2016-01-29

Reflexos de luz solar sobre prédio côncavo em Londres


Recebi um filminho sobre as perturbações provocadas numa rua de Londres pelo reflexo do sol num prédio vizinho que tinha uma fachada com forma côncava.

O prédio está na 20 Fenchurch Street em Londres e derreteu algumas peças de plástico de automóveis, deformou anúncios e iniciou incêndio de um tapete de porta.

Fui à procura na internet e descobri este artigo do Daily Mail (de 9/Out/2014) de onde retirei as imagens deste post.

Esta era quando causava problemas:


e neste diagrama refere que o problema ocorria cerca de duas horas por dia e nem sempre o céu londrino está tão descoberto




O problema foi resolvido colocando palas em grande parte da fachada.

Nos países solarengos as palas nas fachadas dos edifícios eram e são uma constante, com um pequeno interregno quando a energia era baratíssima e os arquitectos compensavam a ineficiência energética com maior consumo nos equipamentos de ar condicionado.

Em inglês existe uma palavra para "palas" que é sunshade, designação genérica como dispositivo para criar uma sombra que protege do sol. No entanto, dada a frequência do céu nublado no Reino Unido, os britânicos sentem-se pouco à vontade com o conceito e no texto do Daily Mail aparece esta frase:

«The 525ft building, 20 Fenchurch Street, has been fitted with a sunshade known as a 'brise soleil'...  »

Puseram-lhe umas "sunshades" embora, não completamente satisfeitos com o nome encontrado para as palas lhes tenham adicionado o termo "brise-soleil".

Afinal não são só os portugueses a usar estrangeirismos desnecessários como por exemplo "yellow boxes" para as zonas amarelas dos cruzamentos.


Este foi o aspecto com que ficou


que confirmei no Google Earth.

2016-01-25

Luz eterna


Depois das Teorias de Tudo pareceu-me adequado mostrar outro pequeno filme do Cristóbal Vila, de quem já mostrei outras realizações. Este chama-se LUX AETERNA.



 A igreja que aparece no filme com uma abertura em forma de cruz na parede que deixa entrar a luz é do arquitecto Tadao Ando e já a referi aqui.



2016-01-21

Teorias de Tudo, por John D. Barrow – 2


No post anterior referi-me a vários aspectos do livro de John D. Barrow tentando ilustrar a enorme abertura de espírito necessária para tentar chegar a alguma espécie de Teoria de Tudo.

Claro que nessa procura o autor fala da Teoria da Relatividade Geral, da distorção do espaço pela Gravidade, da Expansão do Universo, da parte não visível do Universo, do Big Bang, dos Buracos Negros, do 2º Princípio da Termodinâmica, das partículas subatómicas, da Mecânica Quântica, da Teoria das Cordas, etc, em suma da grande panóplia de descobertas, conceitos e ferramentas que podem guiar o explorador da Totalidade do Universo. Mas se eu fosse abordar estes temas este post ficaria, na melhor das hipóteses (de eu ser capaz dessa tarefa) com uma dimensão parecida ao livro, pelo que me limitarei a mais alguns apontamentos soltos.

Um tema engraçado é o das Constantes da Natureza. Ele há a constante de gravitação universal, a constante de Planck, a velocidade da luz e são conhecidas mais umas tantas. De uma forma geral elas são apresentadas como um facto observado. Mas constata-se que sabemos pouco sobre elas porque caso contrário existiria uma teoria que explicasse o seu valor e não teriam a importância que têm actualmente. O autor interroga-se se as constantes sempre foram constantes e se terão o mesmo valor em todos os locais do Universo. Perguntas que ilustram a nossa ignorância sobre o tema.

Saltando o capítulo da Quebra de Simetria, passo ao dos Princípios Organizativos, onde o autor aborda com elegância o tema do Reducionismo. Na sua versão troglodita o reducionista vê uma hierarquia rígida. A Zoologia pode (e deve, como nos casos seguintes) ser reduzida à Biologia, que pode ser reduzida à Química que por sua vez pode ser reduzida à Física que deverá preferentemente ser explicada pelos comportamentos das partículas mais elementares da matéria. Na minha educação foram-me apresentadas várias versões mais ou menos mitigadas desta ideologia, no sentido pejorativo do termo.

O autor aponta que num conjunto muito grande de elementos em que exista forte interacção entre eles o todo é maior do que a soma das partes surgindo fenómenos em que as leis do nível mais básico são inadequadas para os descrever. É essa complexidade adicional que faz com que surjam novos domínios da Ciência, caso contrário explicaríamos tudo com as leis da Mecânica Quântica, para usar uma imagem simplória da minha lavra.

É neste capítulo que aparecem uns gráficos onde num apresentam a massa versus a dimensão de várias entidades desde o protão, passando pelos seres humanos e pelas galáxias até ao Universo visível,  noutro o tempo passado entre várias fases da evolução do Universo, sememelhante à usada por Carl Sagan no programa Cosmos que passou na TV, noutro onde mostra a evolução do poder de cálculo dos computadores e finalmente outro, que mostro a seguir, onde se apresenta a memória e o poder de cálculo de vários sitemas, uns criados sem intervençao humana e outros feitos pelo homem.


Tenho dúvidas sobre a posição no gráfico de alguns dos sistemas mas apresento-o sobretudo para mostrar que as Teorias de Tudo também têm que tratar destes sistemas.

O livro aborda os Efeitos de Selecção em que se fala do Princípio Antrópico Fraco: o Universo evoluiu de forma que viabilizou o aparecimento de seres como nós, baseados no carbono, que existiram antes das estrelas se extinguirem. Aprecio a sensatez deste princípio.

Finalmente o livro fala do papel da Matemática na concepção da nossa visão do Universo.

Nem sei porque tento descrever os livros que li. Se calhar é porque o meu pai me pedia quando eu era pequeno para lhe descrever o que acabara de ler

2016-01-14

Teorias de Tudo, por John D. Barrow


Ofereceram-me este livro no Natal de 1999, o tempo voa e conhecer os mistérios do Universo não esteve nas minhas prioridades. Constatei que o original em inglês foi escrito em 1991 e a sua tradução para português em 1996. Como a procura da explicação para o Universo me parecia pueril considerei que o tema podia esperar. Como nas duas ou três décadas passadas não ouvi falar de grandes progressos nesta área pensei que o livro não estaria completamente desactualizado e comecei a lê-lo tendo concluído a leitura com sucesso, nestes tempos difíceis em que a internet me dispersa tanto.

Achei o livro muito interessante revelando o autor uma grande abertura de espírito e um enorme leque de interesses, adequado para tratar de uma matéria tão vasta.

Logo na Introdução o autor pergunta:
«
Poderá este esforço (encontrar as “Teorias de Tudo”) ser bem sucedido? Poderá a nossa compreensão da lógica subjacente à realidade física ser total? Será de prever o dia em que a física fundamental estará completa deixando só por revelar os detalhes complexos latentes nas suas leis?
»
e pouco a seguir afirma
«
Tentaremos demonstrar que, mesmo que as Teorias de Tudo, tal como correntemente concebidas, venham a provar ser necessárias para a nossa compreensão do Universo que nos rodeia, elas estão longe de ser suficientes.
»
o que para mim constituiu um excelente começo.

O autor começa por falar dos Contos Mitológicos das diversas civilizações como as primeiras Teorias de Tudo, onde se explica como tudo apareceu. A fraqueza das Teorias de Tudo mitológicas é que como a explicação é fraca é preciso um novo elemento de cada vez que se descobre um novo facto. Por exemplo há um deus para a chuva, outro para o relâmpago, etc. Exemplo disso é o Olimpo grego, onde além dos deuses que se encarregam dos fenómenos “naturais” existem os “especialistas” dos sentimentos humanos.

Isto fez-me lembrar uma visita que fiz ao templo Thillai Nataraja em Chidambaram, no estado do Tamil Nadu,  onde o nosso guia se multiplicava em explicações intermináveis sobre os mitos indianos (porque tivera uma má avaliação duns turistas dum grupo anterior) e eu me distraía a olhar para aquela torre (gopura) ao fundo cheia de estátuas coloridas



receando que me contassem a vida de todas aquelas figuras




olhando para esta pequena estátua do deus Shiva dançando sempre



e para este homem que tinha tomado banho no lago do templo, sagrado mas com a água demasiado esverdeada.



E volto a citar o livro:
«...
Nestas explicações (mitológicas) não existe um caminho plausível para a simplificação.
...
Enquanto os antigos se contentavam em criar muitas divindades menores, cada uma com capacidade de explicar as origens de um aspecto particular, mas podendo muitas vezes entrar em conflito, o legado das grandes religiões monoteístas é a esperança numa única explicação para o Universo.
...
Mais uma vez, constatamos que esta motivação é essencialmente religiosa. Não existe nenhuma razão lógica para que o Universo não contenha irracionalidades ou elementos arbitrários que não se relacionem com o resto.

»

Passando depois ao tema das Leis da Natureza o autor sublinha mais uma vez a contribuição da crença na existência de um Deus legislador único das religiões monoteístas do Ocidente, na procura de teorias unificadas da Natureza, em contraponto ao politeísmo e holismo das religiões orientais, que dificulta a análise e consequente compreensão do mundo que nos rodeia, pois não se pode separar uma parte dado que o todo tem que ser sempre considerado.

E um pouco mais à frente
«
As nossas tradições monoteístas reforçam o pressuposto de que o Universo é , na sua raiz, uma unidade, que não é governada por legislações diferentes nos diversos locais, nem é  o resultado de qualquer choque de titãs lutando para impor as suas vontades arbitrárias sobre a natureza das coisas, nem resulta do compromisso de alguma assembleia cósmica.
»
diferenciando assim a Ciência da Política e doutras lutas pelo poder como o Futebol.

Claro que nem tudo são rosas nas relações entre as religiões monoteístas e a Ciência, designadamente quando é atribuído a Deus um papel mais interventor no dia-a-dia, tal como provocar doenças ou terramotos como castigo mas, enquanto encarado como um legislador racional e universal, o conceito de Deus único favorece a procura das suas leis.

À medida que se foram descobrindo leis da Física como, por exemplo, a conservação da energia, foi diminuindo a necessidade de considerar a intervenção divina numa série de assuntos.

O livro fala a seguir das Condições Iniciais e da sua importância no estado do Universo.
Discute a eventualidade de as leis da Natureza a aplicar poderem depender das condições iniciais mas acaba por considerar preferível uma situação em que a lei seja a mesma independentemente das condições iniciais. Não consigo deixar de pensar que a estrutura da Ciência reflecte a sociedade onde nasce. Agora o sentimento de Justiça predominante é que a lei seja aplicada a toda a gente independentemente da sua condição, mas este conceito é contrabalançado com o pensamento que se deve tratar de modo diferente o que é diferente.

Finalmente o autor afirma que
«
A um nível mais profundo pode simplesmente não existir qualquer divisão radical entre aqueles aspectos da realidade que usualmente designamos por “leis” e aqueles que passamos a conhecer como “condições iniciais”.
»

Refere depois o determinismo e o livre-arbítrio, a ubiquidade de sistemas caóticos, e a dificuldade em conhecer o futuro, e portanto o passado, de uma forma exacta, só sendo possível um conhecimento estatístico. Aborda ainda a existência provável de partes importantes do Universo que ainda não podemos observar colocando-se a questão de saber se nessas partes vigoram as mesmas leis que na parte que é visível para nós.

Prossegue depois sobre o tema do Tempo, citando

- este graffiti de um anónimo no Texas:
«O tempo é o modo como Deus evita que as coisas aconteçam todas ao mesmo tempo»;

- Bernard Shaw:
«Os ingleses não são um povo muito espiritual. Então, inventaram o críquete que lhes dá alguma noção de eternidade»;

- e “A Cidade de Deus” de Santo Agostinho:
«O mundo foi então seguramente feito, não no tempo, mas simultaneamente com o tempo. Porque aquilo que é feito no tempo é feito tanto antes como depois de algum tempo – depois disso, que é passado, eantes disso, que é futuro. Mas então nada podia ser passado, pois não existia nenhuma criatura cujos movimentos pudessem ser medidos para determinar a sua duração. Mas simultaneamente com o tempo o mundo foi criado.».

considerando que esta visão da simultaneidade da criação do Universo e do tempo é a opinião dominante dos cientistas de hoje, que corresponde à opinião de Santo Agostinho, manifestada no século V.

E como já gastei muito tempo, quer a mim quer ao leitor deste blogue, sobre este interessante livro vou hoje ficar por aqui.

Talvez ainda faça outro post sobre este livro.




2016-01-12

2016-01-08

Cristóbal Vila e M.C.Escher


Na minha revisita dos e-mails antigos constatei que em Janeiro/2011 referi neste blogue dois filmes de animação deslumbrantes sobre os números de Fibonnaci (feito em 2010) e sobre Arquitectura da cidade de Isfahan, no Irão (feito em 2005).


Esses filmes foram feitos por Cristóbal Vila, um desenhador gráfico (ou designer gráfico, este termo em português não está ainda bem definido) nascido na Suíça, que vive em Zaragoza há muito tempo e que se interessa pela influência da Matemática, nomeadamente da Geometria, nas formas da Natureza e na Arte.

Agora visitei o site Etérea e descobri outras pérolas da sua actividade.

Desta vez destaco o filme Inspirations, que deve ser visto em full screen e com o som ligado. O seu objectivo é imaginar como poderia ter sido o atelier do artista holandês M.C.Escher e o resultado é, mais uma vez, extraordinário.



Poderão verificar aqui as alusões que o filme faz a várias ideias que influenciaram as obras de Escher.

2016-01-06

Bomba H da Coreia do Norte?


Li na edição diária do jornal Expresso que a Coreia do Norte tinha feito rebentar uma bomba atómica de hidrogénio, provocando um sismo de magnitude 5,1 na escala de Richter, às 01:30 (UTC) de 2016-01-06, isto é, à 01:30 hora de Lisboa de hoje.

No site do  European-Mediterranean Seismological Centre, na "tab" "World Wide earthquakes" fazendo um zoom para a Ásia e depois para a Coreia do Norte obtive esta imagem que confirma a ocorrência do sismo.



Entretanto na BBC referem que peritos no assunto duvidam que a bomba atómica que provocou o sismo seja do tipo de fusão nuclear.

De qualquer forma a comunidade internacional está indignada pela realização do teste, ainda por cima sem qualquer aviso prévio.

Este sítio do Centro Sismológico Europeu-Mediterrânico, que eu já referira após um sismo sentido em Lisboa em 2009-12-17, permite verificar informação sobre sismos.


2016-01-03

Arrumações


Tenho dedicado um tempo que me parece inacreditável a revisitar os e-mails que tenho arquivados.

Não sucumbi às gravações video quando apareceram máquinas relativamente acessíveis que gravavam os filmes em cassettes. O meu horror a transportar pesos ajudou-me nessa resistência. Por outro lado apercebi-me que não fazia sentido gravar paisagens lindas observando-as no visor a preto e branco da máquina de filmar, que era o que havia na altura, embora a gravação fosse feita a cores, para as ver no écran em casa, quando havia tantos filmes do National Geographic gravados em melhores condições. Depois constatei ainda que editar um filme usando na altura apenas o gravador de video e a máquina de filmar dava um enorme trabalho para se obter um filminho que deixava bastante a desejar.

Finalmente um amigo dizia-me que uma pessoa não podia passar mais de metade da sua vida a gravar cenas pois precisaria da outra metade para ver, pelo menos uma vez, tudo o que tinha gravado.

Talvez os e-mails se guardem não para os ler no futuro mas apenas para manter essa possibilidade.

Constatei no entanto que deveria adoptar no futuro um conjunto de regras sobre o que seria mantido e o que seria apagado e que deveria aplicar retroactivamente essas regras aos e-mails já recebidos/enviados.

A operação presta-se a grandes divagações, ainda não perdi a esperança de a concluir.

Para finalizar mostro duas obras do artista suíço Ursus Wehrli, que gosta de ter tudo muito arrumado, como por exemplo esta sopa de letras




ou esta salada de frutas, em que nem as bolas brancas que decoravam a tigela escaparam