2015-10-26

Château de Chantilly


Situado 40km ao norte de Paris o Château de Chantilly, situado em Chantilly, tem aquelas decorações de ouro sobre branco cujo enorme sucesso as tornou um bocado "enjoativas". Contudo, agora que já não estão constantemente a aparecer, "reconciliei-me" com elas, achando-lhes um certo encanto.

Mostro um canto de uma sala do referido Château



seguido dum  pormenor numa parede


e dum motivo num painel mais pequeno.


Não consigo identificar a origem das formas usadas nestas decorações, à parte serem vagamente vegetais.


2015-10-20

Os Mitos do Estado Social Português



Foi publicado há pouco tempo este livro muito interessante de Pedro Adão e Silva  e de Mariana Trigo Pereira sobre os Mitos que são divulgados pelos inimigos do Estado Social ou, mais simplesmente por pessoas que não se dão ao trabalho de se informar sobre estes temass.

Os seres humanos têm a capacidade de conceber situações diferentes das que ocorrem actualmente, o que lhes permite progredir para situações melhores do que a actual. Mas além de possíveis movimentos para situações piores, esta capacidade extraordinária de conceber mundos diferentes da realidade torna também possível a Mentira, usada para condicionar o pensamento e as convicções sobre o que é possível e o que não é possível de atingir na sociedade em que vivemos.

Este livro que na Introdução fala sobre o papel destes Mitos organiza-se depois em 8 capítulos sobre outros tantos Mitos que são versões deturpadas da realidade ou, mais simplesmente, mentiras.

1º Mito: Portugal tem um Estado Social acima das suas possibilidades

2º Mito: Os políticos usam a despesa social para ganhar eleições

3º Mito: O Estado Social está falido

4º Mito: A prioridade do Estado Social é ajudar os mais pobres

5ª Mito: O sistema de pensões é injusto porque muitos pensionistas recebem pensões milionárias

6º Mito: Não fora o terceiro sector e a sociedade portuguesa não teria respostas sociais

7º Mito: Os beneficiários de pensões muito baixas são todos pobres

8º Mito: A culturade dependência e as fraudes minam o Estado Social

O livro tem 192 páginas, lê-se com agrado, com explicações claras sobre todos os assuntos.


Lembrei-me dum post que publiquei há bastante tempo mostrando um vídeo da Martha Nussbaum sobre a necessidade da sociedade apoiar todos os seus membros.

2015-10-17

Nobel da Medicina de 2015


Quando li “A Riqueza e Pobreza das Nações” de David S. Landes impressionou-me a descrição dada pelo autor das difíceis condições de vida dos habitantes das zonas tropicais, designadamente das doenças que os atacavam.

A Malária será a mais comum, quer em número de casos quer no conhecimento da sua existência, até porque já foi endémica por cá, principalmente nos arrozais dos vales do Sado, Tejo e Mondego tendo sido dada por erradicada de Portugal pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 1973 (1).

Já a Oncocercose também chamada “cegueira dos rios” será menos conhecida em Portugal, infectando 18 milhões de pessoas em  todo o mundo, localizadas sobretudo na África Tropical e no Brasil. É causada por um tipo de nemátodo (antigamente os nemátodos chamavam-se nematelmintas). Os nemátodos são cilíndricos e com comprimento não excedendo os 2,5mm. Os que parasitam o homem vão causando diversas perturbações ao hospedeiro que, quando não tratado, pode ficar cego ao fim de alguns anos. Um dos vectores da transmissão é uma mosquinha que no Brasil chamam “borrachudo” (Simuliidae, ver também Black fly) provocando feridas com tendência para infectar nos tornozelos das pessoas.

Mostro uma imagem de “Te Ara, The encyclopedia of New Zealand, Story: Sandflies and mosquitoes



que me fez lembrar o livro “Castaway” de Lucy Irvine que referi neste post onde ela falava dos problemas do companheiro com as picadas das “sand flies” de que encontrei também outra imagem aqui (de uma companhia de seguros).



Nem sempre estas picadas levam a infecções parasitárias graves mas causam sempre terríveis comichões.

Para não ficarem dúvidas sobre a minha preferência por ambientes urbanos onde a natureza é apresentada em jardins bem mantidos refiro ainda os problemas dos militares americanos estacionados em Hawijah no Iraque e de turistas nas Caraíbas.

Mas chegando finalmente ao título deste post, o prémio Nobel da  Medicina de 2015 foi atribuído (da esquerda para a direita) a William C. Campbell (irlandês), Satoshi Omura (japonês) e Tu Youyou (chinesa).




Metade do prémio foi para os dois primeiros (verminoses) enquanto a outra metade foi para Tu Youyou que descobriu a Artemisinina, importante no combate da Malária e que acabou por se revelar também interessante no combate a alguns vermes que parasitam os seres humanos.

A atribuição pela primeira vez de um prémio Nobel (adenda: da Medicina) a uma pessoa chinesa é um evento com significado. Também a academia sueca passou a considerar a China como um “membro de pleno direito” da sociedade das nações, neste movimento até agora irresistível de globalização e de reocupação do lugar importante que a China viu interrompido no ultimo par de séculos.

A origem do projecto não é muito entusiasmante, tendo alegadamente resultado duma diligência de Chou-en-Lai junto de Mao Tsé Tung para autorizar um projecto de pesquisa, apoiada na medicina tradicional chinesa, para descobrir remédio eficaz para mosquitos que se tinham tornado resistentes à cloroquina, droga que perdera eficácia nos mosquitos que atacavam os guerrilheiros do Vietnam do Norte nomeadamente no trilho de Ho-Chi-Minh, cheio de túneis, por onde se deslocavam para o Vietname do Sul. Não foi portanto uma preocupação associada ao bem estar da população mas mais uma necessidade militar.

De qualquer forma a consulta a textos antigos chineses facilitou a selecção da planta que continha o princípio activo Artemisinina e a consulta mais profunda dos textos ajudou também na selecção do método de extracção de Artemisinina que deveria ser feito com água à temperatura ambiente, no sentido de pouco quente.

Nos textos que li e uma pessoa chinesa com quem falei transmitiram-me a existência de dúvidas sobre a adequação da atribuição do prémio a uma única pessoa, tratou-se dum trabalho envolvendo muita gente. Contudo, a nobelizada terá a oportunidade de dizer isso mesmo na cerimónia em Estocolmo, vamos ver o que acontece.



(1) Malária: Passado, Presente e (que) Futuro, Alexandra L.A. Esteves (Malária: Passado, Presente e (que) Futuro)

2015-10-13

Manter a calma


Houve alterações inesperadas nas posições tradicionais do PCP e do BE de recusa sistemática de apoio a um governo do PS.

Se bem que fosse prático contar com a permanência dessas tradições, seria uma incompreensível resistência à mudança recusar a análise das potencialidades dessa mudança, por mais inesperada que fosse.

Vejo assim com agrado os esforços de António Costa para encontrar soluções viáveis e adequadas para um governo de Portugal, devidamente apoiadas na Assembleia da República.

Já na viabilidade de soluções concretas não me sinto com capacidade para as avaliar.

É provavelmente por esta minha situação ser frequente entre os eleitores que existe a democracia representativa.

E não acho graça aos argumentos retóricos dos que alegam conhecer o sentido do meu voto.

Para reduzir a tensão deste período agitado, publico esta imagem doutro fim de tarde à beira Tejo, tirada em 2014-08-06.





2015-10-08

Luz de Outubro


Não garanto que esta luz seja de Outubro mas parece. Trata-se de uma obra de dois irmãos russos, Alexey e Sergey Tkachev, artistas que pintavam alguns quadros em conjunto e outros em obra individual.


Um nasceu em 1922 e o outro em 1925, fazem parte do Impressionismo russo que constatei estar pouco  representado na Wikipédia. Encontrei referências às obras deles aqui, aqui e aqui.




2015-10-04

Meditar




Há quase um ano passei em Bruxelas por uma galeria de arte (Alfican), na Place du Grand Sablon, onde decorria a exposição de Halil Faïk anunciada no catálogo que mostro aqui ao lado.

O artista nasceu na Bélgica de pai turco e mãe belga, optou pela nacionalidade belga, licenciou-se em Filosofia, ensinou História da Arte e começou a dedicar-se à pintura e escultura como hobby, informações que reproduzo do seu site.



Eu falo de vez em quando no Nirvana que, tanto quanto entendo corresponde à ausência de desejo, o que me parece pouco entusiasmante se bem que confortável, ao impedir a frustração dos desejos não realizados.

Para atingir o Nirvana uma das vias será através da meditação, em que aparentemente se tenta esvaziar a mente de pensamentos. Parece-me um programa monótono e que tão pouco me entusiasma.



Talvez com o avançar da idade se torne um programa mais atractivo e por isso me pareceu um pouco forçada a juventude da modelo desta estátua.



Fiquei mesmo a pensar que era pouco comum ver mulheres em meditação e ao tentar no Google (meditation statues and sculptures) a esmagadora maioria das imagens que apareceram eram do Buda. Houve porém esta excepção



de uma mulher fazendo meditação mas com roupas ocidentais e um ar moderno, não se tratando portanto de uma representação clássica. Pareceu-me assim que o escultor queria representar uma mulher nua e, na procura de uma posição original, lembrou-se da posição de lótus.

Na exposição havia ainda esta capa de livro


e entre outras este bronze que mostro de frente



e de perfil





2015-10-02

Votar no dia 4 de Outubro


Tenho ouvido e lido tanta gente a dar palpites sobre em quem se deve votar que desta vez não resisti: é um grave erro dizer que todos os políticos são mentirosos. Não são todos mentirosos. Há uns que não mentem há os que mentem apenas em situações muito excepcionais e há os que mentem constantemente como o actual primeiro-ministro.

Gostava que Passos Coelho abandonasse o cargo e considero que António Costa, um político com experiência em cargos governativos que desempenhou com competência, que não tem mentido e que tornou público um programa aceitável (ao contrário do actual governo que fez umas promessas a Bruxelas que não divulgou) merece a oportunidade de corrigir os graves erros cometidos pelo governo actual. Vou votar no PS.

2015-10-01

Rafael Bordalo Pinheiro


Gosto de alguma parte da obra de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), designadamente das representações estilizadas de vegetais.

Gostei particularmente desta cerâmica que comprei



que me fez lembrar os ciprestes do Vincent van Gogh (1853-1890). Ocorreu-me que o Van Gogh seria bastante posterior ao Bordalo embora, pensando melhor, tenha ido verificar as datas de nascimento e morte, constatando que foram contemporâneos. Tenho aliás noutro post uma cronologia de alguns pintores em que constava o Van Gogh mas não o Rafael Bordalo Pinheiro.

É possível que tenha havido influência de um sobre o outro mas inclino-me mais para a influência do "espírito do tempo" comum a ambos.

A certa altura duvidei que a peça fosse mesmo do Bordalo mas consta do catálogo da loja online do Bordalo Pinheiro e chama-se "Travessa Folha 31", o que perdendo em poesia ganha em exactidão.