2024-03-19

Cartograma da População do Mundo por País

 

Cheguei a uma curiosa representação da população mundial de 2018 organizada por países, em que cada país tem uma área proporcional às pessoas que nele vivem.

Julgo que já tinha visto mapas em que cada país ocupava uma área proporcional a uma característica diferente da área que ocupava, mas com a globalização a dimensão da população torna-se ainda mais importante do que sempre foi.

Claro que esta representação tem limitações dado numerosas arbitrariedades quer inevitáveis, como por exemplo a implícita de se considerar os países povoados de forma homogénea, quer devidas a escolhas difíceis como por exemplo representar a parta siberiana da Rússia ou a zona do deserto do Sara.

Este trabalho foi concluído por Max Roser em 12/Set/2018, no âmbito da organização Our World in Data e compreendo que tenha quase 6 anos pois trata-se de um trabalho delicado, difícil de automatizar. Por esta altura a Índia já deve ter ultrapassado a China.

Clicando no mapa ele ocupará o monitor e poderá ser ampliado

 




2024-03-15

Legítima Defesa no Metro de Nova Iorque usando arma do atacante

 

Nesta notícia da BBC contam a história duma rixa no metropolitano de Nova Iorque no meio duma multidão, entre um homem de 32 anos e outro homem de 36 anos. O de 36 anos sacou uma pistola que foi usada pelo de 32 anos para lhe dar um tiro na cabeça. O atingido ficou mal mas alegadamente estável.

Desta vez a recomendação da National Rifle Association, que defende a tese que para evitar ser morto é melhor andar armado, não prevaleceu. Neste caso o perigo esteve precisamente em tentar usar a sua arma e quem se safou foi o que aparentemente não estava armado.

O recente envio da Guarda Nacional para o Metro de Nova Iorque a fim de garantir a sua segurança foi justificado mas ainda não produziu efeito.


2024-03-13

Raio de Luz sobre Natureza Quase Estacionária

 

 

Anteontem ao fim da tarde, quando durante um período curto  entra um raio de sol por uma janela da sala tipo fresta, orientada a poente, tive a oportunidade de tirar esta foto.

Pensei que não se tratava duma Natureza morta pois dessa qualidade apenas tinha o pot-pouri dentro da tigela do lado esquerdo. Depois reparei que a madeira das superfícies horizontais já fizera parte de uma planta viva.

A cena ainda contém um vaso cerâmico chinês com uma planta viva, contrariando a classificação de Natureza morta.

Os diversos objectos metálicos. de vidro de porcelana, de acrílico e de nylon não estão vivos nem mortos, são produtos naturais inanimados porque foram produzidos por vários animais da espécie homo sapiens.

Todos eles se movem pouco, donde a classificação de Natureza Quase Estacionária, possivelmente uma deformação de engenheiro electrotécnico habituado ao estudo de sistemas eléctricos também denominados quase-estacionários.

Além de gostar das formas dos objectos da imagem aprecio a forma como alguns dos objectos, designadamente a cópia que fiz duma escultura do Naum Gabo, que já mostrei noutros posts, irradia a luz que a atravessa, bem como a taça com tampa de vidro vermelho que tinge a escultura e a sua base, e que mostrei aqui menos iluminada.

 

 


 

2024-03-09

A Crónica de João Silvestre prevendo os resultados eleitorais

 

A habitual crónica semanal de João Silvestre na página 2 do caderno de Economia do jornal Expresso tem uma análise cuidadosa e bem humorada do que as sondagens têm apurado sobre as próximas eleições de amanhã, dia 10 de Março de 2024.

Resumindo :

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Aqui vai uma previsão (quase) infalível para as legislativas de domingo: a AD terá entre 14% e 50% e o PS ficará entre 13% e 46%.

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2024-03-05

Colonizar África



Talvez na sequência do post anterior, em que escrevi sobre o livro “Portugal e o Futuro” de António de Spínola, tenha feito alguma busca na net tendo então chegado a estes dois mapas de África (Scramble-for-Africa-1880-1913.png), que encontrei na Wikipédia, o da esquerda mostrando diversas organizações politicas existentes em África antes da colonização feita pelos países Europeus no século XIX.


Clicando sobre a figura os mapas aparecem maiores, sendo então possível ver os textos e as legendas das cores.

Cheguei depois a uma versão posterior (Scramble-for-Africa-1880-1913-v2.png) ( ) do ficheiro que mostrei acima, constatando-se bastantes informações adicionadas entre as duas versões.

 

Os textos estão em inglês mas na entrada em inglês da Wikipédia intitulada “Scramble for Africa” aparecem mapas com algumas diferenças em relação a estes.

Fui entretanto averiguar a história dos dois ficheiros que resumo a seguir:

- Ficheiro Scramble-for-Africa-1880-1913.png
Par de mapas de “davidjl123 / Somebody500”, iniciado em 2014, com várias actualizações até 2016, seguidas de uma em 2019 e duas de 4/Nov/2021. Depois de várias informações e da lista de actualizações vem uma lista de sítios que referem esta imagem, entre os quais se encontra a versão em Português intitulada “Partilha de Àfrica” da versão em inglês “Scramble for Africa”.

- Ficheiro Scramble-for-Africa-1880-1913-v2.png
Par de mapas de “Somebody500”, iniciado em Julho/2020m com várias actualizações até 4/Ago/2023. Tem também uma lista com sítios da net que usam esta mapa

Os mapas são sugestivos e certamente alguma da informação apresentada não é contestada mas alguma outra será provavelmente polémica.

Revisitei o meu livro de História do 5º ano do liceu (actual 9º ano), onde não existiam estes mapas coloridos, tendo referência ao nosso mapa cor-de-rosa que teria unido Angola a Moçambique, projecto que teria sido impeditivo do projecto inglês de ligar a cidade do Cabo ao Cairo, desculpa fraca quando o mapa mostra bem que a colónia alemã do Tanganika também era um bloqueador desse desígnio britânico.

O livro único do liceu reflectia o pensamento dominante do regime do Estado Novo. Geralmente os livros da escolaridade obrigatória são veículos do pensamento dominante do país na altura em que são impressos. Em regimes autoritários como o do Estado Novo traduzem sem nuances o pensamento das autoridades. Em regimes democráticos também reproduzem o pensamento dominante mas nesse caso incorporando algumas variantes pois o pensamento não é tão monolítico.

Aprendi então nesse livro que enquanto os Portugueses diziam que a nossa presença em paragens aficanas tinha séculos, o que era verdade, as outras potências europeias alegavam que essa presença se tinha limitado ao litoral, em postos comerciais, não havendo uma verdeira ocupação do interior. Além disto argumentavam ainda que Portugal não tinha habitantes suficientes para ocupar áreas tão vastas.

Por essa altura, talvez espicaçados pela urgência do reconhecimento do interior para contrabalançar o interesse das potências europeias Portugal empreendeu várias explorações de reconhecimento do interior.

Os mapas acima parecem reflectir a evolução do  reconhecimento reivindicado por Portugal, primeiro umas finas línguas de terra na primeira versão, em Moçambique com o rio Zambeze como via de penetração do interior, com áreas maiores na segunda versão. Acabo por achar que a diplomacia Portuguesa foi bem sucedida na Conferência de Berlim, pois os territórios de Angola e Moçambique eram verdadeiramente gigantescos em relação às nossas possibilidades para os desenvolver/explorar como se constata neste “Mapbite” (soundbite na versão mapa) que vi pela primeira vez quando decorria a guerra colonial de 1961-74

 

A propósito da nossa memória como sociedade, da nossa relação com África, refiro a expressão comum em Português “meter uma lança em África”, para designar a vitória sobre uma grande dificuldade. Já com a China ficou-nos a memória de “um negócio da China” para qualificar um negócio com grandes ganhos.

 Ao olhar o mapa de África mesmo na segunda versão reparei que a “terra incognita” em 1880 ainda era muito grande. Além dos desertos do Sara e da Namíbia, o interior no que agora é o Congo, com a sua densa floresta tropical e consequente ausência de vias de comunicação será a explicação mais verosímil. Fui também surpreendido pela falta de conhecimento da África Oriental, o canal de Suez foi inaugurado em 1869, antes da sua existência toda a costa oriental de África estava mais longe da Europa do que a ocidental e a prioridade dos barcos que por lá passavam era chegarem à Índia e ao Extremo Oriente.

Fui verificar agora a distância por barco, sem ser à vela, de Lisboa a vários destinos, resultados que se aplicam também aos países do Norte da Europa pois têm que passar próximo de Lisboa:

Lisboa – Luanda: 7500km
Lisboa –Maputo via rota do Cabo: 12000km (+4500km, +60%)

Lisboa –Maputo via Canal do Suez: 12250km
Como de Maputo ao ponto mais ao Norte da costa de Moçambique são cerca de 2000km para todos os países ao norte de Moçambique o trajecto marítimo a partir de Lisboa é bastante mais curto via canal do Suez. Em Moçambique, mesmo para Inhanbane, apenas uns 300km a norte do Maputo, já a rota do Suez é mais curta do que a rota do Cabo.
Para Lisboa - Mombaça por Suez: 9700km, via Cabo: 14700km

Por Via aérea:
Lisboa – Luanda 5800km,    7,2h @800km/h
Lisboa – Maputo 8300km, 10,4h @800km/h  (+2500km, +3,2h, +43%)

Constatei a minha enorme ignorância sobre as distâncias entre Portugal e Angola e Moçambique, revelando mais uma vez a minha falta de interesse pelas colónias africanas de Portugal, causa da nossa participação na guerra de 1914-18 e na guerra colonial de 1961-74 na Guiné, Angola e Moçambique.


2024-02-24

Recordando o livro “Portugal e o Futuro”


A propósito de um livro publicado recentemente sobre o impacto que teve em Portugal o livro do General António Spínola “Portugal e o Futuro” vi agora na net que foi publicado no dia 22/Fev/1974.

Na altura eu estava mobilizado em Bissau e o livro "O Portugal e o Futuro" estava à venda em todo esse nosso Estado Unitário Pluricontinental, com excepção das possessões ultramarinas, reduzindo-se assim a sua venda à então chamada Metrópole.

Deu-se a circunstância de eu ter vindo à Metrópole numas curtas férias, talvez de uns 10 dias em que por coincidência se deu o golpe das Caldas, parece-me que em 16/Mar/1974. Antes da viagem tinham-me encomendado o livro pelo que transportei 6 exemplares do referido livro, para militares então na Guiné.

As propostas do livro, uma espécie de Federação em que as “Províncias Ultramarinas” passariam a Estados dessa Federação, eram praticamente impossíveis de aceitar por movimentos independentistas que já estavam na fase da luta armada.

Na altura gostei de ler o livro mas aprecio o resumo feito por Raul Rego como citado pelo embaixador Seixas da Costa neste post muito equilibrado: "O que Vossa Excelência disse não é novo. O que é novo é isso ter sido dito por Vossa Excelência".

Quando cheguei a Bissau em Outubro/1973 já o Governador e Comando Chefe era o General Betencourt Rodrigues mas eram frequentes as referências ao seu antecessor nos cargos, o General António Spínola.

Revi agora alguns pormenores do que se passou na Guiné no blogue de Duran Clemente “O MIRANTE AL MIRANTE (2)” blogue que encontrei googlando (Fabião por uma Guiné melhor num Portugal renovado).

Verifiquei agora coincidência entre a minha memória duma correcção do “balde de água fria” que tive quando o graduado em Brigadeiro Carlos Fabião pronunciou a frase “por uma Guiné melhor num Portugal renovado”, ao chegar ao aeroporto de Bissau em 7/Mai/1974 para substituir o General Betencourt Rodrigues, uma frase considerada “Spinolista” e que foi corrigida na manhã do dia seguinte para “por uma Guiné melhor e um Portugal renovado” representando uma vitória do grupo de oficiais do MFA na Guiné sobre a posição do novo Portugal em relação a essa colónia africana.

Passadas talvez umas semanas foi-me atribuída uma missão importante mas de uma simplicidade infantil, que consistia em transportar mensagens entre o Governador da Guiné e o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde), no percurso entre o agora Palácio Presidencial (11°51'50.36"N, 15°35'5.61"W) por trás do monumento na foto

 e o Agrupamento de Transmissões distante uns 2km e mostrado na foto seguinte
 


onde se vêem, ao fundo contra as nuvens, as finas torres metálicas suportando os fios das antenas construídas para interceptar as redes de rádio militares do PAIGC e que passaram a servir também para transmitir e receber estas mensagens entre o Governador e o Comando do referido partido.


2024-02-22

Evolução Tecnológica


Fiz um melhoramento no meu PC fixo, notava há algum tempo dificuldade na resposta do GoogleMaps na situação de “StreetView” e excesso de tempo necessário, quer no arranque do computador, quer no arranque de várias aplicações.

A minha experiência profissioanl com equipamentos de outras eras, que agora se diz ironicamente movidos a vapor, fez-me desenvolver técnicas de aproveitamento do tempo de espera, tais como ler revistas e jornais em atraso, ir à janela, fazer um chá, etc, que me levam a prolongar o tempo de vida dos equipamentoa informáticos, na senda da sustentabilidade.

Por exemplo o meu PC actual que comprei em 2014 por 500€,
HP 110-250ep intel(R) Core(TM) i3-3240T CPU @ 2.90GHz com 4GB, um disco duro de 1 TB e um leitor gravador de DVDs

 


está a fazer 10 anos de idade e só agora melhorei o hardware, mudando o disco duro para um SSD (Solid State Drive) de 1 TB e dupliquei a memória de 4 para 8GB. O PC viera com Windows 8.1 e foi actualizado em tempos para o Windows 10, sendo actualizado automaticamente pela Microsoft.

Como durante muito tempo tive que trabalhar, primeiro com impressoras a 300 Baud (para não falar dos cartões perfurados),  depois com monitores monocromáticos semigráficos de 20 e tal linhas por 80 colunas, depois com monitores gráficos polícromos CGA depois VGA de proporção 4:3 e agora finalmente com um monitor polícromo de 16:10 (1680x1050px) de 22 polegadas de diagonal, onde por fim posso ver comodamente duas páginas A4 lado a lado, tenho antipatia por usar o telemóvel para navegar na internet e de uma forma geral para tarefas que posso realizar no PC.

Como tenho uma vida bastante sedentária uso o meu portátil com grande moderação e nunca senti necessidade de um tablet, precisamente pela pequenez do monitor.

Depois desta actualização o PC passou a ser mais rápido e continuará provavelmente operacional até que a Microsoft deixe de suportar o Windows 10.


2024-02-15

Terramotos

 

Recebi hoje num email este anúncio de uma conferência na Ordem dos Engenheiros sobre "Reforço sísmico de alvenarias com isolamento térmico acoplado"

 


uma espécie de "dois em um", uma vez que se vai tornar o edifício mais resistente aos sismos aproveita-se a oportunidade para também o tornar mais resistente às variações da temperatura.

A propósito da referência no anúncio "2024 IGUALDADE DE GÉNERO NA ENGENHARIA"  lembrei-me dum post de 2017 intitulado "Colocados por género no IST no ano lectivo 2017-18", a situação não se deve ter alterado muito desde então.

Entretanto, era de manhã e ainda não estava a 100%, reenquadrei a imagem para ficar apenas com o prédio

 


apercebi-me que o prédio, bastante danificado mas em pé, estava rodeado por um mar de entulho, significando que era o único ou dos poucos sobreviventes de um conjunto de prédios vizinhos. Ao isolá-lo já pensava em googlar a imagem, tendo facilmente chegado a outra imagem do mesmo prédio

 


que constava da " Missão Portuguesa de Reconhecimento de Danos dos Sismos na Turquia de 6 de Fevereiro de 2023".

Tinha memória de ter ocorrido um terramoto muito grave na Turquia (e Síria) há relativamente pouco tempo, foi há pouco mais de um ano e existe uma entrada na Wikipédia "Sismos da Turquia e Síria de 2023" sobre esse evento terrível, em que perderam a vida cerca de 60 000 pessoas, com 120 000 feridos, cabedo à Turquia 50 000 mortos e 107 000 feridos.

Em Portugal não temos tido recentemente catástrofes naturais desta dimensão, no último terramoto que afectou o Sul de Portugal em 28/Fev/1969, com magnitude de 7,8, houve uma morte causada directamente pelo terramoto e mais 11 mortes de forma indirecta,  o fenómeno acordou-me do meu sono profundo com a cama aos saltos e um ruído duma potência que eu nunca ouvira. No Algarve, em que o  sismo foi mais forte, algumas casas antigas sem estrutura de cimento armado ruíram, mas foram casos isolados.

Desde então considero que os prédios de Lisboa estavam bem construídos e que com o susto os que foram construídos a seguir deverão ter ficado ainda melhores.

 Por enquanto por cá só temos tido os terramotos políticos, provocados pelo Ministério Público, seguidos de algumas réplicas presidenciais.


2024-02-05

Casacos de Guerrilheiros Hutis

 

Fui surpreendido por esta foto de alegados guerrilheiros Hutis, que vi no Morning Briefing do jornal New York Times de 5/Fev/2024 

 


com a legenda: "Houthi tribesmen near Sana, Yemen. Khaled Abdullah/Reuters"

 Percebo pouco de armas, o cano metálico seguro por um dos Hutis talvez seja um lançador de mísseis terra-ar e os canos apontados ao céu talvez sejam metralhadoras anti-aéreas, estão a usar um veículo produzido pela Toyota, tudo isto me parece normal num território há tanto tempo em guerra mais ou menos civil mas o que me surpreendeu mesmo foi o uso de casacos de corte clássico neste tipo de actividades.

De uma forma geral este tipo de roupa prende um pouco os movimentos, sendo práticas apenas pelo grande número de bolsos que possuem. Há muitos anos estes casacos tinham apenas uma racha central mas depois passaram a ter duas rachas laterais como os casacos da imagem. Os banqueiros costumam preferir a antracite, estes casacos a certa altura erem chamados "de fantasia" ou "de fim-de-semana", com uns quadriculados que quebravam a monotonia.

Actualmente este tipo de actividades no Ocidente requerem uma farda, normalmente mais funcional ou algo mais parecido com um fato-de-treino.

Serão yuppies que mudaram de ramo e usam agora o "Friday Casual Wear" neste tipo de actividades?

Ou a versão árabe do Bernard Henri-Lévi?


2024-01-31

Malika Favre (5)

 

Continuo fã desta maravilhora ilustradora, desta vez em mais uma capa da New Yorker dedicada a "As Princesas Fugitivas" sobre as dúvidas que existem sobre a qualidade de vida das filhas do Xeik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, governante com poderes absolutos do Dubai.

Pelo menos duas princesas tentaram fugir de casa, provavelmente pela calada da noite, uma delas usando um bote e um jetski para chegar a um iate que durante a fuga foi invadido por comandos que a trouxeram de volta à casa paterna.

A Malika Favre fez uma animação .gif para a capa da edição online de que mostro a parte superior, numa cena nocturna com o edifício Burj Khalifa e outros prédios do Dubai ao fundo, e a princesa de cabelos  e capuz ao vento e fechando as pálpebras de vez em quando como mostro a seguir:

 


Tem depois mais 4 imagens imagens fixas associadas a 4 podcasts da revista que passo a mostrar





 Além dos posts que já dediquei à Malika Favre neste blogue, existe o sítio da internet da ilustradora https://www.malikafavre.com/  e ainda uma selecção de obras dela aqui.



2024-01-29

Consumos Domésticos de Electricidade

 

A e-redes, companhia do grupo EDP que gere as redes eléctricas de baixa, média e alta tensão de Portugal num regime semelhante ao da REN para a rede eléctrica de muito alta tensão sendo actividades fortemente reguladas pela ERSE, tem vindo a instalar contadores de electricidade digitais em substituição dos antigos contadores analógicos também nos consumidores domésticos.

A operação tem sido demorada e a leitura dos novos contadores para os leigos será um pouco mais complicada do que com os contadores anteriormente instalados mas entre outras vantagens destaco três:

 - estes novos contadores podem distinguir entre 3 períodos de facturação, podendo o consumidor optar entre tarifação única ou "tri-horária", sem necessidade de instalação dum contador especial como quando antigamente se optava por tarifa bi-horária;

- a leitura da contagem pode agora ser feita remotamente pela e-redes, presumo que o aparelho tem possibilidade de comunicar com o posto de transformação mais próximo usando os próprios fios condutores de electricidade como suporte para essa comunicação. O consumidor deixou assim de ter vantagem em enviar as leituras do seu contador para evitar as estimativas muito afastadas da realidade que ocorriam com frequência nos meses em que a e-redes não fazia leituras no local de consumo:

- ao fim de algum tempo (talvez semanas) após a instalação do contador digital a e-redes envia um e-mail ao consumidor informando-o que as leituras feitas cada 15 minutos no seu contador podem ser descarregadas no "Balcão Digital da e-redes na internet"

Para ver histórico de consumos:

1) Entrar no sítio: https://balcaodigital.e-redes.pt/home
2) Fazer login como cliente particular
3) Seleccionar: Os meus locais (Leituras, Contadores, consumos e potências, produção de energia e
4) Seleccionar: Produção, consumos e potências
5) Seleccionar: Consultar histórico
6) Seleccionar: Local que pretende consultar 

Aparecerá esta imagem:

Clicando no sítio indicado na imagem por uma seta vermelha poderá seleccionar o mês desejado, eventualmente dum ano anterior. Em Janeiro deste ano consegui aceder a todos os meses de 2023, não sei quanta história ficará disponível no futuro.
 

Os dados são disponibilizados por mês, o sítio mostra um gráfico desses valores, neste caso de Abril/2023

 



 e existe a opção de descarregá-los para uma folha Excel, como se constata no topo direito. Por exemplo para Abril/2023  temos um conjunto de 30dias x 24horas x 4valores/hora totalizando 2880 valores de potência média consumida em cada um dos períodos de 15 minutos.

Os dados são disponibilizados com este aspecto:

 

Acho interessante esta fartura de informação para eventuais necessidades futuras mas actualmente estou mais interessado no consumo anual, mensal, diário e horário pelo que construí uma folha Excel com esse propósito.

Existem também aplicações disponíveis na net para ver esta informação.


2024-01-22

Châteaux



As redes eléctricas dos países de toda a Europa ocidental e central estão interligadas, à excepção da Bielorússia e da Rússia e das ilhas da Islândia, de Malta e de Chipre. Existem ainda ligações para a Ucrânia, para a Turquia e para os 3 países do Magrebe que referi neste post. (ver adenda)

Existindo associações que agregam todos os TSOs (operadores de transporte de energia eléctrica) da Europa como a ENTSO-E, existem outras de carácter regional como a IESOE (Interligação Eléctrica do SudOeste da Europa) que agrega os TSOs de Portugal, Espanha, França e COMELEC, esta última uma associação dos TSOs de Marrocos, Argélia e Tunísia interligados entre si e Marrocos ligado a Espanha por dois cabos submarinos em corrente alterna a 400kV cruzando o estreito de Gibraltar.

A IESOE costumava reunir duas vezes por ano, em Junho e em Novembro, sendo as reuniões realizadas em locais dos países membros em sequência rotativa. Quando se realizavam em França tinham frequentemente lugar em “Chateaux”. Os estrangeiros chegavam ao local na véspera, havia jantar em grupo, na manhã seguinte fazia-se a reunião de 4 ou 5 horas com eventual pequeno prolongamento a seguir ao almoço e ia-se apanhar o avião de regresso.

Em Novembro/2010 a reunião teve lugar no Chateau d’Ermenonville uma aldeia a 50km na direcção Nordeste do centro de Paris e a 25km do aeroporto Charles de Gaule

Na vista aérea ao lado constata-se que, como quase sempre, o Chateau está rodeado por água, neste caso um lago, sendo o acesso restrito a uma ponte.

Entretanto ao escrever este post interroguei-me porque será que “chateau” se traduz por “castelo” quando os castelos de Portugal são tão diferentes destes chateaux de França e perguntei-me então qual a diferença entre chateau e palais pois estes chateaux pareciam-se mais com palácios do que com castelos. No mínimo os castelos portugueses costumam ter sempre ameias componente que raramente se vê nos chateaux.

A Wikipédia ajuda a compreender as diferenças, quando se procura “Chateau” na versão francesa chega-se à entrada Château (com acento circunflexo sobre o a) e quando se muda de língua quer para o inglês quer para o português quer para o espanhol, em vez das traduções “literais” respectivamente castle, castelo, castillo, aparece a mesma palavra château. Já em alemão aparece a entrada Schloss (Architektur), referindo a existência de Burg e Herrenhaus, esta última significando provavelmente “Casa de Senhor(nobre)”.

Passo a citar o texto da entrada château em português que se resume a este parágrafo: “Um château (plural: châteaux; pronúncia em francês: [ʃɑto]; em português: "castelo") é a designação dada na França a uma casa senhorial (casa do senhor) ou uma casa de campo de um nobre, com ou sem fortificações. Por extensão, o termo é também usado noutras línguas às casas que imitam os châteaux franceses”.

Por outro lado a entrada “castelo” em português quando se selecciona a língua francesa leva-nos a  “Château fort” em inglês a “Castle” e em espanhol a “Castillo” enquanto em alemão nos leva a “Burg”.

No liceu aprendi que o feudalismo em Portugal foi pouco acentuado pois a guerra contra os mouros aconselhava a unidade em torno do rei, por isso os nobres de Portugal não tiveram tantos direitos feudais como os franceses ou os alemães.

Mesmo assim volto a referir que estes Château franceses costumam estar rodeados por água, abundante nas planícies e vales mas que rareia no alto dos montes, como no castelo de S.Jorge em Lisboa, no castelo dos Mouros em Sintra, em Marvão ou no castelo de Silves. Em Portugal o único castelo de que me lembro rodeado por água é o de Almourol e mesmo assim sem estar em contacto com a mesma, deve ser a excepção que confirma a regra. Ser rodeado por água é certamente uma medida de protecção pois na ausência de perigo de invasão não parece razoável fazer uma construção com paredes que precisam de resistir às inevitáveis infiltrações. E o uso da água para protecção de palácios e fortalezas é também muito comum na Dinamarca.

A designação de palácio é mais usada para habitações luxuosas de pessoas com poder económico e eventualmente político, não tendo carácter fortificado.

Tentei arranjar uma perspectiva que revelasse a simetria da construção mas foi impossível mostrar a totalidade do chateau a partir do eixo de simetria pois a máquina (o telemóvel) não tinha zoom e não era razoável tentar caminhar sobre a água.

 

Esta vista do castelo fez-me logo pensar no château de Moulinsart, simpática residência do capitão Haddock, grande amigo do Tintin, cujo desenho passo a mostrar

 

O Chateau de Moulinsart pertencera a um antepassado do Capitão Haddock, apareceu pela primeira vez no álbum do Tintin “Le Secret de la Licorne” e foi comprado com parte do dinheiro ganho pelo professor Tournesol na venda ao governo do mini-submarino que inventara em “Le Trésor de Rackham Le Rouge

 

Hergé baseou a forma do chateau de Moulinsart no chateau de Cheverny, uma povoação que  fica 200km a Sul de Paris, ao pé de Blois, limitando-se a retirar as alas laterais, mantendo o resto da fachada intacto conforme se constata nesta animação que fiz (https://ezgif.com/maker) com a fotografia na entrada da Wikipédia para o chateau de Cheverny, "transformando-o" no de Moulinsart

 

Com o  tempo este chateau foi influenciado pelos interiores que foram sendo criados por Hergé nos álbuns que ia lançando, transformando-se numa espécie de museu das histórias do Tintin. O chateau influenciou a obra de Hergé que por sua vez influenciou o chateau.

Ao dar um pequeno passeio à noite em Ermenonville encontrei esta estátua, coordenadas: 49.12548205, 2.694267344 interrogando-me de quem seria.
 

Tratava-se de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo e escritor nascido em Genève e que veio morrer aqui, convidado do Marquês de Girardin.
 


Teve uma vida agitada, consequência das teses polémicas que defendeu sobre a natureza humana, a educação e as regras da sociedade.


Adenda: Corrigi primeira versão deste texto em que por erro referi que a Irlanda era um sistema isolado quando tem interligações DC com o Reino Unido. A Moldávia está ligada à rede continental europeia desde 16/Mar/2022. A ligação eléctrica entre Marrocos e Argélia foi desligada há uns tempos, provavelmente em 2021 após o rompimento das relações diplomáticas entre a Argélia e Marrocos em 24Ago2021 que referi num post, os sistemas argelino e tunisino deixaram assim de estar síncronos com a Europa Continental embora permaneçam síncronos entre si.

2024-01-20

Os jardins suspensos da Gulbenkian

 

Já sabia que o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian era maravilhoso e, bem vistas as coisas, que uma parte do jardim era sobre o tecto da garagem, mas foi uma novidade tomar conhecimento a partir deste vídeo de 22 minutos tão interessante sobre o jardim, que 2/3 da área é de um jardim suspenso




2024-01-10

Presépio actualizado

 

Já tinha visto versões actualizadas do nascimento de Jesus em Belém, aludindo ao impacto que a guerra tem tido na Palestina. 

Agora vi uma versão desse tipo na Igreja do Campo Grande 

 


onde além da Sagrada Família e dos Reis Magos (foto tirada no  dia de Reis) se notam uns panos de tenda usados por refugiados em vez do clássico estábulo, umas ruínas por trás da tenda rodeada de escombros, a ausência do burro e da vaquinha, que ou fugiram ou foram usados para alimentar a população esfomeada, a ausência de pastores e de ovelhas pois existem poucos espaços para pastagens e finalmente a representação do "cogumelo" da explosão de uma bomba com a face inferior iluminada por um projector de côr avermelhada para dar maior realismo.


2023-12-31

Paciência de Chinês

 

Entre outras memórias da China os portugueses usam duas expressões características; "Negócio da China" para caracterizar um negócio muito lucrativo, provavelmente do tempo em que Macau era o porto comercial quase único por onde passava o comércio da China com a Europa e "Paciência de Chinês" para designar artesanato muito perfeito e muito trabalhoso.

Nesta última categoria cabem estes recipientes de vidro ocos em que o interior foi pintado com um pequeno pincel e muita paciência para evitar pinceladas fora do sítio, o da esquerda que comprei em Xangai, o da direita oferecido por uma delegação chinesa que visitou a REN e a quem fiz uma apresentação sobre actividades da empresa.

Ambos os recipientes eram antigamente destinados a guardar tabaco em pó, como outros frascos chineses que mostrei noutro post

 


O frasco da direita é um prisma cuja base é um triângulo rectângulo com ângulos agudos de 45º e estando a hipotenusa paralela ao plano do sensor da máquina fotográfica. As pinturas internas na parede do cilindro oco aparecem diectamente no centro da imagem do frasco e também reflectidas nas paredes internas, inclinadas a 45º, do prisma.

Rodando 180º à volta dum eixo vertical, o frasco da esquerda mostra outra pintura de grous e na imagem do frasco da direita aparece apenas o cilindro central pois as laterais estão a ser projectadas para as "traseiras" do frasco:

 


Para clarificar a geometria do frasco prismático mostro ainda outra perspectiva:

 


As três fotos acima foram tiradas com uma máquina reflex Olympus E-450. Ficaram muito mais escuras do que parecia à vista desarmada. Uso pouco esta máquina pois, ao contrário do telemóvel, não está sempre à mão. A ver se no próximo ano dedico algum tempo ao estudo desta máquina (talvez a única resolução para o ano que vem) cujo uso é muito mais difícil do que o telemóvel, que talvez não tenha tantas possibilidades mas que dá na maior parte das vezes uma imagem razoável como a que mostro a seguir do mesmo motivo:

 

Este será o último post do ano deste blogue, em que consegui igualar o número de posts do ano anterior que foram 70.

Desejo aos leitores um Ano Novo de 2024 muito feliz.


2023-12-30

Urinol em Bruxelas

 

Fotografei este equipamento urbano, algo insólito nos tempos que correm, nas traseiras da Bolsa em Bruxelas, na Rue du Midi, em 9/Abr/2014

Receei que já não existisse e fui verificar no Google Maps na Street View mas o edifício da Bolsa está em obras de grande conservação, rodeado por tapumes que impedem a vista.

Pesquisando Public WC toilet no Google Maps em Bruxelas acabei por ver sinalizados alguns Urinoirs, verifiquei um ao pé da Gare du Midi que era de um modelo parecido a este.

Em Lisboa, pesquisando Urinol na via pública no Google Maps, obtêm-se dois, um em Olivais Velho, outro em Marvila. São sítios recônditos, em comparação com este ao pé da Bolsa de Bruxelas.


Adenda: acabam de me informar que ainda existe outro urinol em Lisboa no Castelo de S.Jorge mas esse trata-se de uma "atracção turística", para turistas não-belgas adiantaria eu.

2023-12-28

Pompa Real


Quando em Outubro de 2019 guardei esta imagem da rainha do Reino Unido, lendo na Câmara dos Lordes o discurso escrito pelo primeiro-ministro num ambiente de tanta pompa



guardei a imagem para publicar num futuro post deste blogue mas não consegui desde então produzir um texto para comentar esta cerimónia. Porque se por um lado toda aquela pompa me parece uma mascarada de Carnaval, por outro lado o ritual recorda eventos ocorridos desde há centenas de anos que foram definindo o que é hoje o Reino Unido.

A rainha está acompanhada do filho Carlos porque o esposo estava na altura doente. Tem um manto que nunca mais acaba mas as damas de honor devem dar uma ajuda no transporte. Já a coroa é uma das mais leves certamente por causa da fragilidade da rainha, enquanto a coroa mais pesada fica em cima duma almofada sobre uma mesa. O príncipe vem com uma farda militar e uma data de medalhas, as senhoras mais importantes têm uma faixa azul em diagonal, os cavalheiros vestem uns casacos vermelho e ouro vistosos e as duas cadeiras de trono são rodeadas duns anjinhos dourados com asinhas e estão à frente de uma parede com vários baixo-relevos polícromos, com abundância de dourados e de leões e unicórnios. E os juízes com as suas cabeleiras postiças brancas.

Em 7/Nov/2023 ocorreu outra cerimónia, desta vez a abertura da 4ª sessão do 58º Parlamento do Reino Unido em que o leitor já era o rei Carlos III.

 


A esposa Camila já passou a rainha, ocupando uma cadeira melhor, e ambos os monarcas têm direito a um manto exagerado. O rei tem força suficiente para suportar uma coroa mais pesada e o manto real tapa as suas condecorações que aparentemente perderam importância.

A seguir uma panorâmica mais abrangente da Câmara dos Lordes

 

com legenda em inglês do que o rei está a ler

Em ambos os casos se nota do lado esquerdo das fotos a presença de convidados aparentemente estrangeiros, alguns usando na cabeça kéfiés árabes.

Eu não sinto necessidade dum ritual tão elaborado, lembrando-me a propósito dum texto do Oscar Wilde sobre a pompa real, que traduzi e apresentei noutro post sobre a igreja da Sagrada Família de Barcelona:
«
E o Camareiro dirigiu-se ao jovem Rei e disse, «Meu senhor suplico-te, põe de lado esses teus pensamentos negros e veste esta bela túnica e coloca esta coroa sobre a tua cabeça. Pois, como poderá o povo saber que tu és um rei, se não tens um traje de rei?»
...
Os nobres fizeram troça e alguns deles gritaram para o Rei, «Meu senhor, o povo aguarda pelo seu rei e tu mostras-lhes um mendigo», e outros indignados diziam, «Ele traz vergonha sobre o nosso estado, e não é digno de ser o nosso senhor».
»

O povo também mostrou pouco entusiasmo com esta alteração dos costumes:

«...
O povo ria e dizia, «É o louco do Rei quem cavalga», e gozavam com ele. O jovem Rei puxou pelas rédeas e retorquiu, «Não, pois eu sou o Rei». E contou-lhes os seus três sonhos.

E um homem saiu da multidão e falou amargamente para ele, dizendo, «senhor, não saberás tu que da luxúria do rico surge a vida do pobre? Somos educados pela tua pompa e os teus vícios dão-nos o pão. Trabalhar para o duro mestre é amargo, mas não ter mestre para quem trabalhar é ainda mais amargo.
Pensas tu que os corvos irão alimentar-nos? E que remédio tens tu para estas coisas? Irás dizer ao comprador, “Deverás comprar esta quantidade” e ao vendedor, ‘tu deverás vender a este preço?’ Não creio. Por isso, volta para o teu palácio e coloca em ti o bom linho vermelho. O que tens tu a ver connosco e com o que sofremos?»
«Não são o rico e o pobre irmãos?» Perguntou o jovem Rei.
«Sim», respondeu o homem, «e o nome do irmão rico é Caim».
Os olhos do jovem Rei encheram-se de lágrimas, e ele cavalgou através dos murmúrios do povo, enquanto o pequeno pagem amedrontado, o deixou.
»

O próprio bispo que o ia coroar disse-lhe entre outras coisas:

«...
mas digo-te que cavalgues de volta para o Palácio e alegra a sua cara, coloca as vestes próprias de um rei e com a coroa de ouro, te coroarei e o ceptro de pérola colocarei na tua mão. E quanto aos teus sonhos, não penses mais neles. O fardo deste mundo é demasiado grande para que um homem o carregue e a tristeza do mundo demasiado pesada para um coração sofrer.
»

A saída que o Oscar Wilde arranjou foi pôr os raios de sol a entrar pelos vitrais adentro, dando cores belas à roupa modesta e fazendo florir lírios e rosas vermelhas no bastão que o Rei levava, daí me lembrar desta história quando vejo raios luminosos a atravessar vitrais.

Resumindo, parece que a única alternativa àqueles programas conservadores, quer de governação quer de economia, acaba por ser um milagre, o que sabemos ser pouco frequente.

»



2023-12-27

Tartaruga de Vanuatu

 

Vanuatu é um arquipélago de 83 pequenas ilhas situadas no Pacífico Sul, com 300 000 habitantes numa superfície de 12 000 km2.

Povoado por melanésios foi colonizado em 1906 e administrado conjuntamente pela França e pelo Reino Unido, conhecido como Novas Hébridas durante 74 anos, sendo uma república desde a independência em 1980.

Mostro ao lado a sua posição no globo em imagem da Wikipédia.  

Não me lembro como cheguei a um artigo da revista Scientific American intitulado "An Ancient Art Form Topples Assumptions about Mathematics".

Falava nesse artigo de figuras que artistas de Vanuatu desenhavam na areia, marcando uma matriz de pontos previamente, iniciando o desenho colocando o dedo no ponto inicial e passando pela matriz de pontos num percurso Euleriano apenas levantando o dedo depois de passar por todos os pontos e chegar ao ponto inicial.

Gostei muito de ver este filme do artigo acima referido, mostrando como desenham uma tartaruga nessas ilhas dos mares do Sul.

 

 

Este artigo refere a existência de "etnomatemáticos" que se dedicam a estudar métodos matemáticos de civilizações sem descriçoes textuais dos algoritmos utilizados.

Vi ainda uma crítica do livro "Inventing the Mathematician".


Nota: não sabia como se inseriam vídeos num post sem conhecer o código "embed" que aparece sempre nos vídeos do Youtube. Afinal é fácil, construindo o <iframe> "à mão" se bem que ainda não domine completamente esta técnica. Por isso este post apareceu primeiro intitulado "Teste" e só depois se passou a chamar "Tartaruga de Vanuatu".


2023-12-25

Indesejável Persistência Histórica

 

Em 1966 num album de Simon & Garfunkel apareceu uma canção intitulada 7 O'clock News/Silent Night em que se fazia o contraste entre a canção tradicional de Natal "Silent Night" e o noticiário das 7 focado sobre a guerra da época no Vietnam. Agora, em vez do Vietnam temos a Ucrânia e Gaza


2023-12-21

 Feliz Natal e Bom Ano Novo de 2024

 

Desta vez acompanho os votos natalícios com o quadro "Natividade Mística" feito por Sandro Botticelli (1445-1510) no ano 1500.

Gostei da profusão de anjos a acompanhar o momentoso nascimento do menino Jesus em Belém, onde este ano, ao contrário de há mais de 2000 anos, não existe falta de quartos disponíveis nas estalagens da povoação, devido à guerra em curso que se está a prolongar muito mais do que seria razoável.

e de que mostro um detalhe do respectivo centro 


É um quadro que está na National Gallery em Londres de onde descarreguei estas imagens.

No mesno sítio tem uma breve descrição da imagem que passo a citar:

«

O menino Cristo estende a mão para a Virgem Maria, alheio aos seus visitantes – os Reis Magos à esquerda e os pastores à direita. A cúpula dourada do céu se abriu e é circundada por 12 anjos segurando ramos de oliveira entrelaçados com pergaminhos e pendurados com coroas. Em primeiro plano, três pares de anjos e homens se abraçam; entre seus pés, demônios correm em busca de abrigo no submundo através de fendas nas rochas.

»

Esta tradução foi feita integralmente pelo Google Tradutor e as alterações que eu faria resumem-se a diferenças entre opções mais comuns no português de Portugal ou do Brasil, assinaladas noutra côr:

«

O menino Cristo estende a mão para a Virgem Maria, alheio aos seus visitantes – os Reis Magos à esquerda e os pastores à direita. A cúpula dourada do céu abriu-se e está circundada por 12 anjos segurando ramos de oliveira entrelaçados com pergaminhos e pendurados com coroas. Em primeiro plano, três pares de anjos e homens abraçam-se; entre os seus pés, demónios correm em busca de abrigo no submundo através de fendas nas rochas.

»

A frase original em inglês era:

«

The infant Christ reaches up towards the Virgin Mary, oblivious of his visitors – the Three Kings on the left and the shepherds on the right. The golden dome of heaven has opened up and is circled by 12 angels holding olive branches entwined with scrolls and hung with crowns. In the foreground, three pairs of angels and men embrace; among their feet demons scuttle for shelter in the underworld through cracks in the rocks.

»

O Google Tradutor está cada vez melhor.



2023-12-19

Contradições de Israel em Gaza

 

Li agora na newsletter diária do jornal Expresso sobre a "Cidade Terrorista Subterrânea":

«

Israel garante ter descoberto o maior túnel de Gaza, com uma entrada de mais de três metros de diâmetro e largura suficiente, em algumas das suas ramificações, para permitir a circulação de um carro normal. No total, este túnel tem cerca de quatro quilómetros de comprimento e foi escavado a 50 metros de profundidade. “Este não é um túnel qualquer. É uma cidade. Uma cidade terrorista subterrânea", disse o porta-voz do exército israelita numa visita à Faixa de Gaza com alguns meios de comunicação. O túnel termina a cerca de 400 metros da passagem fronteiriça de Erez, e pode ter sido uma peça essencial no ataque de 7 de outubro

»

Existem tantas informações de ambas as partes da guerra de Gaza bem como de terceiras partes sobre a grande quantidade de túneis em Gaza construídas pelo Hamas, que considero esta descrição publicada no jornal Expresso baseada em declarações do exército israelita como altamente fiável.

Acentua contudo as minhas dúvidas sobre a necessidade que o Hamas teria de utilizar os hospitais de Gaza como pontos privilegiados de acesso a essa infraestrutura, até me parecem locais inconvenientes, por falta de discrição, pois são vizinhanças às quais é provável que acorrram multidões não só de feridos dos bombardeamentos e dos seus acompanhantes como ainda civis que tinham a ilusão que ao pé dos hospitais estariam mais protegidos das bombas israelitas.

Começo a ficar convencido que o bombardeamento dos hospitais é premeditado pelo exército israelita para criar condições de vida ainda mais difíceis para os civis vítimas dos bombardeamentos e suas famílias, pois me parece absurdo que sejam pontos notáveis da cidade subterrânea.

Quanto às milícias armadas do Hamas, elas terão tido as suas baixas sobretudo nos encontros com a infantaria israelita, no resto do tempo devem estar em segurança nos túneis e espaços da cidade subterrânea.




2023-12-15

Nova Resolução da Assembleia Geral da ONU de 12/Dez/2023


Foi aprovada nova Resolução da Assembleia Geral da ONU em 12/Dez/2023 propondo Trégua Humanitária em Gaza.

Esta reunião da assembleia surge na sequência do veto dos EUA à proposta, com o mesmo objectivo de obter uma trégua humanitária, submetida ao Conselho de Segurança em 8/Dez/2023.

Já houvera uma Resolução da mesma assembleia com o mesmo objectivo aprovada em 27/Out/2023 que relatei noutro post deste blogue.

Resultados das duas votações:

- em 27/Out/2023: A favor: 120, Contra: 14, Abstenção: 45

- em 12/Dez/2023: A favor: 153, Contra: 10, Abstenção: 23

 A soma dos votos é diferente porque foram diferentes os números de países que não votaram.

Segundo o mapa da votação que retirei deste sítio e que mostro a seguir,  desta vez votaram contra Áustria, Chéquia, Guatemala, Israel, Libéria, Micronésia, Nauru, Papua-Nova Guiné, Paraguai, E.U.A.

 


Na Europa e sua vizinhança mudaram de abstenção para a favor os países Albânia, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Islândia, Letónia, Macedónia do Norte, Polónia, Moldávia, São Marino, Sérvia e Eslováquia enquanto a Hungria mudou de contra para abstenção e a Croácia de contra para a favor.

Fiz uma actualização do mapa desta região em que os novos verdes e o novo amarelo têm tons ligeiramente diferentes dos iniciais

 



Depois usei este sítio ezgif.com para criar uma imagem .gif basculando entre as duas votações e assim ilustrando as diferenças

 


Israel vai ficando cada vez mais isolado.


 

Destruição do Ministério Público

 

Se, como diz a Procuradora Geral da República "há quem queira menorizar, descredibilizar ou destruir o Ministério Público" este deverá iniciar uma investigação sobre os suspeitos e deverá revelar publicamente os nomes dos suspeitos que está a investigar, para não correr o risco de ser acusado de os estar a proteger.


2023-12-10

EUA vetou proposta de Resolução do Conselho de Segurança da ONU

 

Na sequência de carta endereçada pelo Secretário-Geral da ONU António Guterres, convocando reunião do Conselho de Segurança da ONU, invocando pela primeira vez no seu mandato o artigo 99º da Carta da ONU, que lhe dá essa prerrogativa quando existem situações que ponham em perigo a Segurança e a Paz internacional, os Emiratos Àrabes Unidos apresentaram na reunião de 8/Dezembro/2023 uma Proposta de Resolução exigindo um cessar-fogo imediato da guerra de gaza a Istael e ao Hamas e a entrega de reféns.

A proposta era subscrita por mais 97 estados e teve o voto favorável de 13 dos 15 estados actualmente membros do Conselho,

- a abstenção do Reino Unido por a proposta não condenar a agressão terrorista do Hamas de 7/Out/2023 mas fazendo entre outras estas declarações: 

"The sheer scale of civilians killed in Gaza is shocking.
The fact that 80% of the population has been displaced cannot continue.
The UK supports Israel’s right to defend itself against Hamas, but Israel must be targeted and precise in its actions."

- o veto contra dos EUA pela omissão de condenação do 7/Out e por o cessar-fogo impedir o objectivo da destruição do Hamas, acompanhando estes motivos de "votos piedosos" de protecção dos civis de Gaza que qté agora não têm tido eficácia. Em inglês "votos piedosos" podem ser traduzidos por "lip service".

Noto que, a alegada interdição pelo Hamas do deslocamento dos civis em Gaza para as alegadas zonas seguras, não justifica a carnificina que se tem observado em Gaza, perante a declaração da embaixadora do Reino Unido do facto de 80% da população de Gaza estar deslocada.

Nesta notícia da circunspecta e tendencialmente neutra BBC "Bowen: US uses veto but pressure for Gaza ceasefire is building" surpreendeu-me esta frase: 

"The Israeli government detests the UN and they detest the secretary general. "

Até fui verificar em dicionários se "detest" seria um "falso amigo" mas não, significa mesmo "detestar".

 

2023-12-04

Humor tipo mal-entendido

 

Também se aplica à alegada Inteligência Artificial, talvez até seja uma nova fonte de inspiração, mesmo para quem está com o "bloqueamento da folha em branco", como nesta história de quadradinhos que não sei se chegou a ser a capa da New Yorker