2019-05-07

Os papéis dos géneros aureolados


No último domingo de Páscoa, no passado dia 21/Abril, assisti a vários baptizados numa missa na igreja do Campo Grande.

Nos dois nichos laterais da nave principal dessa igreja existem fundos brancos criados por painéis com alguma transparência dando origem em cada nicho a uma zona iluminada por janela de forma redonda situada por trás de cada nicho e dando para a rua.

Colocadas em frente dessa dessa zona iluminada estão figuras de Nossa Senhora e de S. José cuja cabeça está convenientemente colocada em frente do centro do halo ou auréola existente no fundo branco de cada um dos nichos, como se pode ver nas imagens seguintes


Estava a achar este aproveitamento das janelas redondas muito interessante quando finalmente reparei no aggiornamento das representações dos papéis femininos e masculinos:



Neste caso a mulher, representada pela Nossa Senhora de Fátima está literalmente nas nuvens, concentrada em oração, enquanto o homem representado aqui por S. José (com algumas ferramentas de carpinteiro) se ocupa do "Baby Sitting" do Menino Jesus.

Que diferença nesta representação da Sagrada Família em relação aos milhares de representações da Madona com o Menino Jesus de outros tempos!


Adenda tardia (Jan/2024): entretanto reparei que embora existam janelas por trás dos painéis translúcidos, essas janelas têm forma rectangular pelo que não podem ser a origem das "auréolas" das imagens. Essas zonas redondas iluminadas resultam da luz de projectores, um para cada imagem, cuja presença eu detectei ao fim de tanto tempo.


4 comentários:

Helena Araújo disse...

Essas janelas redondas são uma bela ideia!
Quanto às imagens: não me parece que seja um caso de baby sitting. Dado que São José se evidenciou como pai de Jesus, é natural que seja sempre representado com ele ao colo ou ensinando-lhe o caminho/ofício. Também Santa Ana, mãe de Maria, é quase sempre representada com uma menina ao lado, sem que se pretenda com isso elogiar o papel das avós. Sem Maria, não haveria Santa Ana.
Já Maria, com ou sem bebé ao colo, foi transformada na mãe universal, mediadora entre os humanos e o supremo poder do Deus Pai. Tudo bastante tradicional.

Anónimo disse...

Já comentarei, irresistivelmente, esta sua mensagem. No entanto encontrei isto, que vou ler primeiramente, https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/convidado-j-j-amarante-9377440 Cumpr portugueses

jj.amarante disse...

Obrigado pelas suas observações Helena, não se trata realmente de uma revolução, é mais um pequeno passo, a igreja católica não consegue mover-se depressa. Mesmo assim, estando os dois nichos adjacentes, trata-se de uma representação inovadora da Sagrada Família aproveitando imagens tradicionais em cada um dos nichos referidos.

Pedro F. Correia disse...

Seguindo o comentário de Helena Araújo, S.José, pela parte que conheço e pesquisei via google, quando se o representa quase sempre tem o menino a seu cargo..., ora à direita ora à esquerda, como acontece com o S.António, ao sabor da composição dos pintores.
O que é deveras pertinente na mensagem de JJ. Amarante é que ali, concretamente, lado a lado a Senhora e S.José, a Senhora não tem O menino e é S.José quem O tem! O aggiornamento a que faz referência o autor parece-me uma associação irrepreensível!!! Sempre estimulante JJAmarante.

Pesquisa google:
https://www.google.pt/search?newwindow=1&safe=active&rlz=1C1XBRQ_enPT673PT673&biw=1163&bih=622&tbm=isch&sa=1&ei=n0fRXOSxKNHMgwexkLXgCA&q=saint+joseph+painting&oq=saint+joseph+paint&gs_l=img.12..0i19j0i8i30i19.27117.48128..62559...1.0..1.653.3838.1j17j1j1j1j1......1....1..gws-wiz-img.......35i39j0i67j0j0i10j0i30j0i8i30j0i8i7i30i19j0i5i30i19.mFpTdBRTJUM