2015-06-17

Zhou Yongkang, a corrupção, os penteados e os cabelos pintados dos chineses


Esta foto de um membro do PCC (Partido Comunista Chinês) durante um congresso do partido chamou-me a atenção, ainda me interrogo porquê



Tratava-se de uma notícia sobre Zhou Yongkang, importante membro do PCC, antigo chefe dos serviços de informação, que se reformou em Nov/2012 e que estava a ser alvo de uma investigação judicial.

A imagem confirma uma conjectura que eu fizera sobre esta imagem, de que se tratava de uma reunião do PCC



as fardas das assistentes são as mesmas e este cuidado na colocação das chávenas é um indício de que se trata de uma reunião muito importante.

Fiquei na dúvida se o semblante de preocupação/desagrado se deveria à “invasão do seu território” pela assistente ou a motivo de outra natureza. Esta outra foto, em que a mesma assistente continua de forma diligente o seu trabalho



permanecendo Zhou Yongkang com o semblante preocupado leva-me a pensar que é mais provável que a preocupação fosse outra. Interrogo-me então qual o sentido de destacar uma foto com um elemento de distracção, a assistente em equilíbrio quase instável colocando a chávena de chá com a mão esquerda e segurando na direita o bule termos.

Reparo também no formalismo do penteado desta assistente mas também na uniformidade dos penteados de todas elas, como se constata na 2ª foto deste post.

E noutras imagens onde se vêem mais delegados noto que há poucas mulheres sentadas e poucos ou mesmo nenhuns homens a servir chá aos delegados. Também tenho notado em Portugal a ausência de homens a desempenhar a função de assistentes de reuniões.

No Ocidente é costume dizer que na China existe imensa corrupção, como aliás em todos os regimes comunistas. Este género de afirmação acaba por ser um truísmo dado que, como “normalmente” só se considera existir corrupção quando os interesses do Estado são prejudicados, é mais que natural que com este conceito de corrupção em países em que o Estado esteja envolvido em grandes áreas da economia exista mais corrupção. Em países onde a população é prejudicada em proporções semelhantes por actuações de entidades privadas trata-se simplesmente das leis do mercado cujas imperfeições não podem ser completamente eliminadas a não ser, claro está, reduzindo a legislação e os regulamentos à sua expressão mais simples ou mesmo à completa ausência.

Admito que a existência de uma imprensa dita livre poderá minorar os fenómenos de corrupção, quanto mais não seja porque, embora  essa imprensa tenha proprietários com interesses não forçosamente altruístas, os conflitos de interesses entre os vários grupos económicos que disputam o poder e os seus favores levantam por vezes a ponta do véu sobre alguns temas que num sistema mais centralizado como o chinês poderiam nunca ver a luz do dia.

O julgamento concluiu agora, como relatado na BBC onde fui buscar esta imagem de um filme da CCTV (China Central TeleVision), tendo Zhou Yongkang sido condenado a prisão perpétua.



Ao ver esta imagem não deixei de me surpreender com o branqueamento acelerado dos cabelos de Zhou entre 2012 e agora, talvez ainda não tenham passado 3 anos. Da primeira vez que fui a Macau, em 1990, fiquei surpreendido quando me disseram que os chineses mais idosos tinham o hábito de pintar o cabelo para parecerem menos velhos. Nessa altura, no Ocidente, só as mulheres pintavam o cabelo e ainda me lembro duma anedota que se contava nos anos 60 ou 70 de uma senhora perguntar ao médico se pintar o cabelo faria mal aos miolos a quem o médico teria respondido que não pois quem pintava os cabelos não tinha miolos.

Mesmo assim, dizem que os chineses têm muito respeito pela sabedoria que às vezes aparece com a idade, pelo que não faria sentido estarem a dissimular a vantagem de serem idosos. Ou então essa sabedoria será boa para dar conselhos mas já não tão ideal para funções executivas.

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