2015-04-30

Tecnologia- Fotovoltaicas

Adenda em 2015-08-04: mantenho o texto que se segue com a excepção dos comentários que fiz aos telhados dos alpendres da marina de Portimão que afinal não passam de uns painéis de um material que parece mas não é composto de células fotovoltaicas.
jj.amarante


Em 15 de Março deste ano reparei numa textura estranha nos edifícios da Marina de Portimão na Praia da Rocha:




olhando com mais atenção constatei que o tecto dos caminhos de acesso aos apartamentos da marina tinham sido integralmente cobertos com células fotovoltaicas, conforme se pode constatar na ampliação seguinte:





Estou convencido que esta instalação é recente, depois do Verão de 2014, embora o meu último registo fotográfico da zona seja do Verão de 2006, quando estavam a construir a torre feia do radar ao pé do farol de Ferragudo.




Desconheço as razões que levaram à instalação das células fotovoltaicas naquele sítio específico, houve uma altura antes do resgate de 2011 em que o governo de Portugal, à semelhança do governo da Alemanha, pagava uma tarifa de 40c€/kWh aos produtores de energia usando tecnologia fotovoltaica, quando a energia eólica estava a ser remunerada a cerca de 10c€/kWh e o preço do kWh no mercado grossista ibérico andava à volta dos 5c€/kWh, quando o preço de venda no consumidor doméstico é agora cerca de 15c€/kWh.

Depois duma primeira atribuição de licenças de produção fotovoltaica com direito a tarifa assegurada realizou-se outro concurso que ficou deserto. Neste segundo concurso o Estado também concederia licenças de produção com direito a tarifa assegurada por alguns anos a quem desse mais dinheiro para ter esse direito.

O conceito parece interessante, pois todas as tecnologias de energia tiveram no seu início subsídios estatais mas nesta modalidade o Estado está a vender o direito a vender energia a um preço muito elevado por alguns anos, penalizando assim os consumidores futuros de electricidade com um sobrecusto pois as receitas arrecadadas pelo Estado na venda do direito à tarifa regulada não ficam dentro do sector eléctrico. Seria mais razoável outorgar a licença a quem se propusesse fornecer a energia com a tecnologia desejada pelo menor preço.

Por vezes as alegadas rendas excessivas na área da energia correspondem a compensações por contributos que as empresas de electricidade deram ao Estado em situações de maior apuro, tratam-se de direitos que foram comprados, sendo portanto “adquiridos”, tão adquiridos como os dos credores que avançaram dinheiro para terem depois direito aos juros e à devolução do capital emprestado.

Existe um “mercado secundário” para esses direitos, que corresponde simplesmente às transacções sobre a propriedade das instalações produtoras licenciadas.

Parecia-me um bocado absurdo o pagamento de 40c€/kWh, considerando eu que seria melhor financiar estudos para baixar o preço das células fotovoltaicas. Agora acho que estava equivocado. É difícil uma comissão avaliar quais os processos industriais mais promissores de melhoramento de uma dada tecnologia. Com uma gestão cuidadosa dos incentivos é possível estimular a descoberta de novos processos industriai, além das economias de escala que são inerentes à produção.

No gráfico que mostro a seguir, que retirei da publicação “Fraunhofer ISE (2015): Current and Future Cost of Photovoltaics. Long-term Scenarios for Market Development, System Prices and LCOE of Utility-ScalePV Systems. Study on behalf of Agora Energiewende”




constata-se que em 10 anos a tarifa de remuneração da fotovoltaica reduziu-se de 40 para menos de 10c€/kWh de 2005 a 2015.


A nível mundial outro gráfico da mesma publicação mostra o dinamismo da indústria fotovoltaica.





Quando o preço das células fotovoltaicas for competitivo para o consumidor doméstico sem necessidade de qualquer subsídio, vai ser praticamente impossível de evitar a montagem maciça de células fotovoltaicas nas casas particulares, mesmo que seja apenas para autoconsumo. Vai então haver grandes mudanças no sector eléctrico.

Em Portugal a APREN, Associação de Energias Renováveis, é uma das instituições activas na promoção destas energias.

No próximo dia 4/Maio realiza-se em Évora uma conferência sobre energia solar, comemorando o dia internacional do sol.

2015-04-27

Desenhar árvores



De vez em quando falo neste blogue na dificuldade em desenhar e/ou pintar árvores.

Estas árvores na pintura indiana de Nihal Chand do post anterior, de que mostro aqui um detalhe

 

pareceram-me à primeira vista excessivamente estilizadas, sobretudo a do meio deste conjunto de 3 árvores no fundo do cenário.

No entanto olhei com mais atenção para algumas fotos que tenho tirado e constatei que esta árvore, que larga um perfume muito agradável na rua Cidade de Moçâmedes, tem as folhas dispostas em estrela como no quadro



bem como esta no depósito de água dos Olivais Sul , no topo da rua Cidade de Bissau



Ou ainda esta ao pé dum campo de rugby em Monsanto




acabando por concluir que a estilização das árvores do quadro indiano está bastante realista.


Relembro imagens já mostradas neste blogue das árvores duma pintura de Perugino (1450-1523) na Capela Sistina em Roma,


e estas de Pintorichio (1454-1513), na biblioteca Piccolomini na catedral de Siena



a selva em ”O sonho” de Henri Rousseau, a sua última obra, no ano da sua  morte em 1910



a palmeira rodeada por duas agaves de M.C.Escher, gravada em 1933



e “Le blanc seing” (o cheque em branco) de René Magritte em 1965



Ainda não tinha mostrado “L’éclair” (1959), também de Magritte,



e  “The lost jockey” (1948), ainda de Magritte, onde se constata o trabalho que dá desenhar árvores mesmo quando não têm folhas




2015-04-25

Nihal Chand (1710 - 1782)


A música indiana que referi há pouco abreviou a publicação desta pintura indiana que  tenho há uns tempos para mostrar neste blogue:




Esta imagem está na Wikipédia aqui, já não me lembro a que propósito passei por este artigo da wikipédia sobre pintura do Rajasthan, depois guardei a imagem provavelmente por causa das árvores, objectos cuja representação estilizada me parece sempre difícil e que suscita grande variedade de soluções.

Entre outros sítios, Nihal Chand é referido na wikipédia e também aqui.

Fui verificar quando morreu Aurangzeb, o último dos grão-mogóis importantes, foi em 1707, portanto este pintor de Kinshangar, território do estado de Jodphur onde predominava a escola de pintura Marwar, viveu durante o declínio do domínio dos grão-mogóis e do estabelecimento da domínio da East India Company sobre a Índia.

Depois reparei nos olhos das pessoas, que fazem lembrar as pinturas egípcias, os olhos vistos de lado quando fotografados não ficam assim.

Esta imagem representando Bani Thani,  uma cantora, empregada da sogra do marajá Sawant Singh (1748-1764), de quem se tornou amante, deve concentrar o ideal de beleza feminina da escola de pintura Marwar.



Possivelmente os pintores como Nihal Chand preferiam estas representações "artificiais" mas obedecendo a regras bem definidas do que uma representação mais realista parecida com o que se obtém actualmente com uma máquina fotográfica, por exemplo no Egipto a  deusa Maat tinha definido regras sobre como se deviam representar as pessoas.

Mesmo assim relembro um exercício que fiz numa pintura egípcia, substituindo um olho visto de frente por outro visto de lado



As decorações dos dedos das mãos com hena são neste caso mais simples do que o habitual. Este filme mostra a execução da pintura de uma mão com pasta de hena.

Fico com alguma frequência na dúvida, quando vejo representações que se afastam muito duma representação "fotográfica", se a opção é deliberada ou se corresponde a uma incapacidade duma representação mais realista.

A exactidão do "desenho à vista" poderá ter a vantagem de nos demonstrar que o pintor é capaz de pintar exactamente aquilo que pretende quando está a pintar algo que só existe na sua imaginação.

Pode também acontecer que o artista não se interesse por imitar a realidade ou seja objecto de pressões sociais ou comerciais para representar as cenas de forma específica.

Mostro para finalizar mais duas pinturas de Nihal Chand que achei interessantes:





A wikipédia tem esta entrada sobre pintura indiana.


2015-04-21

Tecnologia- Google


Neste fim de semana fui à Praia da Rocha e constatei que o "Jardim da Fortaleza", que tem estado votado ao abandono há um ou dois anos, voltou a ser tratado.

Fotografei uma Agave Americana var. Marginata enorme, ao lado de outras mais pequenas, com as folhas mais velhas devidamente aparadas, vendo-se a praia e uma tira de  mar e outra de céu ao fundo:




Cheguei a recear que existisse um plano para construir um hotel no lugar deste jardim, bloqueando mais um bocado de vista do mar, como fizeram com o Hotel Algarve.

Há alguns anos tive dificuldade em saber qual o nome desta planta, já nem me lembro das técnicas de busca que então usei, mas na altura não existia a variante "Imagens" do Google. Desta vez fui ver o que acontecia "arrastando e largando" ("drag and drop") a imagem para dentro do rectângulo do "Google Imagens". Foi tiro e queda, apareceram-me logo muitas imagens de agaves com o nome respectivo e a partir deste nome seria fácil chegar à variedade Marginata, referida num post muito antigo deste blogue.

Dizem que o Google Imagens foi lançado quando a Jennifer Lopez apareceu num "green dress" bastante revelador e apareceram imensas buscas à procura de imagens do vestido e não propriamente dum texto descritivo do mesmo.

Nunca soube o nome deste jardim na avenida Tomás Cabreira da Praia da Rocha, na falésia, junto à fortaleza de Stª Catarina. Alguns frequentadores da Rocha chamavam-lhe o "Jardim da Celeste", presumo que numa derivação simples da canção popular "Fui ao jardim da Celeste...". Agora fui ao Google Maps e constatei com facilidade que o nome oficial do jardim é "Jardim da Fortaleza", como referi acima.

Podia-se viver sem o Google, sem o Google Imagens, sem o Google Maps, sem o  Google Earth mas, como dizem num anúncio, não era a mesma coisa!




2015-04-14

Naum Gabo, Construção linear número 2, versão original


Depois de fazer 3 posts que escrevi em Mar/2008,  em Dez/2008 e em Abr/2015 sobre uma cópia caseira que fiz da "Linear construction no. 2", feita pelo escultor russo construtivista Naum Gabo em 1971, deixo aqui duas fotografias do original, esta que fui buscar aqui




existindo outra imagem muito semelhante no site da Tate Gallery e a seguinte, que localizei usando o Google, já não me lembro onde



P.S. estive a contar as rectas que passam pela aresta da esquerda e são cerca de 330, mais do triplo do número de entalhes (90) da minha "cópia".

2015-04-13

Naum Gabo revisitado





No passado Natal uma vela foi colocada a curta distância da cópia de escultura de Naum Gabo que já exibi neste blogue e o fio de nylon derreteu em 3 ou 4 pontos tornando praticamente inevitável substitutir a totalidade do fio, pelas dificuldades quer em encontrar fio da mesma tonalidade do exposto à luz do dia durante 40 anos quer em emendar de forma discreta o fio único que constitui esta escultura.





Comprei portanto uma bobine de 100 metros de fio de pesca de 0,50mm de espessura, de cor cinzenta (gris), praticamente incolor, ao pé dos armazens da Matinha em Lisboa, custou-me salvo erro 2,50€, o custo da reparação é quase exclusivamente tempo de trabalho. No final sobraram 6,50m de fio.

Desta vez, tirei umas fotos durante a construção, para eventuais interessados em fazer uma cópia caseira. Já dei algumas indicações sobre a construção neste post mais antigo.





A parte mais fácil da colocação do fio da escultura é a primeira metade, em que o fio de nylon se limita a passar à volta dos 4 quadrantes, passando alternadamente pela parte superior de um quadrante .


De uma forma geral desenrola-se cerca de um metro de fio da bobina ( convém manter pequena a quantidade de fio de nylon fora da bobina, para evitar que se embarace) passando o fio por cada ranhura, esticando-o  e colocando um pouco de fita-cola sobre a ranhura para evitar que o fio se solte e também para dificultar o deslizamento do fio pois a fita-cola adere ao fio que passa pela ranhura.


Na figura ao lado metade das 90 ranhuras de cada quadrante estão preenchidas.


Um bocado inicial do fio, de cerca de 10 ou 15cm está preso por fita-cola ao plástico (em baixo, julgo que não visível)  bem como uns 7 cm na metade superior do plástico do lado direito, que fica assim preso entre duas sessões de passagem do fio, que podem ser intervaladas por vários dias, nem sempre existe disposição para este trabalho minucioso.


Mostro a seguir outra vista da mesma situação da construção da escultura.



A segunda metade da colocação do fio da escultura é a mais difícil pois o fio tem que passar agora entre fios já colocados.




Uma das operações indispensáveis é passar o fio ainda enrolado na bobina (cerca de 50m neste caso) para à volta de um cartão grosso em forma de um H, de forma que o fio possa passar por entre os fios já instalados.


Na figura ao lado mostro os fios que coloquei 10 e 20 ranhuras à frente das últimas instaladas neste instante para me guiar na passagem do fio.


Enquanto há 40 anos passara o fio sempre no intervalo entre dois fios adjacente ao intervalo atravessado na volta anterior, desta vez fui menos estrito e atravessava o intervalo em que os fios já instalados não eram afastados da sua posição.


Os fios opacos visíveis na imagem foram instalados passando pelas ranhuras que deviam passar, passando também pelos intervalos entre fios já passados sem os desviar da posição.






No post que referi anteriormente era visível que  em dois dos quadrantes havia fios desviados por outros. Agora isso não acontece, ou acontece bastante menos, conforme se pode constatar nesta imagem tirada no fim:



Durante a 2ª parte da instalação do fio foi necessário usar 3 tamanhos de cartão em H porque os necessariamente mais largos no início (para o fio não ocupar muito espaço em cima do carão) ficavam excessivamente largos a certa altura.

Nesta foto próxima do fim mostro dois dos cartões usados para conter o fio

   

 e na seguinte os 3 cartões usados, com réguas a mostrar as suas dimensões:



Na imagem seguinte vê-se a obra com o fio passado por todas as ranhuras mas com as fita-colas ainda postas, vendo-se a marcação das ranhuras de 5 em 5. Como os números foram escritos sobre a fita-cola, dessapareceram quando esta foi retirada.



E termino com a escultura de regresso ao sítio habitual, desta vez fotografada à luz do dia.

2015-04-10

Uma beleza delicada e tranquila


Sendo este blogue dedicado a imagens acompanhadas de um texto, não é propriamente um blogue dedicado à fotografia enquanto tal, porque a qualidade técnica das minhas fotos tem um nível de amador e a minha utilização esporádica da máquina fotográfica dificulta-me o controlo de muitas das suas possibilidades.

Não havendo regra sem excepção, apresento desta vez uma fotografia do meu amigo espanhol Miguel Duvisón, fotógrafo amador mas com muito boa técnica, que obteve esta imagem de uma beleza delicada e tranquila, do Palacio de Cristal e seu lago, numa manhã de neblina no parque do Retiro em Madrid, em 2014-01-12 09:51




Desta vez deixei todos os pixels da imagem original, a maior parte das vezes a imagem no álbum tem apenas uma versão reduzida.



2015-04-08

Enquadramentos


Para mim que sempre detestei transportar pesos a máquina fotográfica tem esse defeito. Actualmente a minha reflex pesa cerca de 900g o que, não sendo mau, representa mesmo assim um inconveniente apenas suportável em ocasiões excepcionais, como quando em passeio de alguma dimensão e relativo exotismo.

Normalmente o peso da máquina vem asssociado a objectivas luminosas que permitem fotografar cenas com pouca luz sem flash. O telemóvel é muito fraco em situações de pouca luz mas quando há luz forte, como em 15 de Março, quando tirei esta foto na Praia da Rocha, as fotos ficam menos mal, como me parece ter sido o caso desta:



Porém, como a objectiva do telemóvel é uma grande angular, costumam ficar coisas a mais nas fotos que se tiram, é preciso depois em casa escolher o que se pretende reter e o que se prefere deitar fora. Costumo preferir este método a usar o zoom do telemóvel porque como este é digital estou a fazer um enquadramento com um visor muito pequeno, sendo preferível fazer essa operação em casa num écran com maior dimensão.

Neste caso tirei do enquadramento a maioria dos prédios que foram autorizados na Praia da Rocha e que estragam a vista, bem como os restaurantes de praia, pois o que me chamou a atenção foi a falésia, nesta época do ano com muitos verdes, com este primeiro resultado




ou este outro enquadramento, em que a falésia assume um protagonismo ainda maior:



2015-04-05

Stabat mater dolorosa


Há uns dias falaram-me de uma técnica simples de datação de pinturas em que aparece a cruz de Cristo e a Nossa Senhora.

No Concílio de Trento (1545 a 1563) determinaram que a partir daí a Nossa Senhora ao pé da Cruz devia mostrar a sua fortaleza, aguentando toda aquela dor em posição firme, de pé. Assim, obras em que ela apareça desfalecida, como na de Rogier van der Weyden (1400-1464) que mostro a seguir



só podem ser anteriores ao referido Concílio.

O Museu do Prado, onde em tempos vi o original da Deposição da Cruz de Rogier van der Weyden,  disponibiliza no seu site algumas das suas obras em reprodução de alta definição. Esta, com 10 Mbytes, está disponível aqui com uma riqueza de detalhes verdadeiramente espantosa.

Para verificar este aspecto do concílio de Trento “googlei” (representação da nossa senhora depois do concílio de Trento) e apareceram-me logo muitos artigos sobre o tema. Agora que penso nisso, atendendo às tendências iconoclastas de alguns movimentos protestantes, parece-me espectável que o Concílio se tenha pronunciado sobre estes temas, querendo nas obras futuras controlar em vez de suprimir. Por exemplo neste artigo de Vítor Serrão intitulado "Impactos do Concílio de Trento na arte portuguesa entre o Maneirismo e o Barroco (1563-1750) " consta:

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7. De novo a querela das imagens: iconoclastas versus iconófilos
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Conhecem -se numerosas pinturas mandadas repintar, na segunda metade do século XVI e ao longo do XVII, por não corresponderem aos novos cânones decorosos impostos por Trento – caso das Virgens desmaiadas nos Calvários góticos e renascentistas, substituídas pelo ideal da Stabat Mater (a Virgem -Mãe de Deus de pé, controlando a dor), como sucedeu numa tábua manuelina do retábulo -mor da Sé do Funchal, ou no Calvário da igreja de Jesus de Setúbal, ou que foram mesmo mandadas destruir sem remissão por parte dos visitadores.
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Tentei o google tradutor para a expressão em latim “Stabat Mater” sem sucesso mas o Google deu-me este site com a tradução em Português de um cântico com o título “Stabat Mater” onde se constata

1 Stabat Mater dolorosa iuxta crucem lacrimosa dum pendebat Filius
   Em pé, a Mãe dolorosa, chorando junto à cruz da qual pendia seu Filho.

que “Stabat” quer dizer precisamente “em pé”.

Na wikipédia diz que “Stabat Mater” se trata de um hino católico do século XIII, para o qual vários autores fizeram composições  musicais, entre eles Pergolesi em 1736.

Para finalizar deixo um youtube com uma das muitas interpretações da peça.




2015-04-04

As memórias de Winston Churchill


Tenho andado a ler a versão abreviada das memórias de Winston Churchill sobre a II Guerra Mundial, na série de 8 livrinhos do jornal Expresso (que ultimamente anda um bocado obcecado com guerras e batalhas nestas séries de livrinhos de fidelização de leitores) e deixo aqui as minhas impressões:

Impressionou-me a série de derrotas sofridas pelas forças armadas inglesas na primeira parte do conflito, começando na retirada de Dunquerque, passando pelas batalhas navais perdidas na tentativa de evitar que a Noruega fosse tomada pelos nazis, no fraco controlo do mar Mediterrâneo, na incapacidade de defender a Grécia e na perda de Creta, nas perdas navais causadas pelos submarinos alemães, nas dificuldades na luta contra Rommel nas areias dos desertos do Norte de África, na incapacidade de evitar ataques aéreos à sua capital, Londres, que ficou com áreas num estado lastimável, mesmo depois da remoção de grande parte dos destroços, como se pode constatar nesta foto de Wolfgang Suschitzky tirada a partir da catedral de St.Pauls em 1942 que julgo ter visto na net, numa exposição da Tate


Achei também interessante a confirmação de que actualmente boa parte dos seres humanos usufrui de acesso a serviços e bens que, por exemplo, nem o primeiro-ministro do Reino Unido dispunha, como viagens confortáveis em aviões com cabina pressurizada e a temperaturas confortáveis a 10 km de altura, sem risco de embater numa montanha (excepto em cicunstâncias muito excepcionais...).

Naquele tempo viajar  a maior altitude implicava o uso de máscaras de oxigénio e dada a incipiência do transporte aéreo a tripulação tinha que se agasalhar contra o frio. Evitar “nuvens recheadas de montanhas” voando a maior altitude tinha assim um preço elevado no conforto dos passageiros.

Embora o Reino Unido tenha sido o único beligerante que resistiu à Alemanha na Europa, a sua dependência dos Estados Unidos é bem patente nestas memórias, o mais poderoso império do planeta deixara de ser o Britânico, a nova superpotência passara a ser os Estados Unidos da América (do Norte, como gostam de dizer os Brasileiros, que vivem também numa federação de Estados da América mas do Sul).

Impressionou-me a capacidade industrial dos EUA nesta citação ilustrativa: “No Outono de 1942, os Estados Unidos tinham apenas três porta-aviões; um ano mais tarde, eram 50; no fim da guerra mais de 100.”

Gostei de  ler o conselho da importância de dar tarefas úteis e interessantes aos membros das  forças armadas para os manter ocupados e de moral elevado. É um bom conselho que se aplica também às empresas.