2015-06-25

Impostos: é impossível aumentá-los em Portugal?



A propósito da recente intervenção do ministro da saúde Paulo Macedo sobre a eventualidade de se precisar de aumentar impostos para fazer face aos aumentos de gastos com o Sistema Nacional de Saúde lembrei-me que em tempos enviei esta tabela


retirada da Eurostat newsrelease 92/2014 - 16 June 2014 para várias pessoas que não me souberam explicar como é que estando nós abaixo da média europeia se diz que não podemos suportar mais impostos.


Confesso que não tenho entusiasmo por aumentos de impostos, falta de entusiasmo que se transforma em grande desaprovação quando vejo o dinheiro dos contribuintes gasto de forma ineficiente (não contribuindo para os objectivos declarados) ou quando gasto em actividades que considero não merecerem esse dinheiro. Contudo estes gastos ineficientes, ou em áreas que considero que não merecem, existem certamente nos outros países.

Assim relembro uma pequena notícia do jornal Expresso publicada em 23-05-2015

 

que deve ter tido origem no documento “Estatísticas das receitas fiscais de 2014 do INE” de onde retirei este gráfico:



Fica então a questão: se a nossa média é inferior à média europeia porque será que não podemos aguentar mais impostos?


3 comentários:

Anónimo disse...

A receita fiscal em % do PIB pode estar abaixo da média e ainda assim o esforço per capita ser maior do que a média. Por exemplo, se a população activa for menor....

Anónimo disse...

Não confundamos receita fiscal com carga fiscal.
A receita é obtida depois de aplicada a carga....
Por exemplo: Mesmo aumento a carga através das taxas de IRS e IVA, se houver mais desemprego e consequentemente menos consumo interno, poderá haver menos receita por via do IRS e do IVA (mesmo com taxas mais elevadas).

Por outro lado, se tratarmos todos os custos com serviços públicos como impostos (taxas moderadoras, educação, etc), certamente nós portugueses temos uma fatia a pagar que no caso de outros países do norte da europa já estão incluídos nos impostos que pagam.

jj.amarante disse...

Caro(s) Anónimo(s) das 14:08 e 14:26, os vossos argumentos equivalem a dizer que estas estatísticas do Eurostat quase não servem para nada pois não representam a totalidade da realidade.

Pela minha parte eu considero que as estatísticas são uma forma muito melhor de observar a realidade do que as impressões que as mais variadas pessoas têm sobre um dado assunto. Por exemplo o esforço per capita poderá ser maior por haver menos populaçaõ activa mas também poderá ser menor se esses poucos forem assistidos por máquinas poderosas que lhes aumentem a produtividade.

As taxas moderadoras não constituem uma parcela importante do financiamento do SNS, destinando-se antes a evitar um uso desadequado dos serviços, caso contrário o actual ministro da saúde referir-se-ia de forma positiva ao modelo de co-pagamento, modalidade que ele, ainda há poucos dias, rejeitou.

Embora os países europeus sejam diferentes, essas diferenças não são suficientes para invalidar uma estatística como a referida no post.