mas não nos devemos esquecer que as estátuas gregas costumavam ser pintadas para terem maior realismo.

Gostei da confusão deste cenário na galeria


e deste busto numa parede


Todas estas esculturas parecem quase uma preparação para as estátuas coloridas dos templos do Sul da Índia

2012-03-17

Ar

Este blogue faz hoje 4 anos. Depois da Água, da Terra e do Fogo, chegou a vez de mostrar o Ar, habitado por estas ramagens de uma árvore no Sul da Índia:

2012-03-15