2017-10-31

Tiago Oliveira no Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais


Tiago Martins de Oliveira foi empossado no dia 24/Out/2017 como presidente da Estrutura de Missão para a instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.

Trata-se dum engenheiro florestal , doutorado em gestão de risco de incêndio e também bombeiro. Trabalha para a Afocelca, cujo site informa que “A AFOCELCA é um agrupamento complementar de empresas do grupo The Navigator Company e do grupo ALTRI que com uma estrutura profissional tem por missão apoiar o combate aos incêndios florestais nas propriedades das empresas agrupadas, em estreita coordenação e colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil - ANPC.”

No meio do ruído sobre o perigo dos eucaliptos tenho-me informado que as áreas de floresta geridas pelas companhias de celulose têm consistentemente ardido muito menos do que os minifúndios onde cresce a maioria da floresta portuguesa. No ano de 2017 a área de eucaliptos das celuloses mais uma vez ardeu menos do que a floresta do resto do país.

Foi assim com satisfação que tomei conhecimento da nomeação de Tiago Oliveira para a missão acima referida, uma pessoa rara que alia o gosto pela acção no terreno como bombeiro ao estudo de métodos e processos inovadores para minimizar as áreas ardidas da floresta e que tem tido sucesso na sua actividade de prevenção e combate aos fogos florestais, ao contrário do que se passa na maioria da restante área da floresta portuguesa.

Depois foi com surpresa que soube das reservas (das quais discordo) do Bloco de Esquerda e também de Vital Moreira à nomeação de uma pessoa por ter trabalhado para entidades privadas no combate aos incêndios.

À visão maniqueísta de que os gestores públicos são incompetentes, preguiçosos e corruptos e de que os gestores de empresas privadas são competentes, trabalhadores e honestos, corresponde a visão simétrica de que os gestores públicos são competentes, eficazes e dedicados à causa pública enquanto os que trabalham para os privados só pensam no lucro, no luxo e estão a soldo de interesses inconfessáveis.

Esta visão do mundo que o divide de forma clara entre o Bem e o Mal adquiriu o adjectivo “maniqueísta” devido a uma filosofia religiosa dualística criada por Maniqueu, um cristão persa do século III que deve ter sido influenciado pelo Zoroastrismo também nascido na Pérsia.

Os seguidores de Zoroastro mantinham um fogo aceso nos seus templos e dizem que este




 que eu fotografei e já mostrei aqui arde ininterruptamente há mais de 1500 anos, presumo que sem causar danos.

A visão dualista simplificada da realidade é inadequada em muitas situações. Não se pode dizer à partida se públicos ou privados são todos bons ou todos maus. Até mesmo nos fogos existem uns que são bons e outros que são maus.


2017-10-27

Desemprego na Catalunha e em Portugal


Ao observar as multidões que se manifestam nas ruas da Catalunha pela independência tive um pensamento ingénuo: então esta gente toda não tem mais nada para fazer?

Googlei (taxas de desemprego na Catalunha) e cheguei logo a este ficheiro pdf, gentilmente escrito em português com as cifras (em Portugal diríamos mais "números") da Catalunha muito bem apresentadas:

onde se constata que a taxa de desemprego em 2015 era de 18,6% sendo o desemprego jovem (menos de 25 anos) de 42,3%, sendo em Espanha de respectivamente 22,1 e 48,3%. A manutenção destas taxas de desemprego em Espanha durante anos e anos à volta dos 20% sem uma mudança de regime são para mim muito difíceis de compreender.

Como comparação em Portugal temos estes números que obtive no Pordata aqui (carregando depois em (ver tabela completa):


Em Portugal ocorreu um quebra de série em 2011 em que foram introduzidos novos critérios de cálculo para diminuir o valor da taxa. Presumo que o critério actualmente usado não seja muito diferente do catalão, talvez o Eurostat harmonize algumas estatísticas. Nos valores de Portugal constata-se que em 2015 a taxa de desemprego dos menores de 25 anos era 32%, um número elevado mas muito abaixo do 42% catalão.

Em Portugal, quando a situação se degrada, emigramos. Na Catalunha às vezes declaram a independência. Ambas são soluções más.







2017-10-25

O jornal Expresso e a chamada luta política


O jornal Expresso tem-se vindo a tabloidizar. De uma forma geral  todos os jornais o têm feito, talvez se sintam na obrigação de tornar os títulos mais chamativos de leitores, a quem dizem frequentemente que estão aqui para os informarem de forma séria e isenta, evitando os sensacionalismos.

No passado sábado o Expresso titulava na primeira página em letras muito grandes que o IPMA avisara com 72 horas de antecedência que o dia 15/Outubro seria o mais perigoso do ano. Logo a seguir informava ainda em letras destacadas que o “Alerta foi ignorado pelas autoridades”.

Claro que no corpo dos textos informava depois que as autoridades tinham mobilizado mais 882 operacionais do que seriam os efectivos na fase D (fase com menos efectivos do que a fase C que acaba no fim de Setembro) mas que não existiam tantos aviões como na fase C. Descrevia depois mais um conjunto de medidas adicionais que as autoridades tinham tomado, desmentindo assim o subtítulo chamativo da primeira página de o alerta ter sido ignorado, numa técnica que se vem tornando monótona de ser tão usada.

Fui verificar qual a contribuição cívica que o jornal Expresso dera na sua penúltima edição em 14 de Outubro de 2017 e constatei que não havia qualquer referência na primeira página à perigosidade do dia seguinte, o dia 15/Outubro.

Já em Julho deste ano o jornal Expresso chamara para a primeira página uma notícia que insinuava que o governo estaria a esconder o número de mortes do incêndio de Pedrógão Grande, insinuação que ainda ocupou o jornal durante algum tempo para se constatar depois que a polémica não tinha qualquer fundamento.

Embora o jornal continue a publicar opiniões de diversos quadrantes do espectro político a sua tomada de partido nas suas partes mais destacadas é cada vez mais evidente.

Constato assim que a luta política acaba por reflectir o espírito da população em geral e em especial dos jornalistas, abusando de figuras de retórica para vencer o adversário em vez do uso de argumentos sólidos que conduzam a discussão para melhores decisões.

Nota-se também no jornal, fora da luta política, um menor cuidado em alguns artigos como é referido aqui, a propósito duma notícia sobre a visita do papa Paulo VI a Fátima, ou aqui, sobre uma tradução errada que não foi corrigida na edição seguinte.

Este post já vai longo, para não prolongar os queixumes mostro uma combinação dos Whacks e X-balls que já referira nestes 3 posts





2017-10-23

O Egoísmo Altruísta, por Adolfo Mesquita Nunes


Gostei desta reflexão do Adolfo Mesquita Nunes no Delito de Opinião:

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2017-10-20

Cobertura de Lisboa pelo Metropolitano


Tentando fugir aos frequentes engarrafamentos dentro da cidade de Lisboa tenho tentado usar o metropolitano com maior frequência. Quando está bom tempo tenho considerado razoável usar o Metro quando existe estação a menos de 1km a pé do local-objectivo. Actualmente é fácil quantificar essa distância no Google Maps.

Para fazer uma ideia da cobertura de Lisboa pelo Metropolitano pensei em colocar círculos transparentes com um raio de 1 km e centro sobre cada estação neste mapa disponível no site do metropolitano


e o resultado foi este


Depois achei que embora fosse claro que a Beira-rio entre 1km depois de StªApolónia e o Parque das Nações,  Alcântara, Belém, Restelo, Ajuda, Lapa e parte do Campo de Ourique estivessem fora dos círculos, além de outras zonas periféricas pensei usar este mapa de Lisboa onde se vêem ruas e parques mas onde faltam algumas estações de metro


e colocar os círculos de 1 km de raio como já fizera com o mapa do metropolitano


Se existissem eléctricos rápidos (imunes a engarrafamentos de outros veículos) à beira-rio a ausência de Metro seria menos grave.


2017-10-18

Incêndios em Portugal e noutros sítios


Em Portugal precisamos de fazer muita coisa para evitar repetição das catástrofes provocadas pelos incêndios deste ano. Já temos os relatórios e desastres de grandes proporções que possibilitam adoptar leis e procedimentos que antes seriam considerados impossíveis.

Mas mais uma vez nos convencemos que somos o único país onde existem estes problemas. Por exemplo na Califórnia a situação tem sido como descrita neste artigo breve do Economist: Why the North American forest is on fire.

Vê-se agora a sabedoria do António Costa. Se tivesse demitido logo a ministra agora precisaria também de demitir o sucessor. Assim evitou uma mudança apressada e a nova equipa só será testada na próxima temporada de fogos.

Mesmo assim eu aconselharia alguma calma na nomeação do sucessor dado que ainda falta o Verão de S.Martinho.

2017-10-17

Bicicletas de Lisboa


A EMEL (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa, E.M. S.A.) além de tratar dos parquímetros em Lisboa, iniciou um programa de instalação de bicicletas urbanas partilhadas em que me inscrevi.

Começaram pelo Parque das Nações onde instalaram várias "docas" com bicicletas para serem usadas por aderentes. No site gira-bicicletasdeLisboa explicam os detalhes. É preciso descarregar uma aplicação para o telemóvel, aderir ao programa, pagar (com Multibanco ou Paypal) uma taxa anual, mensal ou diária, carregar um saldo e começar a usar. Em cada "doca" existem bicicletas clássicas e eléctricas, selecciona-se uma usando a aplicação, tira-se do sítio, usa-se e volta-se a colocar na mesma ou noutra doca. Actualmente só existem docas no Parque das Nações.

As bicicletas são aparelhos notoriamente difíceis de armazenar em apartamentos de prédios pois estão cheios de protuberâncias que exigem imenso espaço, difícil de encontrar sobretudo em andares habitados há muito tempo e que se foram enchendo ao longo dos anos seguindo a lei do horror que a Natureza tem pelo vazio.

Além disso a cidade de Lisboa está cheia de montes e vales pelo que era necessário uma bicicleta com apoio eléctrico para tornar viável a sua utilização por ciclistas nem profissionais nem atletas amadores. Subi ontem a rua Cidade de Pádua com uma destas bicicletas eléctricas e fiquei muito satisfeito com a moderação do esforço necessário para vencer esta rua tão íngreme.

Estas bicicletas resolvem portanto os dois problemas que referi: não ocupam espaço em casa e não requerem esforço desagradável para vencer as colinas de Lisboa. E o selim é confortável.

Deixo uma imagem da bicicleta devolvida à doca após a minha primeira utilização.





2017-10-14

Federica Mogherini sobre acordo com Irão


Na sequência de intervenção de Donald Trump afirmando que iria terminar o acordo multilateral com o Irão, Federica Mogherini fez uma comunicação afirmando que o acordo com o Irão era multilateral, e nenhum dos signatários tinha poder para terminar o acordo que consiste num anexo duma resolução tomada de forma unânime pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Aqui está essa comunicação, em inglês, sem legendas.




Não me lembro de ter assistido a declarações formais deste teor de altos responsáveis da União Europeia  sobre intervenções do presidente dos E.U.A. É possível ou mesmo provável que se tornem mais frequentes.

2017-10-10

Pavão


Este é o milésimo post deste blogue que já existe desde Março/2008. Pareceu-me adequado fazer um post sobre pavões, pavoneando assim a minha longevidade como bloguista.

Na terceira idade regressa-se à juventude e vejo-me assim a fazer uma redacção sobre o pavão, se bem que na sua elaboração tenha tomado contacto com avanços científicos na explicação da iridescência que dão um ar mais adulto a este texto.

De vez em quando vejo pavões na Quinta Pedagógica nos Olivais. Além do espectáculo sempre deslumbrante da exibição da cauda dos pavões, aprecio o seu comportamento tranquilo, o que me leva a fotografá-los com alguma frequência. Neste post selecciono algumas das muitas fotos que tenho tirado.

Nestas duas primeiras imagens mostro a comunidade que existia em Novembro/2014, 2 machos e 5 fêmeas. O grupo parecia coexistir de forma despreocupada



ocasionalmente com segregação por sexos, 2 machos por um lado e 5 fêmeas por outro



com zoom para as fêmeas



Uma das características que aprecio nos pavões é o silêncio e a discrição com que que se movem. De repente notamos que estão vários pavões à nossa volta sem que tenhamos sido avisados por ruídos vários da sua chegada.

Na foto seguinte, de Maio/2015 esta fêmea aproximou-se bastante da cadeira da esplanada e comeu um pedacinho de chocolate de um gelado que caíra no chão.



Aproximou-se lentamente, mantendo (difícil não antropomorfizar...) um ar altivo, com aqueles penachinhos na cabeça a fazer lembrar um diadema.



As cores das pavoas são muito mais discretas do que as dos pavões mas mesmo assim o pescoço tem uma cor verde muito bonita. Na consulta das entrada da wikipédia sobre pavões, na versão em português e na versão mais completa em inglês constatei que muitas das penas dos pavões são iridescentes, à semelhança do que acontece com muitas outras aves, com borboletas, conchas marinhas, alguns insectos e outros materiais, como por exemplo as opalas.

A iridescência é uma propriedade de objectos cuja côr varia conforme o ângulo de observação dos mesmos. A côr é obtida através de estruturas nanométricas (dimensão entre 1 e 100 nanómetros) designando-se por “coloração estrutural”.

Os físicos Newton e Robert Hooke já tinham notado que as cores iridescentes dos pavões eram criadas por coloração estrutural e não por pigmentos.

São as interferências ópticas (reflexões de Bragg) causadas pelas nanoestruturas periódicas existentes nas bárbulas das penas

Por André Cattaruzzi - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=40852338


que causam as cores iridescentes das penas dos pavões. Depois do Lorde Rayleigh se ter interessado pelos cristais fotónicos em 1887 o assunto foi retomado em 1997 por Eli Yablonovitch tendo desde essa altura sido objecto de grande actividade de investigação, dadas as importantes aplicações industriais que se prevêem no domínio da óptica.

No artigo da wikipédia sobre iridescência encontrei referência a este artigo intitulado “Coloration strategies in peacock feathers” fazendo parte de uns “Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America”, da autoria de 8 autores chineses trabalhando na Universidade Fudan em Xangai. O facto de terem usado o microscópio electrónico no estudo das estruturas existentes nas penas do pavão dá uma explicação para este assunto ainda não estar completamente estudado.

Felizmente estes chineses ainda publicam artigos em inglês, um dia destes é possível que as revistas de física mais importantes sejam publicadas em mandarim. Seria bom que por essa altura pelo menos o pinyin fosse preferido em relação aos ideogramas.



Ainda no mesmo ano, em 29/Nov/2015 16:16 tirei esta foto de 4 pavoas sobre um telhado da Quinta Pedagógica.


Já tinha visto pavões a voar para ramos altos de árvores mas fiquei surpreendido com esta posição sobre telhado.


Fui verificar à Wikipédia onde diz que os pavões são aves da floresta que nidificam e se alimentam no chão mas repousam empoleirados nas árvores.


Ou então em sítios altos de difícil acesso como optaram estas pavoas. Fui ver a que horas foi o sol posto na data da foto, foi às 17:16, provavelmente as pavoas já tinham comido que chegasse e foram preparar-se para passar a noite. Não me lembro de ver galinhas ou galos em sítios tão altos.

Na internet vi uns filmes curiosos em que mostram perus selvagens, que pernoitaram em ramos de árvores, voando para um sítio sem árvores ao nascer do sol. É possível que existam filmes semelhantes para pavões.



A seguir mostro 3 imagens de Fevereiro/2016 de pavões a alimentar-se no prado verde da quinta do Contador-Mor, adjacente à Quinta Pedagógica




Achei graça a este Pavão empoleirado em cima dum “Jogo do Galo”, em Março/2016, confirmando uma atitude Zen que deve ser uma das características que aprecio nos pavões



e termino naturalmente com um pavão exibindo a sua cauda maravilhosa



Será fácil encontrar fotos de leques de pavão melhores do que esta. Normalmente o fundo da fotografia perturba a cena e a iluminação desta cauda é fraca. Por exemplo aqui tem uma foto interessante e outras aqui.





2017-10-06

Catalunha


“As fronteiras são as cicatrizes da História”, frase que na internet é atribuída a Robert Schuman, um dos fundadores da União Europeia.

Será portanto difícil fazer com que as cicatrizes desapareçam de um dia para o outro mas só em casos muito excepcionais fará sentido abrir uma nova ferida.

No caso catalão poderá haver um círculo vicioso difícil de quebrar. A tendência centralizadora de Madrid é ao mesmo tempo causa e consequência das tendências separatistas de algumas regiões de  Espanha, designadamente da Catalunha.

Se houve tempo em que face às telecomunicações da época se constatava que os impérios não conseguiam coordenar esforços de regiões muito distantes, na situação actual em que lentamente se constrói uma União Europeia não se compreende porque se pretende separar de Espanha uma região que nunca foi independente e que goza actualmente de grande autonomia.

O pseudo-referendo ilegal realizado do passado dia 1 de Outubro de 2017 nunca poderá constituir uma base sólida para uma declaração de independência, em primeiro lugar porque foi considerado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional de Espanha, colocando os residentes da Catalunha perante o dilema de terem de participar numa actividade ilegal para manifestar a sua oposição à separação. Em segundo lugar porque o Estatuto da Catalunha necessita de dois terços do parlamento catalão para ser alterado e essa maioria não foi conseguida. Em terceiro lugar porque para uma decisão tão grave seria aconselhável para evitar futuros grandes conflitos que uma grande maioria participasse no referendo e que houvesse também uma maioria qualificada a votar pelo sim.

Dadas as circunstâncias, a realização do referendo constituiu apenas uma manobra para declarar unilateralmente a independência pois era mais do que claro que face à actual Constituição iria ser declarado inconstitucional, iria ter alguma afluência do “sim” e quase nenhuma afluência do “não”.

O envio de forças policiais para impedir a realização do referendo ilegal faz parte das atibuições do executivo de cumprir e fazer cumprir a Constituição. Tenho contudo grandes dúvidas sobre a utilidade de enviar forças policiais para tentar impedir uma ilegalidade deste tipo. Sob um ponto de vista político, as imagens inevitáveis de alguma violência sobre cidadãos que “apenas pretendiam votar”, eu acho que pretendiam sobretudo fazer uma futura separação entre “nós” e “eles”, deverão ter fortalecido a causa separatista. Atrevo-me contudo a afirmar que quando se enviam milhares de  polícias para uma missão deste tipo, é inevitável que ocorra alguma violência e não há notícia de ferimentos graves. Enric Millo, o representante do governo espanhol na Catalunha, pediu desculpa pelos excessos na intervenção policial, acusando contudo o governo catalão de ter realizado um voto ilegal.

Parece inevitável que se façam negociações entre um futuro governo da Catalunha e o governo de Espanha. Na actual situação essas negociações parecem quase impossíveis.

A imagem mostrando a península ibérica, com Portugal, as regiões autónomas de Espanha em verde claro, a Catalunha a verde, alguns países vizinhos e o meridiano de Greenwich foram tirados da Wikipédia.
 




2017-10-05

Economia com Todos



Andei a ler este livro feito por um conjunto de economistas que escrevem no blogue "Ladrões de Bicicletas", quase todos os membros desse blogue contribuíram com um artigo para o livro, sendo cada um deles mais extenso do que os posts que habitualmente continuam a aparecer no blogue.

Não concordando com tudo o que li, achei mérito em muitas das opiniões bastante diferentes das que normalmente se vêem nos meios de comunicação social com maior audiência, embora os autores apareçam de vez em quando nesses meios.

A maior parte dos autores estão ligados a universidades pelo que também me surpreende que os economistas saiam do ensino com um pensamento que parece único.

Transcrevo um texto  do início do livro, retirado do primeiro post do blogue referido:

«
Os dilemas trágicos que os indivíduos têm de enfrentar em resultado da falta de recursos e de poder tornam-se visíveis num belo filme italiano a que este blogue roubou o nome. Não somos cineastas, mas economistas. Acreditamos que a economia, como o cinema, pode ser um «desporto de combate». Temos partidos e ideologias diferentes e divergentes, mas convergimos no que hoje importa. Pleno-emprego, serviços públicos, redistribuição da riqueza e do rendimento, controlo democrático da economia fazem parte do caminho que queremos percorrer. Recusamos e combatemos as «evidências» e mitos que alimentam o actual consenso neoliberal. Acreditamos que o mercado sem fim é a ideologia transponível do nosso tempo. Mas uma coisa reconhecemos aos nossos adversários e a F. Hayek, o seu grande ideólogo: «nada é inevitável na existência social e só o pensamento faz que as coisas sejam o que são». Este blogue é portanto um espaço de opinião de esquerda, socialista e que pretende desafiar o actual domínio da direita na luta das ideias. Pedalemos então!João, Nuno, Pedro e Zé
»





2017-10-04

O tiroteio em Las Vegas


É sabido que a National Rifle Association defende que se toda a gente andasse armada não existiriam os massacres que ocorrem de vez em quando nos Estados Unidos da América, quer nas escolas quer quando os atiradores usam um palco para atirar contra a plateia.

Este argumento tem alguma lógica embora tenha como efeito colateral que considero indesejável obrigar toda a gente a andar com armas, objectos pesados incómodos para transportar no quotidiano e cuja omnipresença aumentaria o número de acidentes bem como o número de discussões que escalariam numa troca de tiros.

O recente incidente em Las Vegas em que um homem alvejou a partir da janela no 32º andar de um hotel, uma multidão que assistia a um concerto ao ar livre, em que morreram mais de 50 pessoas e centenas ficaram feridas, mostrou que nalguns tipos de incidentes de nada adiantaria que a multidão estivesse armada dado que estavam a ser alvejados a partir de uma distância considerável com armas de repetição automática de cadência elevada, na ordem dos 10 tiros por segundo. Nesta situação, antes do atirador ser sequer localizado, centenas de projécteis já teriam atingido a multidão.

Mostro uma infografia que vi na BBC sobre este tiroteio


Bem sei que a NRA continuará a aconselhar que todos os americanos andem sempre armados.

Mesmo assim tenho dificuldade em perceber porque é que num país onde a liberdade de andar com armas é tão importante se obriga nos voos domésticos os cidadãos americanos a viajar desarmados.

Não seria mais consistente que também nos aviões pudesse toda a gente andar com a sua espingarda de repetição? Ou pelo menos com um revólver?


2017-10-01

Financiar os estudos superiores será rentável?


O post "Benefícios do Ensino Superior em Portugal"do João André no Delito de Opinião chega a uma conclusão interessante:

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O país não valoriza os estudantes do superior como deveria mas beneficia imenso deles. Apesar das ineficiências, haverá certamente poucas áreas do estado onde haja tantas vantagens entre o serviço prestado e o benefício retirado. Ou, noutras palavras, o Ensino compensa. E muito.
»

Uma confirmação empírica desta conclusão é o interesse manifestado pelas instituições financeiras americanas em financiar os estudos  universitários dos alunos. Desta forma privatizam os rendimentos que o Estado retiraria dos salários dos licenciados cujo rendimento colectável é diminuído pela devolução (juros+amortização do empréstimo) que o licenciado tem que retirar ao seu salário bruto. E diminuem a mobilidade social.